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Diabetes: grandes atletas olímpicos que têm a doença

Sabia que é possível ter diabetes e ser atleta? Na verdade, a atividade física não só pode ser uma grande aliada do diabético no combate à doença, como também

DIABETES
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Redação Publicado em 26/07/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h04


Sabia que é possível ter diabetes e ser atleta? Na verdade, a atividade física não só pode ser uma grande aliada do diabético no combate à doença, como também não impede que o esportista alcance uma alta performance e até participe de grandes competições, como as Olimpíadas. Os jogadores Washington “Coração Valente” e Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”, além da lenda do Boxe Smokin’ Joe são alguns exemplos de atletas de alto desempenho que convivem ou conviveram com a doença. Os Jogos Olímpicos de Tóquio tiveram sua abertura na sexta-feira (23), após um ano de adiamento por conta da pandemia de Covid-19.

A glicose é o principal combustível energético para nosso organismo, e a doença diabetes mellitus se caracteriza por um distúrbio no metabolismo relacionado a esse tipo de carboidrato. O endocrinologista e do médico esporte Ricardo de Andrade Oliveira afirma que níveis sanguíneos de glicose acima ou abaixo da faixa de normalidade podem prejudicar o desempenho esportivo por alterar a capacidade de utilização dessa fonte de energia. Entretando, para o endócrino, indivíduos com diabetes, independentemente do tipo, podem estar envolvidos em atividade de alta performance. Para isso, um bom controle glicêmico é fundamental.

– A gente viu uma mudança muito grande nos últimos anos. O atleta que já está acostumado a ter suas rotinas de treino vai precisar de alguns hábitos adicionais por conta da diabetes. O controle de consumo de carboidratos, principalmente no que diz respeito à dieta antes, durante e pós-treino. O importante é evitar aumentos grandes de glicemia e quedas abruptas do açúcar no sangue, que é o que chamamos de hipoglicemia – explica.

Como o exercício melhora a glicemia?

  1. Maior consumo de caloria, incluindo o consumo de glicose;
  2. Melhora da resistência insulínica;
  3. Maior consumo periférico de glicose por parte dos músculos.

11 atletas olímpicos que têm diabetes:

1. Kate Hall – Saltadora

Hall é uma estadunidense especializada em salto em distância e arrancada. Diagnosticada com a doença aos 10 anos, ela é diabética tipo 1. O salto em distância recorde de Hall ultrapassou o padrão mínimo dos Jogos Olímpicos do Rio de 2016 estabelecido pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Além disso, ela conquistou a 6ª posição no ranking de salto longo feminino americano em 2015, a 16ª posição mundial em 2016 e a 6ª posição no ranking americano de salto longo – 18ª posição no mundo em 2017.

Kate Hall  — Foto: Getty

Kate Hall — Foto: Getty

2. Leônidas da Silva, o Diamante Negro – Jogador de Futebol

O “Diamante Negro” foi um jogador de futebol brasileiro. Considerado entre os mais importantes da primeira metade do século XX, Leônidas é frequentemente lembrado pela jogada que se tornou sua assinatura, o “gol de bicicleta”. Ainda no final da década de 1930, foi o maior destaque da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1938. Na competição, foi artilheiro e se consagrou como melhor jogador, com oito gols.

Leônidas da Silva foi criado do "gol de bicicleta" — Foto: Revista Tricolor / A Gazeta Esportiva

Leônidas da Silva foi criado do “gol de bicicleta” — Foto: Revista Tricolor / A Gazeta Esportiva

3. Washington Stecanela Cerqueira – Jogador de Futebol

Washington “Coração Valente” é treinador e ex-futebolista brasileiro, que atuava como centroavante. Foi o sétimo maior goleador da história do Campeonato Brasileiro. Estreou na Seleção com 26 anos, em 2001, nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002. Foi ainda titular na Copa das Confederações também em 2001.

Washington "Coração Valente" — Foto: Divulgação

Washington “Coração Valente” — Foto: Divulgação

4. Gary Hall Jr – Nadador, campeão olímpico

Hall é um ex-nadador norte-americano, com cinco medalhas de ouros em Jogos Olímpicos. Considerado um dos grandes velocistas da história da natação, possui uma história familiar de atletas olímpicos. Seu pai, Gary Hall, também competiu em três Olimpíadas como nadador (1968, 1972 e 1976). Seu tio materno, Charles Keating III nadou nas Olimpíadas de 1976, e seu avô materno, Charles Keating Jr., foi campeão nacional de natação na década de 1940.

Nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, ganhou a medalha de ouro nos 50m livres, empatado com seu colega americano Anthony Ervin, e ganhou o ouro e prata nos revezamentos, fora o bronze dos 100m. Na Olimpíada em Atenas de 2004, ganhou novamente o ouro nos 50m livres. Aos 29 anos, se tornou o mais velho nadador olímpico masculino americano desde 1924, quando Duke Kahanamoku competiu. Além disso, seu nome esteve envolvido com polêmicas. Em 1998, Hall foi suspenso pela Federação Internacional de Natação por uso de maconha.

Anthony Ervin e Gary Hall Jr em Sidney, em 2000 — Foto: Getty Images

Anthony Ervin e Gary Hall Jr em Sidney, em 2000 — Foto: Getty Images

5. Chris Dudley – Jogador de basquete

Christen Guilford Dudley é um ex-jogador profissional de basquete nos EUA. Dudley jogou 886 jogos em 16 temporadas na NBA. Era conhecido pela sua habilidade defensiva, como rebote e bloqueador de chutes. Em sua segunda temporada com os Knicks, jogou nas finais da NBA de 1999.

