A economia brasileira encolheu no segundo trimestre deste ano, segundo indicam números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (15).
Redação Publicado em 15/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h52
A economia brasileira encolheu no segundo trimestre deste ano, segundo indicam números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (15).
De acordo com a instituição, o chamado Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) registrou uma queda de 0,99% na comparação com os três primeiros meses deste ano. Esse número foi calculado com “ajuste sazonal”, uma “compensação” para comparar períodos diferentes de um ano.
Segundo o Banco Central, essa foi a maior queda do IBC-Br desde o primeiro trimestre de 2016 – quando o indicador registrou um tombo de 1,51% na comparação com os três meses anteriores.
Esse recuo, no segundo trimestre deste ano, aconteceu após uma expansão de 0,20% nos três primeiros meses de 2018 (número revisado) e uma alta de 0,76% no último trimestre de 2017.
O IBC-Br, do Banco Central, é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do PIB, que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números oficiais do PIB do segundo trimestre deste ano serão divulgados no dia 31 de agosto.
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2017, o PIB teve uma alta de 1%, após dois anos consecutivos de retração e, no primeiro trimestre deste ano, avançou 0,4% contra os três meses anteriores.
O cálculo do IBC-Br, porém, é um pouco diferente do usado no PIB. O indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os resultados do IBC-Br nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais divulgados pelo IBGE.
Nesta quarta-feira (15), o BC avaliou que “há que se ter cuidado nas comparações trimestrais do IBC-Br e o PIB”. Segundo a instituição, características conceituais e metodológicas do IBC-Br (entre as quais o processo de dessazonalização) podem ocasionar diferenças temporárias entre a sua evolução e a do PIB, “ensejando cautela em comparações nos horizontes mais curtos”.
“Ressalte-se que, relativamente ao mesmo trimestre de 2017, o IBC-Br elevou-se 0,84% no segundo trimestre desse ano. Essa variação interanual seria consistente com a evolução relativamente estável do PIB na margem, isto é, considerado o PIB do 2º trimestre em relação ao PIB do 1º trimestre, ajustado sazonalmente”, acrescentou o BC.
A “prévia” do PIB do BC registrou contração no segundo trimestre deste ano, período em que aconteceu a greve dos caminhoneiros – no fim de maio e começo do mês de junho – e impactou para baixo o nível de atividade. Analistas ouvidos pelo G1 estimaram impacto do movimento no PIB.
A paralisação da categoria gerou uma crise no abastecimento em todo o país e falta de diversos produtos como, por exemplo, gás de cozinha, combustível nos postos, alimentos nos supermercados e querosene nos aeroportos. O Ministério da Fazenda estimou um efeito de R$ 15,9 bilhões na economia.
Após o movimento, analistas de mercado reduziram sua previsão de crescimento do PIB para todo ano de 2018. Em março deste ano, os economistas dos bancos chegaram a projetar uma alta de 2,9% para este ano. Na semana passada, a estimativa de expansão para 2018 já havia recuado para 1,49%.
Os dados do BC mostram que, somente em junho, o IBC-Br registrou uma alta de 3,29%, contra maio. A comparação também foi feita após ajuste sazonal, considerada mais apropriada por analistas.
Quando a comparação é feita com junho do ano passado (sem ajuste sazonal, pois são períodos iguais), houve um crescimento de 1,82%, de acordo com o Banco Central.
Na parcial deste ano, informou o BC, foi registrada uma expansão de 0,89% no indicador do nível de atividade da economia brasileira (sem ajuste sazonal) e, no acumulado em 12 meses até junho, houve uma expansão de 1,30% (também sem ajuste).
O IBC-Br ajuda o Banco Central na definição dos juros básicos da economia. Atualmente, a taxa Selic está em 6,50% ao ano, na mínima histórica.
Pelo sistema que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas de inflação. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas ficam dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Desse modo, o IPCA, considerado a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 3% e 6%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
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