Uma médica pediu demissão após seu primeiro plantão no Hospital de Campanha do Maracanã por conta da falta de estrutura da unidade para tratar os pacientes
Redação Publicado em 23/05/2020, às 00h00 - Atualizado às 20h35
Uma médica pediu demissão após seu primeiro plantão no Hospital de Campanha do Maracanã por conta da falta de estrutura da unidade para tratar os pacientes diagnosticados com o novo coronavírus .
A anestesista Priscila Eisembert disse ao RJTV que o hospital não tinha exames e medicamentos básicos, como sedativos utilizados para a ventilação dos pacientes. Priscila conta que teve problemas para atender todos os pacientes durante o plantão, justamente porque faltavam os medicamentos necessários para tratá-los.
“Não tinha midezolan e fentamil. São sedativos. O paciente precisa tá acoplado à ventilação mecânica e eles precisam estar bem sedados. Se não a gente não consegue usar o ventilador. Se não estiver sedado, além de ele brigar com o ventilador, a gente não consegue botar os parâmetros ideais no ventilador. E em termos emocionais também é muito ruim porque o paciente acaba tendo consciência. […] E a gente não tinha nenhum betabloqueador, que a medicação que eu precisava fazer pra ele”, disse a anestesista ao RJTV.
Ainda segundo Priscila Eisembert, que trabalha no Sistema Único de Saúde ( SUS ) há 10 anos, não haviam exames laboratoriais no hospital do Maracanã e os pacientes estavam há mais de dois dias sem fazer exame de sangue. Priscila diz que viu duas pessoas com Covid-19 morrerem durante seu plantão e que a falta de insumos pode ter contribuído para a morte desses pacientes.
“Tem muito profissional querendo trabalhar […] mas infelizmente não dá pra ter estômago pra ver essa atrocidade. O médico, infelizmente, não faz milagre. Ele precisa ter o mínimo pra trabalhar. Aquilo é um CTI de fachada. Não tem nem o mínimo de um CTI”, contou a médica.
Ao Globo, a Secretaria Estadual de Saúde reconheceu a falta de medicamentos e disse que vai cobrar providências à Organização Social Iabas, responsável pelo hospital. Organização Social Iabas afirmou que não há falta de remédios.
IG
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