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Thiago Silva vê cobrança exagerada sobre Neymar e faz paralelo: “Fui tachado de chorão”

Jogador mais experiente da seleção brasileira, aos 37 anos, e um dos capitães do grupo, o zagueiro Thiago Silva saiu em defesa de Neymar nesta terça-feira e

Thiago Silva vê cobrança exagerada sobre Neymar e faz paralelo: “Fui tachado de chorão”
Thiago Silva vê cobrança exagerada sobre Neymar e faz paralelo: “Fui tachado de chorão”

Redação Publicado em 12/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h54


Após completar 100 jogos pela seleção brasileira, zagueiro admite que “momento não é dos melhores, apesar dos resultados positivos”, mas pede paciência em análises

Jogador mais experiente da seleção brasileira, aos 37 anos, e um dos capitães do grupo, o zagueiro Thiago Silva saiu em defesa de Neymar nesta terça-feira e disse haver uma pressão exagerada sobre o camisa 10.

Thiago Silva afirmou que Neymar tem sua autocrítica, que ele atuou abaixo do que pode diante da Colômbia, no último domingo, mas é cobrado em excesso. O zagueiro ainda fez um paralelo com as críticas que ele recebeu após a Copa do Mundo de 2014.

– É uma situação bem difícil. A gente, embora saiba que sofremos pressão de todos os lados, mas é uma pressão diferente. Parece direcionada e individual. A gente deixa muito de lado o que ele vem fazendo dentro de campo e focando em coisas que não são interessantes. Ele se cobra muito. A gente sabe que tem que jogar melhor, ter um entrosamento melhor. Ele sabe que não fez um jogo de Neymar. Tem essa autocrítica. Mas fica uma cobrança muito forte e coisas que não tem nada a ver. Eu passei por momentos semelhantes, principalmente depois da Copa de 2014. Fui tachado de chorão, de psicológico fraco. Coisas que vão te machucando e você sabe que não é. Espero que ele não perca essa alegria. Ele é um moleque super especial. Quando está alegre fazendo o que gosta, sempre dá conta do recado e desempenha o que sempre desempenhou. É melhor para a nossa Seleção.

Em entrevista no último final de semana, Neymar disse que a Copa do Mundo do Catar pode ser a última dele, pois não sabe se terá mais “condições de cabeça”. O jogador estará com 30 anos no Mundial de 2022.

Thiago Silva abraça Neymar em mensagem nas redes sociais — Foto: Reprodução

Thiago Silva abraça Neymar em mensagem nas redes sociais — Foto: Reprodução

Após abordar a situação de Neymar, Thiago Silva falou de forma mais ampla, sobre os questionamentos em relação à seleção brasileira. Mesmo invicta após 10 jogos das Eliminatórias e praticamente classificada para a Copa do Mundo do Catar, a equipe vem sendo cobrada para jogar melhor.

– Independentemente do jogador, a gente tem que ter um pouco mais de tranquilidade e análise da situação. Porque por vezes a gente fala, depois se arrepende e pede desculpa. Nós jogadores não temos esse tempo. Sofremos críticas e pressão. Quando a pessoa fala determinada coisa, no dia seguinte pede desculpa como se não tivesse acontecido nada. A gente sabe da responsabilidade aqui dentro. Mas em relação as coisas externas, não temos muito o que fazer. Temos que desempenhar o melhor possível e conseguir vitórias, como temos feito nos últimos jogos – disse o veterano, que ainda completou:

– Temos sido criticados pela forma que jogamos. O momento não é dos melhores, apesar dos resultados positivos. É momento do homem testar uma ou outra situação. Raphinha e Antony têm entrado bem nos jogos. Se ele testa está errado, se não testa está errado. Precisamos entender o lado dele. O quanto é difícil escalar e convocar a seleção brasileira. As pessoas só pensam do lado delas e esquecem do outro, do humano. Estou feliz pois estamos na direção certa. Não temos que ficar pensando no passado, mas sim tentar resolver o que podemos resolver.

O Brasil volta a campo nesta quinta-feira, diante do Uruguai, às 21h30 (de Brasília), na Arena da Amazônia, em Manaus.

Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Thiago Silva:

Trajetória para o Catar

– Acredito, sim, que a gente esteja no caminho certo. Porque de um bom tempo que eu tenho de seleção brasileira. Já passei por quatro ciclos de Copa. Sei o quanto é difícil você formar um grupo para o Mundial. O Tite está tendo uma tarefa muito grande de escolher os 23. Tanto que já fez mais de cento e poucas convocações de jogadores novos. Tem o leque de opções, mas tem que escolher os 23. Embora não tenhamos jogado super bem, estamos no caminho das vitórias. Os tropeços nos dão forças. Faz com que criemos uma casca mais forte. Estamos passando por essas etapas e vamos chegar firmes e fortes no Catar.

