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Como o McDonald’s está lucrando com o comércio legal de maconha nos EUA

Fome. Muita fome. É o que sentem, normalmente, os usuários de maconha depois de consumir a erva.Nos EUA, as redes de fast food estão se beneficiando

Como o McDonald’s está lucrando com o comércio legal de maconha nos EUA
Como o McDonald’s está lucrando com o comércio legal de maconha nos EUA

Redação Publicado em 06/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h08


Fome. Muita fome. É o que sentem, normalmente, os usuários de maconha depois de consumir a erva.Nos EUA, as redes de fast food estão se beneficiando diretamente da venda e o uso legal de maconha, permitido em vários Estados.

Um estudo do portal de notícias financeiras Green Market Report e da consultoria Consumer Research About Cannabis mostra que 43% dos entrevistados que declaram fumar maconha escolheram o Mc Donald’s como primeira opção para comer nas últimas quatro semanas.

A pesquisa foi realizada com 27 mil pessoas em 25 Estados americanos. Estima-se que 4,7 milhões de usuários, o equivalente a 8,5% da população americana, comprem cannabis de forma legal nos Estados Unidos.

Mas por que o McDonald’s?

Não é, necessariamente, pela qualidade da comida da lanchonete tampouco pela oferta de produtos específicos para esse público.

Questionado sobre o que explica o fato de o McDonalds liderar a lista de restaurantes favoritos dos usuários da erva, Jeffrey Stein, vice-presidente da Consumer Research About Cannabis, salienta a capilaridade e fácil acesso às lojas da rede.

“Simplesmente pelo tamanho (da rede) e pela quantidade de lojas, especialmente nos Estados onde a venda de maconha é legal tanto para uso recreativo quanto medicinal”, disse Stein em entrevista à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. “Não podemos esquecer que, além dos lugares onde o consumo é permitido, a erva também é usada em outros locais”, observou.

A pesquisa é parte de uma série chamada “Cannabis Freakonomics”, que traz diferentes dados coletados pela Consumer Research Around Cannabis, especialista em dados relativos à erva.

A pesquisa indica uma preferência por comida barata e serviço rápido. “Os dados revelam uma tonelada de achados interessantes que gostaríamos de dividir com a indústria”, afirmou Stein na página do portal Green Market Report.

Os restaurantes preferidos dos usuários de maconha, conforme indicou a pesquisa, são todos das grandes redes de fast food. Apesar disso, Stein diz que há espaço para disputar esse mercado gastronômico se as empresas analisarem interesses, salários, educação e hábitos de consumo dos potenciais clientes.

Debra Borchardt, cofundadora e diretora executiva do Green Market Report, afirma que empresas como a Taco Bell, inspirada na culinária mexicana, poderiam facilmente cativar esse público.

“Hoje essas redes estão relutantes em se dedicar abertamente ao segmento, mas espero que essas reservas diminuam à medida que o mercado continue a amadurecer”, avalia Borchardt.

Ela avalia que se o comércio de maconha for legalizado em nível federal nos EUA, outras redes de comida vão se lançar em busca desses consumidores. E aposta ainda que a tendência crescente de consumo de alimentos saudáveis pode ser um diferencial aos que vão disputar esse mercado.

Além disso, o consumidor de maconha tende a ser um cliente bastante leal, assegura Borchardt.

O apetite voraz, também conhecido como “larica”, do usuário da erva também tem sido objeto de múltiplas pesquisas.

Há cientistas que dizem que o princípio ativo da maconha, o THC (tetrahidrocarbinol), intervém nos receptores do lóbulo olfatório no cérebro, aumentando significativamente a habilidade de sentir cheiro de alimentos e, consequentemente, a vontade de comer.

Por outro lado, há pesquisadores argumentando que a maconha engana o sistema central do cérebro, fazendo com que neurônios encarregados de inibir o apetite desencadeiem um efeito contrário.

Nos Estados Unidos, sete Estados já legalizaram o consumo recreativo de maconha para adultos, e outros 32 aprovaram o uso medicinal da erva.

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