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Um dilema chamado Tik Tok

Tiktok. - Imagem: Reprodução | Pixabay
Tiktok. - Imagem: Reprodução | Pixabay
Fabio Modena

por Fabio Modena

Publicado em 04/05/2024, às 06h00


Que o mundo atual é tecnológico, isso não temos como negar, mas a tecnologia tem avançado de maneira tão exponencial que vivemos em uma era que nem os redatores de filmes de ficção científica de Hollywood poderiam imaginar. Nossos celulares já são praticamente extensões da nossa mente, e muitas vezes, por meio de complexos algoritmos, conseguem fornecer os conteúdos que queremos, mesmo que sequer estejamos pensando nisso.

A grande maioria das pessoas possuem smartphones, o que significa que temos acesso quase que indiscriminado a uma enxurrada de informações. Hoje, as plataformas digitais oferecem mais e mais serviços, funcionam como redes de conexão; de disparo de conteúdo; viraram fonte de renda; são veículos de notícias informativas e muitas vezes desinformativas; são espaços de debates e até de discussão; criam e destroem personalidades com extrema rapidez.

Para muitos os celulares já poderiam vir acoplados em suas mãos, de tão necessários que se tornaram. As redes sociais são as grandes companheiras e principal fonte de entretenimento. Para aproveitarem ao máximo esse entretenimento, as grandes empresas de tecnologia detentoras de redes sociais, precisam de mais e mais informações e dados, que muitas vezes são pessoais e sensíveis. Em matéria o The Economist afirma “O recurso mais valioso do mundo não é mais o petróleo, mas sim os dados”. Hoje, dado é poder, e, é o principal ativo que as empresas podem ter, custe o que custar para conseguir.

Não podemos esquecer o caso da Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política responsável por "brincar" com dados pessoais de usuários em diversas plataformas digitais, de maneira antiética e indiscriminada, para beneficiar certos partidos e candidatos políticos. O caso foi o estopim para uma grande preocupação a nível global.

A situação é inquietante para os principais governos no mundo. Estamos vendo os EUA atuarem nesta direção com a empresa chinesa ByteDance dona do "Tik Tok". Recentemente o Presidente Biden sancionou uma lei que proibirá o uso dessa plataforma em 7 meses caso a ByteDance não venda a sua operação para alguma empresa norte-americana.

O "Tik Tok" já possui mais de 800 milhões de usuários, nos EUA são 170 milhões, na sua maioria jovens e pequenas empresas. Também é um meio importante para quem quer consumir notícias, estima-se que um terço dos adultos se informam nesta plataforma. Parece uma inofensiva rede social, porém já há alguns anos que sua proprietária é acusada pelo Governo norte-americano de compartilhar dados com o governo chinês.

No passado, o ex-presidente Trump também buscou bloquear o aplicativo, mesmo sem a confirmação do compartilhamento dos dados dos usuários. A iniciativa atual de Biden não busca punir os usuários, caso não ocorra a venda, mas sim os intermediários que disponibilizam o aplicativo, como as lojas de aplicativos e empresas de telecomunicação.

A ByteDance provavelmente vai à justiça defender seus direitos e defender o direito à liberdade de expressão através da 1a Emenda da Constituição. É uma enorme contradição ver a China defendendo a liberdade e os EUA punindo-a.

Com essa atitude nada popular de sua administração, Biden escancara a batalha pela informação e o medo que permeia o mal uso destas plataformas entre as nações. A situação é tão delicada e inesperada que pode custar ao Presidente sua popularidade com a Gen Z e comprometer seu resultado nas urnas.

Certamente, muita "água ainda vai rolar" nessa história, a reflexão que fica é: até onde a segurança pode ir para garantir seus objetivos sem comprometer a liberdade?

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