Após polêmica, redação do Enem tem tema inusitado

Formação educacional de surdos no Brasil foi o assunto proposto na prova aplicada a 6,7 milhões de alunos

Depois da polêmica em torno da intenção do governo em dar nota zero para redações consideradas ofensivas aos direitos humanos, o tema deste ano no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) surpreendeu professores que trabalharam na preparação dos alunos.

Na prova, aplicada a mais de 6,7 milhões de alunos, os candidatos tiveram que falar sobre os desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.

O professor de redação Márcio Calixto, da escola Dínamis, do Rio de Janeiro, disse que esse não era um tema esperado: “Apesar de muito ter se falado sobre inclusão, mas principalmente dos portadores de necessidades especiais de uma maneira ampla, não dos surdos de forma específica. Não é um tema tranquilo de ser escrito, o aluno teve que se dedicar para poder encontrar os argumentos”.

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Já a coordenadora de Redação do Colégio Sigma, de Brasília, Carolina Darolt, disse que a preparação dos alunos não envolveu essa questão específica. “Ninguém foi tão a fundo assim, abordando uma questão tão específica. Nós falamos sobre questões de minorias, de educação de maneira geral, sobre as deficiências”, contou.

O tema da redação deste ano segue a tendência das últimas edições do Enem, que costuma abordar questões sociais. No ano passado, o assunto escolhido foi ‘Caminhos para Combater a Intolerância Religiosa no Brasil’. Violência contra a mulher, publicidade infantil, Lei Seca e movimento imigratório também foram abordados nos últimos anos. Em São Paulo, o dia de provas ocorreu sem grandes incidentes. Apenas alguns atrasados que perderam o horário de entrada e acabaram chegando depois de 13h. O estado teve o maior número de inscritos, cerca de 1,1 milhão, distribuídos em 209 municípios. O número caiu em relação a 2016, que teve 1,4 milhão.