Chris Dudley  — Foto: Getty

Chris Dudley — Foto: Getty

6. Arthur Ashe – Tenista vencedor de Wimbledon

Arthur Robert Ashe Jr. foi um tenista norte-americano. Encerrou a carreira em 1980. Oito anos depois, descobriu que havia contraído o vírus da AIDS, durante uma das transfusões de sangue que precisou fazer em decorrência de duas cirurgias no coração. Em seguida, dedicou o restante de sua vida a orientar as pessoas sobre o HIV e a fomentar pesquisas em busca da cura. O principal estádio de torneios do Aberto dos Estados Unidos é denominado Estádio de Arthur Ashe em sua homenagem.

Arthur Ashe Wimbledon — Foto: AP Imagens

Arthur Ashe Wimbledon — Foto: AP Imagens

7. Joe Frazier – Boxeador campeão do mundo

Conhecido como Smokin’ Joe (1944), Joe Frazier foi campeão mundial de boxe na categoria de pesos-pesados. O norte-americano conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio de 1964. Sua carreira estendeu-se pelas décadas de 1960 e 1970, e sua fama veio com os combates que disputou com Muhammad Ali e George Foreman.

Joe Frazier boxe 2009 — Foto: Al Bello / Getty Images / AFP

Joe Frazier boxe 2009 — Foto: Al Bello / Getty Images / AFP

8. Sean Busby – Campeão de snowboard

Sean Busby é campeão de snowboard. Com diabetes tipo 1, o norte-americano fundou a Riding On Insulin, organização sem fins lucrativos que homenagea todas as crianças que o inspiraram a continuar vivendo. Em fevereiro de 2014, Sean se tornou a primeira pessoa com diabetes tipo 1 (T1D) a praticar snowboard em regiões remotas em todos os sete continentes aos 29 anos.

9. Adam Morrison – Jogador de basquete

Adam John Morrison é um ex-jogador de basquetebol profissional norte-americano que jogou pelo Charlotte Bobcats e Los Angeles Lakers na NBA. Em duas temporadas pelos Lakers, ele participou de 39 jogos. Foi lá que conquistou seu primeiro título da NBA em 2009, e o segundo em 2010.

Adam Morrison — Foto: Por Bobik em Wikipédia

Adam Morrison — Foto: Por Bobik em Wikipédia

10. Steve Redgrave – Campeão olímpico de canoagem

Steve é um ex-remador e campeão olímpico britânico que conquistou cinco medalhas de ouro em cinco edições consecutivas dos Jogos Olímpicos, de Los Angeles 1984 a Sydney 2000. É um dos quatro atletas olímpicos que conquistaram medalhas olímpicas em cinco edições consecutivas dos Jogos, classificando-o como maior atleta olímpico do Reino Unido.

Steve Redgrave, remador — Foto: Reprodução/SporTV

Steve Redgrave, remador — Foto: Reprodução/SporTV

11. Ham Richardson – tenista

Hamilton Farrar Richardson foi um jogador de tênis norte-americano, ativo nas décadas de 1950 e 1960. Ganhou dois títulos de duplas, em 1950 com George Richards, e em 1953 com Trabert. Jogou em sete times da Copa Davis dos EUA, incluindo os times vencedores da Copa de 1954 e 1958. Teve 20 vitórias e duas derrotas. Morreu em 2006 por complicações relacionadas à diabetes.

Ham Richardson — Foto: By Harry Pot

Ham Richardson — Foto: By Harry Pot

Diabéticos podem praticar atividade física?

A angiologista Adriana Rodrigues Vasconcelos, vice-diretora de eventos da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio (SBACV-RJ), reforça que o exercício físico pode, inclusive, ser benéfico para pessoas que possuem diabetes.

– A diabetes, em geral, está associada à resistência periférica a insulina. Nesse caso, o indivíduo tem um nível adequado de hormônio, mas não consegue utilizá-lo. A atividade física melhora esse controle e baixa os índices glicêmicos. Ela fica, então, mais disponível – afirma.

Segundo a especialista, é comum crianças diabéticas começarem a fazer exercício como forma de tratamento e acabarem seguindo carreira como atletas. A atividade física é importante porque, de acordo com a médica, vai conseguir controlar os níveis glicêmicos, especialmente quando a dieta desse indivíduo for inadequada.

Por outro lado, o endócrino destaca que existem situações excepcionais, como pacientes com doença da retina avançada ou neuropatia diabética avançada, bem como aqueles que fazem uso de medicamentos capazes de aumentar o risco de hipoglicemia. É o caso de quem precisa aplicar insulina.

– Portanto, os pacientes com diabetes que fazem uso de insulina, como quem tem diabetes tipo um, também podem e devem fazer esportes, desde que tenham uma orientação um pouco mais especializada em termos do que comer antes, durante e depois, visando se prevenir em relação à hipoglicemia – esclarece.

Fontes: Adriana Rodrigues Vasconcelos: Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), residência médica na Clínica Médica no HUCFF/ UFRJ. Especialista em Angiologia pelo HUPE/ UERJ, dedica-se principalmente aos cuidados do Pé Diabético e diagnóstico através da Ecografia Vascular. Médica angiologista concursada da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. E vice-diretora de eventos da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascula do Rio (SBACV-RJ)

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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