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Auxílio Brasil: saiba como funciona empréstimo consignado e entenda os riscos

Taxa de juros cavalar pode endividar ainda mais população mais pobre, segundo especialistas

Congresso aprovou nessa terça (12) o adiantamento consignado do Auxílio Brasil - Imagem: Freepik
Congresso aprovou nessa terça (12) o adiantamento consignado do Auxílio Brasil - Imagem: Freepik

João Perossi Publicado em 12/07/2022, às 08h51


O Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira (12) a permissão para que bancos façam empréstimos consignados com o dinheiro do Auxílio BrasilA medida espera agora, aprovação ou veto do Presidente da República, Jair Bolsonaro, que deve decidir sobre o tema até sexta-feira (15).

A medida provisória autoriza que instituições financeiras ofereçam crédito com até 40% do dinheiro do auxílio de 400 reais, oferecido pelo governo às populações mais carentes.

O problema, segundo economistas, é que não há limite para a taxa de juros à esse crédito. O crédito consignado com maiores juros no momento possui uma taxa de 5,7% ao mês.

Em uma simulação divulgada por Eduardo Bueno, em live para o portal ICL, o Banco Pan cobraria uma taxa de 86% ao ano, muito acima do aceitável mesmo sem levar em conta a falta de riscos envolvidos no empréstimo (o dinheiro sairia diretamente do Orçamento Federal) e a população a qual o auxílio é oferecido. 

Com um adiantamento de 2.100 reais para uma única família, o banco faturaria com a taxa exorbitante de juros 1700 reais diretamente dos cofres públicos ao longo de dois anos.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o economista Ricardo Coimbra, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), explicou melhor: "É como se a pessoa antecipasse os recursos, mas durante um bom tempo vai ficar recebendo apenas 240 dos 400 reais".

Mesmo em situações que o adiantamento seja usado para quitar dívidas mais caras, como a do cheque especial, segundo o conselheiro a medida gera mais preocupação do que entusiamo.

"Tende a ser uma medida mais eleitoreira que técnica para solucionar problemas das pessoas que têm situação mais crítica", explicou.

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