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COLUNA

Outubro Rosa, hora de conscientização e de cobrança

Adriana Galvão, outubro rosa. - Imagem: Reprodução | Acervo
Adriana Galvão, outubro rosa. - Imagem: Reprodução | Acervo
Adriana Galvão

por Adriana Galvão

Publicado em 04/10/2023, às 06h40


Estamos no Outubro Rosa, mais uma vez engajadas no movimento global para que o câncer de mama seja prevenido como se deve. A luta pelo conhecimento pleno das causas e efeitos da doença, bem como as maneiras de evitá-la, contudo, precisa vir acompanhada da cobrança ao Poder Público por maior alcance e rapidez dos exames e tratamentos no Sistema Único de Saúde.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, ao término de 2023 terão sido registrados 73. 610 casos de câncer de mama no Brasil. Não há regressão em relação a estatísticas passadas.
O tratamento do câncer - não só o de mama - deve ser iniciado em no máximo 60 dias após o diagnóstico na rede pública de saúde. É o que determina a Lei 12.732 / 2012, a chamada “Lei dos 60 Dias”. Já a Lei 13.826 / 2019, a “Lei dos 30 Dias”, diz que, uma vez constatada suspeita de neoplasia maligna, o exame diagnóstico deve ser feito em no máximo 30 dias.
Ocorre que a legislação revela-se inócua quando a estrutura de saúde pública deixa a desejar. De que adianta ordenar a uma instituição que aja mais rápido se ela já trabalha no limite de sua capacidade? Claro está ser urgente ampliar a estrutura de acesso dos pacientes aos serviços públicos de saúde.
Importante ressaltar que o SUS exerce tarefa fundamental e insubstituível, atendendo de fato a maioria da população. Porém, os procedimentos mais complexos estão restritos a algumas “ilhas” de excelência, cujos recursos tecnológicos equiparam-se aos dos melhores centros hospitalares da rede privada. O paciente depende, portanto, daquilo que poderíamos batizar de “sorte regional”, depende de residir próximo a uma dessas “ilhas”. 
É triste verificar que os recursos que abastecem a saúde pública em geral não acompanham o progresso da ciência. No caso do câncer de mama, hoje a medicina pode descobrir o grau de agressividade da doença com testes moleculares e tratá-la com novas drogas e novos procedimentos quimioterápicos, imunoterápicos e hormonioterápicos, mais eficientes e com efeitos colaterais mais amenos. Tudo isso precisa chegar à maioria das pacientes.
Como já se disse e reiterou, a detecção precoce é a chave da cura do câncer de mama. Há que se estimular e facilitar a realização da mamografia periódica - ainda hoje o “exame-ouro” para diagnóstico da doença. Quando uma lesão é encontrada em tamanho menor que 1 centímetro, a mortalidade é reduzida significativamente. A mastectomia - retirada total ou parcial da mama - é indicada para tumores chamados pela oncologia de “localmente avançados” e hoje há técnicas em que se preserva a pele da paciente, de modo a facilitar a reconstrução da mama afetada.
Por outro lado, o sistema de saúde e a sociedade não podem estar alheios às condições psicológicas da mulher mastectomizada, cuja autoestima é afetada, o mesmo acontecendo com aquelas que perdem o cabelo devido ao tratamento. Não são questões menores. É fundamental que se criem e ampliem as redes de apoio a essas mulheres. O Outubro Rosa é o momento propício a isso.
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