Fabrício Werdum estreia na PFL aos 43 anos: “Tenho muito para mostrar ainda”

Ex-campeão do UFC, que enfrenta Renan Problema nesta quinta no torneio peso-pesado, explica opção por não renovar com o Ultimate: “Achei legal como me valorizaram e me receberam”

Aos 43 anos, Fabrício Werdum parece um estreante tamanha a animação para seu primeiro compromisso na Professional Fighters League (PFL). O ex-campeão peso-pesado (até 120kg) do UFC – que deixou a organização no ano passado – enfrenta o compatriota Renan “Problema” nesta quinta-feira, pela primeira rodada da temporada regular, que pode terminar em título e prêmio de US$ 1 milhão.

Em conversa exclusiva com o Combate, o lutador gaúcho falou sobre diversos assuntos: a saída do Ultimate; escolha pela PFL; conversa com o Bellator; prêmio milionário; retorno ao Brasil e camp nos EUA; além do primeiro adversário na nova casa.

– Tenho muito para mostrar ainda. É muito difícil parar de fazer o que tu gosta (…). Claro que vou te falar bem sinceramente, o que atrapalhou um pouco meus planos foi aquela suspensão injusta que me deram de dois anos (por doping). Realmente foi injustiça, tenho isso dentro de mim. Tenho certeza de que não tomei nada. Fiquei dois anos parado sem poder trabalhar. Ainda bem que do outro lado consegui (fazer outras coisas), e até o Lyoto Machida se impressionou: “Werdum, quando fui suspenso não fiz nada, não consegui seminário, palestras, presenças”. Se te mostrar a minha agenda, trabalhei muito nesses dois anos que fiquei parado, mas me atrapalhou um pouco meus planos de lutar mais. E agora estou podendo fazer uma coisa que sempre quis, lutar quatro vezes num ano. Nunca lutei quatro vezes no ano – disse o lutador, que precisa fazer quatro lutas para ser campeão em 2021 na PFL.

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A temporada no peso-pesado conta com dez lutadores, que fazem duas lutas lutas cada, e os quatro maiores pontuadores seguem às semifinais. Confira a lista com os dez atletas participantes: Ali Isaev (atual campeão), Fabricio Werdum, Bruno Cappelozza, Ante Delija, Renan “Problema” Ferreira, Denis Goltsov, Hatef Moeil, Brandon Sayles, Mohammed Usman e Muhammed Dereese.

Confira abaixo outros momentos da entrevista com Werdum:

Saída do UFC e acerto com a PFL

– Realmente eu que não quis renovar, o UFC já estava com o contrato me esperando pronto. Fiquei muito tempo no UFC, acho que foram 12 anos. Chegou num momento em que estou numa posição de poder escolher para onde quero ir. Antigamente não, era aquela coisa de que tu quer chegar no UFC, chegar no Strikeforce, Pride, não tem muita opção. Onde te oferecerem uma oportunidade, tu quer agarrar e ir com tudo. Eu estava com essa coisa de sair do UFC pelo fato de poder fazer o meu caminho. Tive várias propostas diferentes, como do Bellator e eventos na Ásia, só que a gente fechou com a PFL. Essa coisa do campeonato eu gosto muito, sempre quis fazer mais lutas durante um ano, por exemplo. Se tu me pergunta: “Werdum, o que tu faria de diferente na tua carreira se pudesse voltar no tempo?” Lutaria mais. E é justamente isso que estou fazendo, vou lutar quatro vezes em pouco tempo na PFL. Acho legal também poder ir avançando pelo seu mérito, não porque você é famoso, que é o que acontece muito em vários eventos (…). Achei legal como me valorizaram e me receberam. O Ray Sefo, como presidente, também é um cara muito legal pelo fato de já ter sido lutador, sabe como um lutador sente e quer ser bem tratado. Toda essa valorização na hora de assinar o contrato, bônus, salário mensal, chamou a atenção. E claro que chamou a atenção o fato de ter um cinturão em jogo e mais esse US$ 1 milhão de dólares.

Vitória na despedida do UFC

– Tinha que ser daquele jeito, me concentrei muito para aquela luta por ser a última. Sair com uma derrota não é legal, porque na hora de negociar com outro evento a bolsa já não é a mesma, já não vão te valorizar tanto como numa vitória do jeito que foi. O (Alexander) Gustafsson não é um lutador qualquer, é um lutador muito bom que no meu ponto de vista já é um peso-pesado. Eu estava com 110kg na luta e ele estava com 109kg. Ele é um pouco mais alto que eu, então me concentrei de um jeito que foi uma das melhores preparações que tive na minha carreira (…). Na minha cabeça estava como se fosse um cinturão, foi um momento muito especial, muito emotivo, cheguei a chorar ali e nem conseguia falar direito e agradecer às pessoas que estavam comigo. Queria sair pela porta da frente e consegui, e do jeito que foi claro que me valorizou.

Fabrício Werdum enfrentará o também brasileiro Fabrício Werdum — Foto: Divulgação

Fórmula da PFL

– Realmente chama bastante a atenção. Acho bem legal porque motiva. Quem não quer ganhar no primeiro round? Às vezes, claro que não dá, mas nunca vi alguém falar: “Essa luta vou ganhar por pontos”. Quero acabar a luta o quanto antes. Claro que esses 6 pontos chamam muita a atenção, mas o que me chamou atenção não foi só isso. É claro que a grana chama, mas também o cinturão, o tratamento, o Ray Sefo ser presidente e ser um ex-lutador… É um conjunto que me chamou atenção no PFL.

