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Inflação controlada nos EUA. Será que foi o Biden?

Joe Biden. - Imagem: Reprodução | Ansa
Joe Biden. - Imagem: Reprodução | Ansa
Dennis Munhoz

por Dennis Munhoz

Publicado em 13/07/2023, às 07h20


Foi divulgado no último dia 12 o índice de preço ao consumidor (que apura a inflação) nos Estados Unidos. A notícia foi muito boa para os norte-americanos. Há exatamente um ano, o índice acumulado de 12 meses era de 9,1%. Agora o mesmo índice caiu drasticamente para 3%, ainda superior ao período pré-pandemia que era de aproximadamente 2% ao ano.

Com esta queda e, caso assim permaneça nos próximos 12 meses, o grande beneficiário será o atual Presidente Biden, que já declarou que irá concorrer à reeleição. Ele tem alardeado a queda da inflação e a retomada do poder de compra da população, mas que realmente é o “pai” desta vitória?

O Federal Reserve (Sistema de Reserva Federal- FED) dos Estados Unidos, equivalente ao Banco Central Do Brasil, é o sistema de bancos centrais composto por conselho e autônomo, cujo Presidente Jerome Powell atuou e atua com máxima rigidez e competência no trabalho diário de combate à inflação. Logicamente que suas posturas não são populares, mesmo porque aumentando significativamente a taxa de juros e atingindo recorde dos últimos 40 anos não agrada a muitos. O FED tem total independência da equipe econômica do governo faz muito tempo e parece que a receita deu certo. Powell que é banqueiro, advogado e político foi indicado por Donald Trump e reconduzido ao cargo pelo atual Presidente Biden. Em todas as declarações sobre o aumento da taxa de juros, sempre foi claro e preciso afirmando que os aumentos continuariam até a inflação voltar ao patamar usual para os padrões estadunidense.

Logicamente que a enorme queda nos índices inflacionários não é exclusivamente relacionada à atuação do FED, mas seria difícil encontrar algo ou alguém com maior participação. A retomada da rede de produção e distribuição mundial ajudou muito a normalização dos preços de produtos e serviços, todavia os países que não fizeram a lição de casa sofreram mais com a inflação.

Vamos recapitular a incorreta política econômica adotada pelo Presidente Biden praticamente desde o início da administração.

O Governo americano emitiu mais de 4 trilhões de dólares para atender aos programas sociais durante a pandemia, o que por si só até seria compreensível, desde que não funcionasse em muitos casos como um incentivo ao ócio. Uma boa parte da força produtiva do País preferiu ficar em casa recebendo o auxílio durante vários meses, mesmo porque a diferença entre o benefício e o salário (caso optasse por trabalhar) seria pequeno. Houve enorme expansão da base monetária (dinheiro em circulação) com a falta de bens e produtos devido a quebra da cadeia produtiva devido a COVID 19. Resultado: Inflação.

No início de 2.022 a dívida pública americana superou os 30 trilhões de dólares, hoje o teto já se aproxima de 31,4 trilhões de dólares. O FED aumentou por 10 vezes consecutivas a taxa de juros, atingindo o recorde de intervalo entre 5,00% e 5,25% ao ano. Vale lembrar que estas taxas oscilaram durante muitos anos entre 0,50% e 1,00% ao ano. Trata-se do maior índice dois últimos 40 anos. Na mais recente reunião do FED não ocorreu a majoração da taxa e, com a divulgação da queda significativa da inflação recentemente divulgada, espera-se a diminuição da taxa de juros.

Mesmo com os seguidos aumentos praticados pelo FED a taxa de desemprego se manteve muito baixa, variando entre 3,2 e 3,7%, praticamente endossando a postura de Powell que não era pressionado pelo índice de desemprego. Levando-se em conta o tamanho da economia e população dos Estados Unidos, muitos especialistas concordam que desemprego até 4,5% é considerado praticamente pleno emprego. Apesar da retração da economia ter ocorrido, foi de forma mais leve e controlada que a esperada, todavia a lição deixada peal inflação não pode ser esquecida. Muitos norte-americanos sofreram e ainda sofrem com a perca do poder aquisitivo, conheceram inimigo forte que nunca tinham se deparado, pelo menos aqueles que tem menos de 60 anos de idade.

Por aqui não se questiona a necessidade da independência e autonomia do FED (equivalente ao Banco Central do Brasil) no que diz respeito ao controle da política monetária e decisão sobre taxa de juros.

O Presidente Biden está enfrentando enorme desgaste e sua popularidade está baixa, quer seja pelas frequentes quedas e falhas de memória, quer seja pela equivocada política econômica adotada e certamente tentará capitalizar para si os louros da vitória sobre a inflação. Será que vai colar? 

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