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Conflito no Oriente Médio: Israel ataca alvos no Irã em resposta a escalada de conflitos na região

Israel ataca alvos no Irã em resposta a escalada de conflitos na região - Imagem: Reprodução / X @KCMagazine

Agenor Duque Publicado em 26/10/2024, às 09h50

Na noite de sexta-feira (25), Israel realizou ataques direcionados contra alvos militares no Irã, em resposta a recentes ofensivas iranianas contra o território israelense. O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Daniel Hagari, anunciou em vídeo que a ação era necessária para garantir a segurança do país e de seu povo. A operação foi realizada em meio a um clima de extrema tensão na região, onde, desde o início do mês, os países enfrentam uma escalada de confrontos e ataques aéreos.

O conflito teve um ponto de partida notório em 7 de outubro de 2023, quando o grupo terrorista Hamas atacou covardemente civis que participavam de uma festa na região de Gaza, assassinando aproximadamente 1.200 pessoas e sequestrando outras cerca de 250. Desde então, Israel tem exercido seu direito de resposta com bombardeios e operações terrestres na Faixa de Gaza

As forças israelenses também mantêm uma ofensiva no Líbano contra o Hezbollah, grupo terrorista apoiado pelo Irã. Em um comunicado, o exército israelense reforçou que "qualquer país soberano tem o direito e o dever de responder a ameaças de seus inimigos", e reiterou a intenção de “fazer o necessário” para defender o Estado de Israel.

A recente ofensiva contra o Irã é vista por analistas como uma medida já esperada, tendo em vista os crescentes ataques mútuos entre ambos os países. Jeremy Bowen, editor de assuntos internacionais da BBC, afirma que “os ataques israelenses eram esperados” e que o presidente dos EUA, Joe Biden, aconselhou Israel a limitar as ações a alvos militares, evitando instalações nucleares, petrolíferas e de gás iranianas, na tentativa de evitar uma escalada ainda maior. Essa postura se alinha ao receio global de que o confronto entre Irã e Israel possa desencadear uma reação em cadeia na região, agravando as tensões em países vizinhos e arriscando uma nova onda de instabilidade.

Para Bowen, a natureza do conflito e o sentimento de vulnerabilidade entre os países envolvidos tornam difíceis de evitar rodadas contínuas de ataques e retaliações. “É difícil impedir rodadas sucessivas de ataques e contra-ataques quando os países envolvidos acreditam que serão vistos como fracos se não responderem”, diz Bowen. Ele lembra que Israel mantém, ao mesmo tempo, uma grande ofensiva no norte de Gaza e que o momento dos ataques ao Irã pode ter sido estratégico para dividir a atenção internacional entre as frentes de combate.

Do lado iraniano, o Ministério das Relações Exteriores emitiu uma nota de repúdio aos ataques israelenses, classificando-os como uma “clara violação do direito internacional”. A declaração defende o “direito e obrigação do Irã de se defender” contra qualquer agressão externa, citando o Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, que garante o direito à legítima defesa. Fontes oficiais no Irã afirmam que as ofensivas contra Israel, incluindo o ataque com mísseis balísticos em 1º de outubro, foram uma resposta às operações israelenses contra os aliados do Irã, especialmente o Hezbollah.

Para Israel, os ataques ao Irã fazem parte de uma estratégia ampla e coordenada para deter o poderio militar iraniano e enfraquecer as redes de apoio do Irã na região. Daniel Hagari, porta-voz das IDF, explicou que as forças israelenses possuem um “banco de alvos” estratégico no Irã e têm capacidade para novos ataques, caso julguem necessário. “Essa é uma mensagem clara. Aqueles que ameaçam o Estado de Israel pagarão um preço alto”, afirmou Hagari, reforçando que os alvos incluíram fábricas de mísseis e conjuntos de mísseis ar-terra.

Enquanto as lideranças iranianas e israelenses trocam acusações, as consequências do conflito já causam uma crise humanitária, especialmente no território palestino. Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, expressou extrema preocupação com a situação em Gaza, classificando o momento atual como “o mais sombrio da guerra” e destacando os riscos de fome e desamparo que a população enfrenta sob bombardeios constantes.

As tensões entre Israel e Irã, assim como a situação crítica em Gaza, têm mobilizado a comunidade internacional. Diversos países têm manifestado preocupação sobre o potencial do conflito para escalar em uma guerra de maiores proporções, com consequências devastadoras para a região.

A ofensiva israelense contra alvos iranianos marca um novo capítulo na complexa relação de confrontos entre Israel e Irã, refletindo o difícil equilíbrio de forças na região. Em meio a ataques e respostas sucessivas, permanece a pergunta de até que ponto as nações envolvidas estarão dispostas a avançar para evitar um conflito direto de proporções ainda maiores.

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