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Greve geral na Argentina paralisa serviços no país e afeta voos no Brasil

A greve geral que começou à 0h desta segunda-feira (25) na Argentina afeta serviços como transportes, escolas, bancos, coleta de lixo e postos de gasolina no

Greve geral na Argentina paralisa serviços no país e afeta voos no Brasil
Greve geral na Argentina paralisa serviços no país e afeta voos no Brasil

Redação Publicado em 25/06/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h35


Greve causou efeitos para os passageiros de companhias aéreas do Brasil. Há voos cancelados em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília.

A greve geral que começou à 0h desta segunda-feira (25) na Argentina afeta serviços como transportes, escolas, bancos, coleta de lixo e postos de gasolina no país e reflete nos voos que partem do Brasil para lá e vice-versa.

É a 3ª greve geral contra a política econômica do governo de Mauricio Macri. Para o governo, a paralisação é política.

Os organizadores do protesto calculam que pelo menos 1 milhão de trabalhadores devem aderir à greve, convocada pela peronista Confederação Geral do Trabalho (CGT), que agrupa os principais sindicatos da Argentina.

Painel mostra voos para Buenos Aires cancelados no aeroporto de Guarulhos (Foto: Abraão Cruz/TV Globo )

Painel mostra voos para Buenos Aires cancelados no aeroporto de Guarulhos (Foto: Abraão Cruz/TV Globo )

Serviços afetados

Os metrobus das grandes cidades da Argentina (carros especiais para o transporte público urbano) permanecem desertos desde meia-noite e circulam apenas táxis pelas ruas.

Geralmente bastante engarrafadas, as ruas de Buenos Aires tinham trânsito leve nesta segunda-feira, devido à ausência do transporte público.

A circulação de caminhões é quase inexistente. Em Buenos Aires, também não funciona o trem de mercadorias que liga os setores do porto.

Os portos e aeroportos, as estações e linhas de ferrovia, os escritórios, hospitais (exceto urgências) e escolas públicas, serviços de coleta de lixo e postos de gasolina também foram afetados pela greve.

Na região de Rosário, onde se encontra o maior pólo agroexportador da Argentina, os embarques de grãos foram paralisados pela greve de trabalhadores do porto e de funcionários da alfândega.

“Não conseguimos exportar nada. Infelizmente, estará paralisado o dia todo”, disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM).

Embora os mercados financeiros estejam funcionando, espera-se um dia com pouca atividade porque os trabalhadores bancários também aderiram à paralisação.

Voos no Brasil

A greve causou efeitos para os passageiros de companhias aéreas do Brasil. Há voos cancelados em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília.

Movimentação no check-in em Cumbica; diversos voos para a Argentina foram cancelados (Foto: Abraão Cruz/TV Globo )

Movimentação no check-in em Cumbica; diversos voos para a Argentina foram cancelados (Foto: Abraão Cruz/TV Globo )

A Gol informou que todos os voos operados pela companhia de e para a Argentina nesta segunda-feira foram cancelados, e que foram criados novos voos para atender a demanda. A Gol disse ainda que abriu 9 voos extras entre os dias 24 e 26 de junho para acomodar os passageiros.

Os passageiros impactados poderão procurar a companhia para remarcar as viagens, sem a cobrança de taxas e de acordo com a disponibilidade. Ou ainda, solicitar reembolso ou crédito integral de suas passagens, pelos canais de atendimento: site (www.voegol.com.br), aplicativo ou pelo telefone da Central de Atendimento 0300 115 2121 e 0800 704 0465.

A Latam Airlines informa que cancelou todos os voos domésticos e internacionais operados de e para os aeroportos da Argentina.

Todos os passageiros que desejarem, podem optar por uma das seguintes alternativas:

  • Alterações de data /voo (mesma origem-destino): os passageiros que queiram alterar a data/voo sem multas ou diferenças tarifárias (pode ser ida e volta simultaneamente) podem fazê-lo para até 15 dias após a data original;
  • Mudança de rota: uma mudança de rota sem multas, sujeita às diferenças tarifárias aplicáveis;
  • Reembolso: solicitar o reembolso do bilhete não utilizado sem a cobrança de multas.

