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Comércio eletrônico projeta participação recorde nas vendas do varejo com Black Friday, apesar de crescimento menor

Após o salto histórico registrado no ano passado, as vendas pela internet continuam ganhando espaço no varejo nacional – e, mesmo em meio a um cenário de

Comércio eletrônico projeta participação recorde nas vendas do varejo com Black Friday, apesar de crescimento menor
Comércio eletrônico projeta participação recorde nas vendas do varejo com Black Friday, apesar de crescimento menor

Redação Publicado em 06/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h23


Segundo Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), vendas online correspondem atualmente a 11,2% do setor varejista e expectativa é que atinjam 18,7% em novembro. Consumidor, porém, está mais cauteloso e deve gastar menos neste ano no evento de ofertas marcado para o dia 26.

Após o salto histórico registrado no ano passado, as vendas pela internet continuam ganhando espaço no varejo nacional – e, mesmo em meio a um cenário de disparada da inflação e de maior cautela dos consumidores, o comércio eletrônico projeta alcançar uma nova participação recorde nas vendas totais das lojas brasileiras neste mês de Black Friday.

De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas online já correspondem a mais de 11% do setor varejista no país e a projeção é que a participação atingirá em novembro a marca recorde de 18,7% das vendas totais do comércio no Brasil.

O recorde anterior foi registrado em novembro do ano passado, quando a taxa chegou a 14,4%, com o impacto da Black Friday e da segunda onda do coronavírus que impôs restrições de funcionamento às lojas físicas, forçando uma maior digitalização das empresas e atraindo também milhões de novos compradores online. Antes da chegada da pandemia de Covid-19, a participação do e-commerce brasileiro no varejo nunca tinha passado dos 10%.

Confirmada as expectativas, a participação do comércio eletrônico no varejo brasileiro deverá passar de uma média anual de 9,6% em 2020 para 11,6% em 2021. A ABComm projeta um crescimento de 18,5% no faturamento anual do segmento em 2021, após salto de 68% em 2020.

Participação do comércio eletrônico nas vendas totais — Foto: Economia g1

Participação do comércio eletrônico nas vendas totais — Foto: Economia g1

Mesmo com a maior movimentação de pessoas nas cidades e fim das restrições para o comércio físico, os representantes do setor avaliam que o comércio eletrônico registrará novo recorde nesta Black Friday, favorecido tanto pelo aumento do número de lojas virtuais como também pela contínua entrada de novos consumidores.

Neste ano, a data tradicional de ofertas do varejo acontece no dia 26 de novembro.

“A Black Friday 2021 será melhor que a do ano passado porque temos um número maior de lojas disponíveis para a venda online e também uma entrada de consumidores que com a pandemia não tinham como consumir no comércio tradicional, partiram para a internet e tiveram uma boa experiência, e até obrigatória”, afirma Rodrigo Bandeira, vice-presidente da ABComm.

A associação estima que mais de 20 milhões de consumidores realizaram pela primeira vez uma compra pela internet após a pandemia e que mais de 160 mil lojas lojas virtuais foram criadas desde 2020 no país.

Inflação nas alturas e dólar caro limitam consumo

A ABComm projeta um crescimento de 25% no faturamento do comércio eletrônico nesta edição da Black Friday, no comparativo com o ano passado. Em 2020, as vendas da Black Friday somaram R$ 5,1 bilhões, valor 31% maior do que o de 2019, segundo dados da NeoTrust/Compre&Confie.

Em meio à inflação nas alturas, dólar acima de R$ 5,50 e desemprego ainda elevado, a avaliação é que o brasileiro irá gastar menos neste ano na Black Friday. A associação projeta um valor médio de R$ 620 por brasileiro, abaixo do tíquete médio de R$ 668,70 de 2020.

Para o resultado do comércio eletrônico no consolidado de 2021, a ABComm continua prevendo uma taxa de crescimento novamente de dois dígitos (18,5%), embora menor do que a projetada no início do ano, de 34%.

“Houve uma reversão de expectativa. A estimativa no início do ano era mais otimista”, explica Bandeira, citando os impactos da alta do dólar e da gasolina nos custos do frete, no planejamento dos estoques e nas vendas do setor. “A questão dos combustíveis vem impactando o frete e a logística é ainda algo que encarece demais os custos de uma loja e que freia a expansão do setor”.

Levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base nos dados da Receita Federal sobre notas fiscais eletrônicas, aponta que o faturamento real do e-commerce avançou 47% no 1º semestre na comparação anual. A entidade avalia, porém, que o crescimento irá desacelerar para uma taxa mais próxima de 30% no 2º semestre.

“As barreiras ao consumo presencial estão sendo retiradas gradativamente e isso tira um pouco do ritmo do varejo online. Mas também não podemos ignorar o fato que em um ambiente de inflação com taxa de 10% e juros em elevação, a tendência é o varejo online ter uma dificuldade um pouco maior de sustentar o ritmo que tinha até então”, afirma o economista da CNC, Fabio Bentes.

Ele lembra que a taxa de câmbio também encarece preços de bens de consumo duráveis, como eletrônicos e eletrodomésticos, que costuma liderar as vendas as vendas pela internet.

Em relatório publicado nesta semana, a XP avaliou que “fortes aumentos de preço são um desafio para grandes descontos na Black Friday e a indústria não parece querer dividir a conta” em razão do desbalanceamento da cadeia, cenário competitivo bastante acirrado e deterioração do cenário econômico.

Natal da lembrancinha

Levantamento do Ebit/Nielsen mostra que o percentual de consumidores online que pretendem fazer compras pela internet na Black Friday caiu de 91% em 2020 para 89% em 2021.

Outra pesquisa encomendada pelo Google com a consultoria Ipsos também indica um consumo mais comedido neste ano. Segundo o levantamento realizado em setembro, 64% dos brasileiros têm intenção de comprar durante a Black Friday. A sondagem identificou dois perfis distintos: um mais cauteloso, representando 44%, e um mais aberto, com 56%.

Entre os 44% mais cautelosos, 25% afirmaram estar economizando para necessidades futuras e 19% só pretendem comprar se encontrarem um ótimo desconto. Dos 56% que declararam estar mais abertos para a Black Friday, 37% disseram estar economizando para comprar com desconto, 13% pretendem comprar muitas coisas por não terem comprado no ano passado, e só 6% disseram querer aproveitar para comprar mais presentes.

A avaliação do setor é que o Natal deste ano voltará a ser presencial para muitas famílias, mas com troca de lembrancinhas no lugar de presentes em muitos casos, uma vez que a renda do brasileiro está sendo corroída pela inflação. Dados do IBGE mostram que o rendimento médio real do trabalhador caiu 10,2% em 1 ano.

“Todos nós desejamos que este ano seja um Natal presencial e isso estimula a aquisição de presentes. Mas é claro que a crise impacta e o que até então era um presente pode vir a ser uma lembrancinha”, diz Bandeira.

O dirigente da ABComm avalia, porém, que diferentemente de anos anteriores, deverá crescer o volume de compras de Natal durante o mês de dezembro, incluindo até mesmo pedidos de última hora, em meio à disputa das grandes varejistas por prazos menores de entrega.

“As entregas ficaram muito mais rápidas. O consumidor já se adaptou a receber dentro da necessidade de urgência que ele precisa. Ele sabe que pode avançar até certas datas mais próximas para adquirir um produto pela internet, que ele receberá”, afirma.

A inflação persistente, a crise hídrica, o desemprego ainda elevado e as elevadas incertezas fiscais e politicas às vésperas do ano eleitoral de 2022 têm piorado as perspectivas para a economia brasileira. O mercado financeiro tem revisado para baixo as projeções de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e elevado as estimativas para a inflação e para a taxa básica de juros (Selic). A projeção atual para o resultado do PIB de 2021 é de uma alta de 4,94%, após um tombo de 4,1% no ano passado. Para 2022, o mercado baixou a previsão de crescimento para 1,20%.

Após dados decepcionantes do desempenho do comércio nos últimos meses, a CNC reduziu a expectativa de crescimento do setor varejista brasileiro em 2021, de 4,9% para 4,6%.

Itens mais procurados

Veja abaixo as 10 categorias com maior intenção de compra na Black Friday, segundo pesquisa Google/Ipsos:

  1. Vestuário (62%)
  2. Celulares (40%)
  3. Livros e Papelaria (38%)
  4. Calçados (33%)
  5. Cuidado pessoal (27%)
  6. Computadores (26%)
  7. Comidas (23%)
  8. Móveis (19%)
  9. Eletroportáteis (17%)
  10. TVs (16%)

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G1

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