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COLUNA

Deputado federal do PT posa para foto ao lado de porta-voz do Hamas

Parlamentar participou de evento pró-Palestina na África do Sul

João Daniel. - Imagem: Reprodução / X (twitter) - @depjoaodanielpt
João Daniel. - Imagem: Reprodução / X (twitter) - @depjoaodanielpt
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 16/05/2024, às 09h19


O deputado federal João Daniel (PT-SE) publicou em suas redes sociais uma foto em que aparece ao lado de porta-voz do Hamas. O registro foi feito durante um evento pró-Palestina em Joanesburgo, na África do Sul, no dia 10 de maio. 

O petista viajou ao país africano para participar da Conferência Global Antiapartheid pela Palestina. Trata-se de um evento organizado pelo Comitê Antiapartheid Sul-Africano. Essa organização foi criada pelo político e líder religioso Frank Chikane, que lutou contra o regime de segregação naquele país.

O material de divulgação da Conferência explica que ela tem como objetivo "criar as bases para uma mobilização mundial que responsabiliza Israel pelos crimes que comete contra o povo palestino". Também afirma "trabalhar para desmontar o apartheid israelense do rio Jordão ao mar Mediterrâneo".

Na fotografia, João Daniel está com Basem Naim, com quem se reuniu. Ele é o principal porta-voz do grupo terrorista que realizou os ataques de 7 de outubro contra Israel, que provocaram a guerra em curso. Naquela ocasião, o saldo do massacre foram mais de 1.200 mortos, incluindo crianças. Como revide, Israel invadiu porções do território de Gaza, afirmando que seu objetivo é acabar com a estrutura do Hamas.

Durante seu discurso na Conferência, João Daniel explicou que representava a bancada do PT na Câmara dos Deputados. "Estamos na luta a nível internacional, e não podemos jamais deixar esse tema da Palestina de fora de qualquer atividade. A luta contra esse massacre, contra esse genocídio cometido por Israel e financiado pelos Estados Unidos, que precisa acabar."

A imprensa que cobriu a Conferência Global Antiapartheid pela Palestina entrevistou Naim. Em entrevista ao um renomado programa da Austrália, o porta-voz negou que os membros do Hamas tenham cometido crimes, negando inclusive os relatos de estupros e mortes de civis de 7 de outubro.

O posicionamento do Partido dos Trabalhadores em favor do Hamas é antigo e amplamente documentado. O grupo armado é classificado como terrorista por países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e também pela União Europeia. O Brasil se nega a fazê-lo.

Basem Naim deu uma declaração, num vídeo publicado em 4 de março, agradecendo ao presidente Lula por seu posicionamento a favor da Palestina. A mensagem referia-se à declaração do petista comparando os civis mortos em Gaza pelo exército de Israel com o Holocausto, que buscou o extermínio dos judeus pelo regime nazista alemão.

O grupo palestino parabenizou, em 7 de outubro de 2023, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por ocasião de sua vitória nas eleições de 2022.

Outro fato marcante é que, há dois anos, quando o Reino Unido declarou o Hamas uma organização terrorista, deputados e membros do alto escalão do PT fizeram uma nota a favor do grupo palestino.

Após os ataques de 7 de outubro, uma nota oficial assinada por Gleisi Hoffman, Presidente do PT, diz que “desde sua fundação, o PT apoia a causa palestina, pela devolução dos territórios ocupados e a sobrevivência digna de seu povo”.

Ao alinhar-se com o Hamas, o PT propositalmente ignora que o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana desde 2005 é Mahmoud Abbas, membro do grupo político laico palestino Fatah, que rivaliza com o Hamas.

Além disso, a Conferência que o deputado petista participou na África do Sul fala sobre estabelecer a Palestina “do rio Jordão ao mar Mediterrâneo". Isso significa, na prática, exterminar o Estado de Israel, que tem essa localização no mapa.

De fato, "Do rio ao mar, a Palestina será livre" é o slogan usado desde 1964 pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que defendia a luta armada e a matança de judeus. Outro fato relevante é que o Hamas publicou, em 1988, a sua Aliança, documento em que defende o assassinato de judeus e a destruição de Israel.

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