![Segundo a organização, "lado cristão" pesou na decisão de retomar evento que havia sido cancelado após as denúncias de assédio sexual contra o deputado Marco Feliciano (Foto: Reprodução/Facebook)](https://spdiario.com.br/media/uploads/legacy/8/9/8df62a5d64064f2647377fdbeac7f1ecbeb09939.jpg)
A organização de um evento com a participação do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) em Cascavel, no oeste do Paraná, voltou atrás decidiu realizar o encontro após ter anunciado seu cancelamento. A decisão havia sido tomada, conforme explicava o comunicado, em função das denúncias de assédio sexual envolvendo o parlamentar.
Na terça-feira (9), um novo comunicado no perfil da loja de produtos cristãos que organizou o evento informava que a programação seria retomada e realizada no dia inicialmente previsto, na sexta-feira (12). No total, cerca de 800 pessoas assistiram à palestra organizada para a Semana Municipal da Família. A imprensa não foi autorizada a acompanhar o encontro.
Em um vídeo gravado durante o evento, Feliciano citou a reportagem sobre o cancelamento e disse que a reportagem mentiu. O organizador do encontro, pastor Alaor Caciano Freitas, confirmou, no entanto, que o evento havia sido cancelado, e que depois resolveu mantê-lo.
O pastor e dono da Loja Ebenezer, que promoveu o evento em comemoração aos 15 anos do estabelecimento, disse que Feliciano não comentou sobre as denúncias de assédio sexual e agressão pela estudante de direito e militante do PSC Patrícia Lélis.
Denúncia e defesa
A jovem de 22 anos acusa o pastor de abuso sexual e também registrou boletim de ocorrência em São Paulo contra o chefe de gabinete de Feliciano, Talmo Bauer. Segundo ela, Bauer a ameaçou com uma arma para que ela realizasse vídeos nas redes sociais desmentindo o abuso sexual. Feliciano e Bauer negam as acusações.
As denúncias de Patrícia vieram à tona na no dia 2, após serem publicadas pela coluna Esplanada, do UOL. No dia seguinte circularam na internet áudios em que a jovem, de 22 anos, diz ter sido abusada sexualmente pelo deputado.
No dia 6, Marco Feliciano divulgou um vídeo em seu perfil no YouTube no qual diz que a militante do PSC Patrícia Lélis fez uma “falsa comunicação” de crime de assédio sexual contra ele.
![No perfil no Facebook, a loja que vinha organizando o evento com Feliciano comunicou o cancelamento e justificou a decisão (Foto: Reprodução/Facebook)](https://spdiario.com.br/media/uploads/legacy/9/6/da891cc0d954541f6580d1ef4154e74e296057af.jpg)
No boletim de ocorrência registrado por Patrícia, ela relata que se sentiu ameaçada por Talma Bauer, chefe de gabinete de Feliciano. A jovem declarou que, com uma arma na cintura, ele teria dito que se ela não voltasse atrás nas denúncias sobre o deputado Feliciano, poderia ocorrer um “mal maior” com ela. O assessor de Feliciano chegou a ser detido, prestou depoimento à polícia sobre o caso e foi liberado.
Patrícia chegou a gravar vídeos, dias antes de registrar o boletim na delegacia, desmentindo a versão do assédio.
Por ter foro privilegiado, Feliciano não é investigado pela polícia paulista, que apura apenas as acusações da jovem de que foi mantida em cárcere privado por Bauer para que mudasse a versão. Esta hipótese já foi descartada pela polícia. O delegado Luiz Roberto Hellmeister apura se a jornalista cometeu falsa comunicação de crime e extorsão.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que é procuradora especial da Mulher no Senado, protocolou ofício junto ao Ministério Público do Distrito Federal pedindo investigação sobre o deputado pela suposta tentativa de estupro. O PSC também criou uma comissão interna para apurar o caso.