A companhia recomenda aos passageiros que compraram bilhetes para voar nesta segunda que reprogramem os seus voos antecipadamente. Ou comunicar-se com a central de atendimento da Latam Airlines em 0810-9999-526 (na Argentina), para 4002-5700 (nas capitais brasileiras) ou 0300-570- 5700 (nas demais localidades do Brasil).

A Azul cancelou 6 voos de ou para Buenos Aires. São eles:

  • AD8762 – Belo Horizonte/Buenos Aires (24/6)
  • AD8763 – Buenos Aires/Belo Horizonte (25/6)
  • AD8760 – Belo Horizonte/Buenos Aires (25/6)
  • AD8761 – Buenos Aires/Belo Horizonte (25/6)
  • AD8734- Navegantes/Buenos Aires (25/6)
  • AD8735 – Buenos Aires/Navegantes (25/6)

Os clientes foram acomodados em outros voos da própria empresa. A Azul disse que atenderá os passageiros nos telefones 4003-1118 (capitais e regiões metropolitanas), 0800-887-1118 (demais localidades) e +54 11 5984-5178.

A Aerolíneas Argentinas anunciou que também cancelou todos os seus voos. Os passageiros que desejem reembolso poderão pedir por meio do mesmo canal que utilizaram para a compra. Além disso, os passageiros que preferirem reprogramar seus voos, até dentro dos próximos 15 dias da greve, poderão fazê-lo sem restrições e de acordo com a disponibilidade de lugares.

A companhia sugere realizar as alterações/modificações após esta segunda-feira, já que o atendimento ao cliente durante o dia da greve poderá ser afetado.

A Aerolineas Argentinas, solicita aos passageiros não comparecerem aos aeroportos durante o dia da greve. Em caso de dúvidas a central de atendimento é 0800-761-0254.

Desavenças

O presidente argentino Mauricio Macri durante o G7, no dia 9 de junho; ele enfrenta a 3ª greve geral no país contra sua política econômica (Foto: Yves Herman/Reuters)

O presidente argentino Mauricio Macri durante o G7, no dia 9 de junho; ele enfrenta a 3ª greve geral no país contra sua política econômica (Foto: Yves Herman/Reuters)

O protesto, convocado pela CGT, ganhou o apoio da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e da CTA-autônoma, uma das divisões da CTA.

Embora a convocação da CGT se limite a uma paralisação das atividades, sem manifestações, setores mais radicais anunciaram que pretendem bloquear os acessos à cidade de Buenos Aires com mobilizações.

Os sindicatos desejam o reinício das negociações de ajustes salariais deste ano, para um alinhamento com a projeção de inflação, calculada agora pelo Banco Central em 27%.

As negociações que aconteceram em sua maioria no início do ano utilizaram como referência a meta de inflação anual de 15%.

Para tentar retomar o diálogo com os sindicatos, o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou desejar que as negociações salariais aconteçam livremente.

Esta greve geral na Argentina é a terceira em 15 meses contra o governo de Macri. As outras duas foram convocadas em 6 de abril e 18 de dezembro de 2017.

Crise econômica

Os sindicatos da Argentina se opõem ao acordo firmado pelo governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) devido ao agravamento da situação econômica do país.

“A greve é contra o programa econômico, para que se abandone esta linha de ajuste permanente. O FMI sempre trouxe penúrias aos argentinos”, disse à AFP Juan Carlos Schmid, dirigente da CGT.

Para enfrentar uma corrida cambial que começou no fim de abril e que provocou uma desvalorização da moeda de quase 35% no decorrer do ano, o FMI concedeu à Argentina um crédito de US$ 50 bilhões, o maior já estabelecido pela instituição.

O crédito tem vigência de três anos e, em troca, a Argentina se compromete a reduzir a zero em 2020 seu déficit fiscal, que no ano passado foi de 3,9% do PIB.

Para isso é necessário interromper as obras públicas, reduzir o tamanho do Estado e limitar as transferências às províncias.

Como previsão, o acordo contém uma cláusula que permite ao Estado elevar o gasto em projetos sociais no caso de aumento da pobreza, que em 2017 atingiu 25%.

O desemprego chegou a 9,1% no primeiro trimestre do ano, contra 7,2% no último trimestre de 2017.

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