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COLUNA

Boulos promete pedir prisão de Pablo Marçal por divulgar laudo supostamente falso de uso de cocaína

Marçal mantém as acusações, mas apagou post em sua rede social

Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB). - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB). - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 06/10/2024, às 06h00


O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, anunciou na noite de sexta-feira, 4 de outubro, que solicitará a prisão de Pablo Marçal (PRTB), também candidato à prefeitura, após Marçal divulgar um laudo médico supostamente falso que afirma que Boulos seria usuário de cocaína. Segundo Boulos, o laudo é falso e cheio de inconsistências. O caso causou controvérsia e promete aquecer ainda mais a disputa eleitoral na capital paulista.

De acordo com Boulos, o documento apresentado por Marçal contém erros evidentes, como a numeração incorreta de seu documento e o nome incorreto da clínica onde o exame teria sido realizado. A clínica mencionada seria a Mais Consultas, em São Paulo, porém, o nome no laudo aparece como "Mais Consulta", no singular, levantando suspeitas de falsificação.

Outro ponto levantado por Boulos diz respeito ao dono da clínica onde o exame teria sido feito, que, segundo ele, é um conhecido apoiador de Pablo Marçal. "O proprietário da clínica do documento que ele publica tem vídeo com Pablo Marçal, é apoiador dele. Ele falsificou um documento com um CRM de um médico que faleceu há dois anos para que ninguém fosse responsabilizado”, afirmou Boulos em suas redes sociais.

O documento divulgado por Marçal traz o nome do médico José Roberto de Souza, registrado sob o CRM 17064-SP. No entanto, uma busca rápida no sistema do Conselho Regional de Medicina de São Paulo revelou que o médico faleceu há dois anos, o que reforça a suspeita de falsificação.

O laudo divulgado por Marçal alega que Boulos teria sofrido um "surto psicótico grave" e que foi submetido a um exame toxicológico, o qual teria detectado 2,825 ng/mg de cocaína em seu sangue. O exame teria sido realizado em 19 de janeiro de 2021. Contudo, Boulos afirma que, na data em questão, estava em um evento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) na Favela do Vietnã, em São Paulo, distribuindo alimentos para famílias carentes. O político ainda compartilhou fotos e vídeos que comprovam sua presença no evento, contradizendo o suposto episódio de internação.

Boulos não é nenhum anjo e representa os interesses da esquerda que está de olhos grandes no governo da cidade mais importante do país e cujos planos não favorecem em nada a nação. Mas obviamente que ele não perderia a oportunidade de, diante das graves acusações, não hesitou em afirmar que pedirá a prisão de Marçal. Para ele, a ação do adversário vai além de uma difamação, sendo uma tentativa criminosa de manipular a opinião pública com documentos forjados, ainda que todos saibam, principalmente o próprio Boulos que o jogo político no país funciona sob regras bastantes controversas.

Pablo Marçal, conhecido por suas palestras motivacionais, retirou o conteúdo de suas redes sociais, embora mantenha as afirmações. A postagem ficou disponível por aproximadamente 1h40min, tempo suficiente para causar grande movimentação entre eleitores e na mídia em geral.

O episódio levanta novamente o debate sobre a importância de se atentar cuidadosamente com as postagens na rede, especialmente em tempos de campanha eleitoral. Com o embate nas redes sociais entre os dois candidatos, a disputa pela Prefeitura de São Paulo manteve-se acirrada, com ambos os lados mobilizando suas bases para sustentar suas versões dos fatos. Enquanto Boulos busca uma reparação judicial e a responsabilização do candidato do PRTB, Marçal segue com suas afirmações do polêmico documento a respeito do candidato do PSOL.

O caso reforça a necessidade de um processo eleitoral limpo e justo, e reacende a discussão sobre os limites da liberdade de expressão (tão importante e que deve ser mantida) e as consequências de divulgar informações falsas (com a devida punição de quem espalhar informações inverídicas). Para muitos, a disputa pela Prefeitura de São Paulo não tem sido apenas uma batalha de propostas, mas também de integridade e transparência. 

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