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Guerra na Ucrânia será ‘catastrófica’ para alimentação global, diz gigante dos fertilizantes

A guerra na Ucrânia vai causar um choque "catastrófico" na cadeia de suprimentos e no custo dos alimentos, afirmou Svein Tore Holsether, chefe de uma das

Guerra na Ucrânia será ‘catastrófica’ para alimentação global, diz gigante dos fertilizantes
Guerra na Ucrânia será ‘catastrófica’ para alimentação global, diz gigante dos fertilizantes

Redação Publicado em 07/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 09h42


A guerra na Ucrânia vai causar um choque “catastrófico” na cadeia de suprimentos e no custo dos alimentos, afirmou Svein Tore Holsether, chefe de uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, em entrevista à BBC.

Metade da população mundial obtém seus alimentos graças ao uso de fertilizantes, e se isso for retirado de alguns cultivos, essa produção pode cair até 50%“, afirmou Holsether, da Yara International, empresa com sede na Noruega que opera em mais de 60 países e compra quantias consideráveis de matéria-prima da Rússia. “Para mim, não é uma questão se vamos ou não entrar numa crise global de alimentos, mas quão grande será essa crise.”

Segundo ele, antes mesmo da guerra na Ucrânia o preço de fertilizantes já estava alto por causa do aumento da cotação do gás natural. “Agora o cenário tem mudado a toda hora”, disse Holsether.

“Nós já estávamos em situação difícil antes da guerra, e agora há essa quebra da cadeia de suprimentos, enquanto nos aproximamos do período mais importante da temporada para o hemisfério Norte, que é quando muito fertilizante precisa ser transportado e isso provavelmente será impactado.”

A Rússia e a Ucrânia estão entre os principais produtores mundiais no setor agrícola. A Rússia também produz quantias enormes de nutrientes, como potássio e fosfato, que são ingredientes essenciais para os fertilizantes (utilizados para o crescimento das plantações).

Em meio ao agravamento da guerra, a Rússia recomendou aos produtores locais que suspendessem as exportações de fertilizantes e seus insumos. Ainda não se sabe qual será o impacto no Brasil — antes da deflagração do conflito o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi à Rússia para, entre outros objetivos, garantir o suprimento de fertilizantes.

Vale lembrar que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo (atrás de China, Índia e Estados Unidos) e o maior importador mundial desses insumos. A soja é a principal cultura consumidora de fertilizantes no país. Somada com o milho, a cana-de-açúcar e o algodão, essas quatro culturas absorvem mais de 90% do fertilizante produzido ou importado pelo Brasil, diz a Embrapa.

Em linhas gerais, o Brasil importa 85% dos fertilizantes que utiliza, e a Rússia responde por 23% dessas importações. A eventual falta de potássio é a que mais preocupa o setor e “certamente vai haver desabastecimento mundial” desse nutriente, dizem analistas.

O nitrogênio é obtido a partir do gás natural, combustível do qual a Rússia é o segundo maior produtor do mundo e o maior exportador. O fósforo e o potássio, por outro lado, são produtos minerais, dos quais o país de Vladimir Putin tem minas abundantes.

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G1

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