Diário de São Paulo
Siga-nos

Bruna Linzmeyer revela que perdeu contratos por se assumir lésbica

Ela poderia esconder o amor pela namorada. Ou guardar para si as opiniões contundentes, o feminismo aguerrido, os posicionamentos políticos. Um dos maiores

Bruna Linzmeyer revela que perdeu contratos por se assumir lésbica
Bruna Linzmeyer revela que perdeu contratos por se assumir lésbica

Redação Publicado em 02/01/2019, às 00h00 - Atualizado às 10h59


Ela poderia esconder o amor pela namorada. Ou guardar para si as opiniões contundentes, o feminismo aguerrido, os posicionamentos políticos. Um dos maiores nomes da nova geração de atrizes da Globo, Bruna Linzmeyer representa o que desejamos para as mulheres em 2019: liberdade, autoconfiança e poder. No ar como Lourdes Maria, em “O Sétimo Guardião” (sua nona novela), e com dois filmes previstos para este ano, a atriz de 26 anos fala sobre ativismo, o fato de ser lésbica, e faz uma provocação para que os homens reflitam sobre seus privilégios

Na noite anterior ao nosso encontro, Bruna Linzmeyer havia sonhado com a filósofa e ativista Djamila Ribeiro. “A gente se encontrava, bebia e conversava até perder a hora. É sempre assim com ela, os assuntos vão longe”, conta com entusiasmo. Há cerca de dois anos, Djamila – que também é colunista desta revista – se tornou figura frequente na rotina da atriz graças ao grupo de estudos feministas, que nasceu depois do episódio de assédio denunciado pela figurinista Su Tonani contra o ator José Mayer. “Entendemos que nos unir era tão importante quanto a denúncia da própria Su no jornal. Mulheres devem se amparar e conversar sobre o que atravessa suas vivências. É uma forma de nos fortalecer.”

Pois desde então isso é grande parte do que Bruna tem feito: ouvir e falar com mulheres sobre mulheres. É verdade que sua carreira vai de vento em popa e que ela nunca trabalhou tanto, e tão bem, como agora – só em 2018 foram dois filmes e uma novela; para 2019 já estão programados dois longas e dois curtas-metragens. Mas é também verdade que o lugar público que ocupa ganhou um tamanho e uma força nunca imaginados por ela. Bruna é hoje a referência de mulher lésbica que lhe faltou quando menina. E sabe o valor disso: “Já ouvi de garotas que conseguiram conversar sobre suas sexualidades com os pais e contar que gostam de outras garotas a partir de uma declaração que fiz”.

Por isso mesmo, Bruna não abre mão de viver seus afetos à luz do sol. O namoro com a artista plástica Priscila Visman é assim desde que começou, em 2016. “Não vou deixar de beijar minha namorada em público porque alguém poderia bater uma foto e isso virar notícia. Nunca foi uma opção me esconder”, diz ela. “Claro que perdi contratos por me assumir lésbica. E claro que fiquei assustada, principalmente porque tinha um apartamento para pagar e meus pais não são ricos, pelo contrário. Mas não tive muita escolha. Ou me assumia e vivia a minha vida, ou tinha um câncer, tinha depressão. Adoecia. A minha sorte é que, por outro lado, me posicionar aproximou de mim marcas que pensam como eu, que acreditam que o exercício da liberdade é valioso.” O mesmo vale para as axilas não depiladas e não escondidas na capa desta edição. “Se não falamos sobre elas, não viram uma questão a ser debatida. É aí que quero chegar. Me depilei durante muito tempo. Ter pelos já foi estranho para mim. Hoje, acho estranho uma mulher não os ter. E mais: acho sexy quando uma mulher tem e acho sexy em mim.”

Bruna Linzmeyer - Regata Michael Kors. Brincos Arqvo (usados em todas as fotos) (Foto: Bruna Castanhera (GROUPART))

Bruna Linzmeyer: “Acho sexy os meus pelos e o de outras mulheres”  (Foto: Bruna Castanheira)

Compartilhe  

últimas notícias