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Bolsonaro critica Pablo Marçal por tentar usar ato na Paulista como “palanque político”

Bolsonaro critica Pablo Marçal por tentar usar ato na Paulista como “palanque político” - Imagem: Divulgação/ Nahuel Medina/Assessoria de Pablo Marçal
Bolsonaro critica Pablo Marçal por tentar usar ato na Paulista como “palanque político” - Imagem: Divulgação/ Nahuel Medina/Assessoria de Pablo Marçal
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 09/09/2024, às 08h32


No último sábado, 7 de setembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou publicamente Pablo Marçal, candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, após um incidente ocorrido durante um ato pró-Brasil realizado na Avenida Paulista. Segundo Bolsonaro, Marçal tentou se aproveitar do evento para “fazer palanque às custas do trabalho e risco dos outros”, uma atitude que o ex-presidente considerou inadequada e oportunista.

O evento, que reuniu milhares de apoiadores de Bolsonaro na Avenida mais famosa de São Paulo, teve como foco a defesa de pautas conservadoras e críticas ao atual governo e ao Supremo Tribunal Federal (STF), em particular ao ministro Alexandre de Moraes. Em seu discurso, Bolsonaro voltou a defender a anistia para os condenados pelos supostos “atos golpistas” de 8 de janeiro e reforçou suas acusações contra Moraes, a quem chamou de ditador. Após o término oficial do evento, no entanto, o foco das atenções mudou com a chegada inesperada de Marçal.

Segundo relatos, Marçal, que retornava de uma viagem internacional, chegou ao local do ato já após o encerramento do discurso de Bolsonaro. Ao tentar subir no trio elétrico onde o ex-presidente estava, ele foi barrado. Em nota, Bolsonaro explicou que o impedimento ocorreu porque Marçal queria se promover politicamente sem ter contribuído para a organização do evento, o que considerou uma tentativa de explorar o trabalho alheio.

“O único e lamentável incidente ocorreu após o término do meu discurso, com o evento já encerrado, quando então surgiu o candidato Pablo Marçal que queria subir no carro de som e acenar para o público, fazer palanque às custas do trabalho e risco dos outros, e não foi permitido por questões óbvias”, disparou Bolsonaro em sua nota oficial.

A atitude de Bolsonaro gerou repercussão imediata, especialmente entre os apoiadores de Marçal, que se disse surpreso com a situação. Em suas redes sociais, Marçal relatou o ocorrido e acusou os organizadores de tentarem silenciá-lo. “Fui surpreendido com o impedimento do acesso ao caminhão. Essa foi só mais uma manobra frustrada dos desesperados que tentaram me silenciar”, afirmou o candidato à prefeitura em um vídeo publicado em suas contas secundárias nas redes sociais.

Marçal também afirmou que havia sido convidado para participar do evento e que não esperava ser barrado, especialmente por alguém com quem compartilha ideais semelhantes. “Recebi o convite para estar lá e, chegando no local, fui impedido de subir no caminhão. Essa atitude só reforça que o medo e o desespero estão presentes naqueles que tentam impedir que novas vozes se levantem”, declarou.

A tensão entre Bolsonaro e Marçal, que até então eram vistos como aliados em várias questões políticas, parece ter se intensificado nos últimos meses, principalmente em decorrência da disputa pela atenção do eleitorado conservador em São Paulo. Bolsonaro, oficialmente, apoia a reeleição do atual prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), mas Marçal tem buscado atrair os apoiadores do ex-presidente para sua campanha.

O incidente também levanta questões sobre o futuro da direita em São Paulo, especialmente diante das eleições municipais de 2024. Enquanto Bolsonaro segue como uma figura central na política conservadora brasileira, novos nomes, como Pablo Marçal, tentam se firmar e conquistar espaço. A disputa pela liderança desse campo político tem se tornado cada vez mais acirrada, e o episódio do último sábado pode ser um indicativo de que o ex-presidente está disposto a proteger seus aliados mais próximos e a barrar possíveis concorrentes.

Bolsonaro, que recentemente tem evitado grandes confrontos públicos, mostrou que ainda mantém o controle sobre seus eventos e, acima de tudo, sobre quem pode ou não se beneficiar deles. Já Marçal, por outro lado, parece determinado a continuar sua campanha, mesmo que isso signifique enfrentar obstáculos vindos de figuras até então consideradas aliadas.

O desfecho desse embate poderá ter implicações significativas na corrida pela prefeitura de São Paulo. Enquanto Bolsonaro mantém seu apoio a Ricardo Nunes, Marçal se apresenta como uma alternativa para os eleitores que buscam renovação no campo conservador. Com o episódio do último sábado ainda ecoando entre os apoiadores de ambos, resta saber como isso influenciará a dinâmica das campanhas daqui para frente.

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