Fórmula lembra o jiu-jítsu

– Lembro bastante da época quando competi no jiu-jítsu, sempre foi assim também, tinha que ganhar uma, duas e assim vai avançando (…). Lembrando das antigas, é legal isso de ganhar, merecer e ir para frente. Realmente acredito que as quatro lutas já sejam o campeonato, não estou achando que é a classificatória, já está valendo. Para mim não é a classificação, se tu perder a primeira está desclassificado, já era, não dá para recuperar. Vai ser difícil recuperar, então já é o campeonato (na minha cabeça). Estou bem motivado para isso.

Conversa com Bellator

– O Bellator também chegou a conversar bem, estava muito próximo, mas só não rolou pelo fato de não ter entrado em acordo com o Fedor (Emelianenko). Parece que alguma coisa aconteceu e eles queriam que a primeira luta fosse contra o Fedor. Não queriam que eu lutasse algumas e depois contra o Fedor, queriam que a primeira já fosse contra ele. Por isso então que a gente não fechou um acordo com o Bellator.

Fabrício Werdum soma 24 vitórias, nove derrotas e um empate na carreira no MMA — Foto: Divulgação

US$ 1 milhão não é novidade

– Sim, já ganhei US$ 1 milhão! Às vezes sai na internet o que tu ganhou, mas não sai a realidade total. Tem desconto, paga imposto. Se botar imposto então, Deus o livre (risos).

Adversário Renan “Problema”

– Não o conheço pessoalmente. Não tinha visto ou prestado atenção nele ainda, porque como ele não era do UFC na época, não prestei muita a atenção. Claro que agora a gente está estudando, vendo as lutas. Contratei dois sparrings, um mexicano que está me ajudando aqui, o nome dele é Dante, tem 23 anos e 2.12m de altura, é muito grande e muito pesado, tem 140kg. Pelo peso, de levá-lo, rolar com ele no chão, me ajuda bastante, e pela altura também. Não conheço muito do Renan, mas tinha visto alguma vez, não me era um cara estranho. A gente viu que ele tem uma envergadura muito boa, usa bem a distância, um cara que tem um boxe muito bom também. O chão é bom também, não é um chão horrível. Ele é um cara muito grande, não vejo ele chutando muito também. Reparamos essa coisa da distância, do tamanho, e estamos nos adaptando.

Renan Problema atuou como Werdum em filme

– Achei bem legal, fui informado disso outro dia. Até fui convidado para fazer eu mesmo no filme (“O Faixa Preta”, sobre uma das lendas do jiu-jítsu, Fernando Tererê). Me ligaram: “Werdum, queria fazer uma parceria contigo”. Eles queriam fazer na parceria (de graça), aí falei que não tinha como, estava com várias propostas, comerciais, minha agenda estava meio lotada e não tinha como fazer de graça naquele momento. Já fiz participação num filme do Tirulipa, já fiz parceria com muita gente, mas naquele momento não pude fazer. Mas achei legal que ele fez o papel de Werdum, e espero que ele tenha feito bem (risos). Só que é aquela coisa… Não tem como ser igual (e faz careta do “Vai, Cavalo!”).

Mudança para o Brasil

– Me mudei para o Brasil faz pouco tempo, depois de 12 anos nos EUA. Justamente por ser essa transição de último ano lutando, mas a gente sempre fala isso. Para minha mulher falo há quatro anos que vou parar e estou aí ainda (risos). A gente se mudou, foi uma decisão nossa. É legal os EUA, tudo certinho, mas chega uma hora que você quer voltar para o seu país, e mostrar a cultura para as minhas filhas também. Estamos morando agora em Florianópolis, fui muito bem recebido e tenho várias oportunidades no Brasil. Estou abrindo vários negócios no Brasil, e posso usar o meu nome, a marca que criei todos esses anos.

Camp nos EUA

– Voltamos para o Brasil, ficamos três meses, aconteceu a proposta, fechamos com a PFL e já estou aqui, e fico dois meses e meio até a luta. Volto para o Brasil depois da luta. Fico uma semana com a família, volto e tenho mais cinco semanas para a próxima luta, e vai ser de novo assim: depois da luta, uma semana Brasil e de novo venho. Vou fazer três vezes isso, e da semifinal para a final serão nove semanas, então vou ficar mais semanas no Brasil e venho para a final. Depois vou resolver o que fazer como campeão, vou levar mais um cinturão para o Brasil.

Serviço da transmissão

O Combate transmite o PFL 2021 #3 ao vivo e na íntegra com exclusividade nesta quinta-feira, dia 6, a partir de 18h30 (horário de Brasília). O SporTV 3 e o canal do YouTube do Combate exibem as duas primeiras lutas ao vivo, e o Combate.com acompanha o evento em Tempo Real. Confira o card completo:

PFL 2021 #3
6 de maio de 2021, em Atlantic City (EUA)

CARD PRINCIPAL (22h, horário de Brasília):
Peso-pesado: Fabricio Werdum x Renan Problema
Peso-leve: Kayla Harrison x Mariana Morais
Peso-pesado: Mohammed Usman x Brandon Sayles
Peso-leve: Larissa Pacheco x Julija Pajic

CARD PRELIMINAR (18h30, horário de Brasília):
Peso-pesado: Ante Delija x Bruno Cappelozza
Peso-leve: Cindy Dandois x Kaitlin Young
Peso-leve: Genah Fabian x Laura Sanchez
Peso-pesado: Denis Goltsov x Muhammed Dereese
Peso-leve: Helena Kolesnyk x Taylor Guardado
Peso-meio-médio: Magomed Umalatov x Kyron Bowen

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Fonte: Ge – Globo Esporte.