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Casos Reais

Vitor Belfort abre o jogo sobre o desaparecimento da irmã; relembre o caso

O desaparecimento de Priscila Belfort ocorreu em 2004

Vitor Belfort abre o jogo sobre o desaparecimento da irmã; relembre o caso - Imagem: Reprodução/Bluesky
Vitor Belfort abre o jogo sobre o desaparecimento da irmã; relembre o caso - Imagem: Reprodução/Bluesky

Manoela Cardozo Publicado em 01/09/2024, às 11h25


Vitor Belfort fez um desabafo emocional sobre o desaparecimento de sua irmã, Priscila Belfort, ocorrido em 2004, e que até hoje permanece sem solução.

Conforme o Metrópoles, o lutador falou abertamente sobre a dor que sua família enfrenta há duas décadas, em entrevista para a ESPN.

"Ontem meus pais enterraram minha irmã. Hoje temos que enterrar minha irmã de novo. É um enterro diário. É assim há 20 anos", relatou Vitor.

A história de Priscila será retratada na série Volta, Priscila, que estreia no Disney+ no próximo dia 25. Belfort também criticou as autoridades pela condução das investigações, apontando falhas que, segundo ele, poderiam ter ajudado a solucionar o caso.

"Autoridades que a gente achava que estavam do nosso lado, podendo solucionar o caso, não fizeram", lamentou.

Ele destacou que, mesmo se houvesse pessoas responsáveis, o crime já estaria prescrito: "Se alguém tem alguma culpa, pode falar. Não vai acontecer nada. O crime está prescrito".

Casado com Joana Prado, ex-Feiticeira do Programa H, Vitor levantou hipóteses sombrias sobre o possível destino de sua irmã, mencionando o tráfico de pessoas, escravidão sexual e até tráfico de órgãos. “Tem coisas por trás de desaparecimentos. Escravos sexuais, tráfico de pessoas, tráfico de órgãos”, sugeriu o atleta.

Ele fez um alerta sobre a gravidade do problema, afirmando que, na sua visão, a indústria do tráfico de pessoas e exploração sexual é uma das que mais cresce no mundo. O lutador também expressou a convicção de que existem pessoas que sabem o que aconteceu com Priscila, mas se recusam a falar.

"Tenho certeza que pelo menos 10, 20 pessoas sabem do caso da minha irmã. E essas 20 pessoas, o inferno espera elas", disse Vitor, visivelmente revoltado com a situação e o silêncio ao redor do caso.

Relembre o caso

Priscila Belfort desapareceu no dia 9 de janeiro de 2004, no Centro do Rio de Janeiro, após sair do trabalho na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer para almoçar. Desde então, seu paradeiro permanece um mistério. A família, especialmente seu irmão Vitor Belfort, lutador de MMA, utilizou sua notoriedade para trazer visibilidade ao caso, mas mesmo com investigações intensas e campanhas de divulgação, nenhuma resposta concreta foi encontrada até hoje.
Naquele dia, Priscila não estava bem de saúde e sua mãe, Jovita, a levou ao trabalho. Quando Priscila não retornou do almoço, iniciou-se uma busca desesperada. Apesar dos esforços da família, amigos e da polícia, não foram encontradas pistas substanciais, e nenhuma exigência de resgate foi feita, o que levou os investigadores a afastar a hipótese de sequestro.
Nos primeiros anos após o desaparecimento, surgiram várias especulações, incluindo a possibilidade de Priscila ter sofrido algum episódio de confusão mental, já que ela foi diagnosticada com depressão e havia tido lapsos de memória no passado. No entanto, a família sempre afirmou que sua condição estava controlada. Outro rumor envolvia o tráfico de drogas, com alegações de que Priscila poderia ter sido sequestrada devido a uma dívida, o que foi prontamente negado pelos parentes.
Em 2007, o caso ganhou nova atenção quando uma mulher chamada Elaine Paiva confessou à polícia ter participado do sequestro e assassinato de Priscila, alegando que o crime foi motivado por uma dívida de R$ 9 mil. Segundo Elaine, o corpo da jovem teria sido esquartejado e queimado. A polícia investigou as alegações e chegou a procurar por restos mortais em um sítio indicado, mas nada foi encontrado, e a falta de provas concretas resultou na libertação dos suspeitos e no arquivamento da denúncia.
Apesar das frustrações ao longo dos anos, a família de Priscila nunca desistiu. Diversas campanhas foram realizadas para tentar encontrar a jovem, incluindo a exibição de seu rosto em outdoors e em embalagens de produtos. Em algumas ocasiões, a família foi chamada para identificar mulheres que poderiam ser Priscila, mas todas as tentativas acabaram sendo falsas esperanças. No entanto, essas buscas ajudaram outras famílias a reencontrarem seus entes queridos desaparecidos.
Jovita Belfort, mãe de Priscila, transformou sua dor em ativismo. Ela liderou movimentos que trouxeram mudanças significativas no tratamento de casos de desaparecimento no Rio de Janeiro. Graças a seus esforços, foi criada, em 2014, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), um marco na estrutura da Polícia Civil para investigar desaparecimentos.
O desaparecimento de Priscila Belfort continua cercado de mistérios e, até hoje, a família espera por respostas.
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