Volta do público no Brasil

– É um situação, um jogo diferente de todos os outros. Depois de muito tempo vamos ter esse reencontro com a torcida. Sabemos o quanto o povo de Manaus ama a Seleção. Vemos isso no olhar das pessoas quando chegamos no aeroporto. A partir do momento que você tira a foto com uma criança, você vê o brilho no olho dessa pessoa. Nos enche de satisfação de estar aqui. Manaus foi um povo que passou por um dos momentos mais difíceis. A gente sabe o quanto essas pessoas sofreram, mas ao mesmo tempo olhamos para trás e vemos o quanto temos que ser gratos pela nossa vida. Tenho certeza que será um dia especial para eles, mas para nós também de estar representando nosso país aqui.

Clássico

– É uma partida diferente de todas as outras pela rivalidade, tudo que envolve um Brasil x Uruguai. Eles vêm de um empate e de uma derrota forte para a Argentina. Sabemos das dificuldades desse jogo. A gente sabe que contra o Uruguai não tem jogo fácil. Tem que ter muita força mental pela questão extracampo, provocação. Temos um super comissão técnica que nos prepara para essas situações. Temos tido resultados positivos contra essa seleção. Nos dois últimos jogos não rendemos o que costumamos render, mas pode ter certeza que estamos na busca por essa melhora. Resultado estamos conseguindo pela força do grupo. Talento sabemos que temos. Trabalhamos duro para mudar as atuações, embora ache que a gente não esteja jogando tão mal. Mas devemos melhorar.

Futuro como treinador

– Ainda está distante. Mas ao mesmo tempo está perto. O mais legal de tudo é que estou próximo de pessoas muito capacitadas. Isso te dá um norte da situação, do que você quer. Não só aqui, mas também no Chelsea com o Tuchel. Espero que para a minha carreira como treinador isso possa me agregar muito. Aprendi e continuo aprendendo coisas importantes para o futebol e para a vida. Isso é importante pois por vezes você não tem que ser um excelente treinador, mas um excelente gestor. Tenho bons exemplos na frente, como Tite e Tuchel. Isso me deixa mais seguro sobre o que quero para minha carreira e minha vida. Estou estudando. Após os 100 jogos, teríamos que já ter a carteira pro, mas estamos fazendo o necessário que é possível. Falta a parte prática para acabar a carteira B.

Thiago Silva pretende ser técnico depois de pendurar as chuteiras — Foto: Reprodução / CBF TV

Thiago Silva pretende ser técnico depois de pendurar as chuteiras — Foto: Reprodução / CBF TV

Jogar melhor

– A gente se preocupa muito com aquilo que temos que fazer. Embora tenhamos que nos preparar para o adversário, pensamos muito no nosso rendimento em campo. A gente sabe que se tiver o rendimento que estamos acostumados, nos aproximamos da vitória. Não temos o controle do resultado de um jogo, mas podemos controlar nossa preparação. Embora a gente venha de dois jogos que não tivemos uma atuação excelente, mas principalmente no segundo jogo foi um bom rendimento. Acredito que o calor em Barranquilla prejudicou o espetáculo. Os jogadores da Colômbia também jogam na Europa. São duas equipes que gostam de jogar bem futebol, mas não teve muitos lances nesse sentido, em função do calor. Quem estava de fora já estava sentindo, imagine quem tinha que correr. Se pensarmos nos detalhes, temos tudo para entrar na linha novamente, com bons resultados e rendimento de alto nível.

Força defensiva da Seleção

– Eu, como bom zagueiro, odeio tomar gol. Prefiro ganhar de 1 a 0 do que de 3 a 2. Prezo muito por isso de sair zerado de campo. É a busca nossa insaciável. O Tite também reforça isso a cada treino. Nos deixa triste o momento que você toma um gol, automaticamente você perde confiança e o adversário ganha. Nossa comissão nos prepara para todos os momentos. O primeiro tempo da Venezuela foi muito abaixo do que podemos render, sabemos disso. O segundo tempo foi bastante movimentado, tanto que conseguimos o resultado. Pela nossa resiliência de tentar o resultado a todo momento. O segundo jogo foi melhor jogado. O calor deixou o nível um pouco abaixo. A nossa força mental quando tomamos gol é para conseguirmos manter o ritmo, é o que o homem pede.

– A gente sabe que a cobrança vai existir. Tem um lado positivo. Embora ultimamente tenha tido um lado muito mais negativo. Isso nos deixa tristes. Mas sabemos que não podemos parar por aqui. Temos que seguir nossa linha de trabalho. O equilíbrio é tudo não só no futebol, mas na vida. Uma coisa desequilibrada não é legal. Procuramos sempre o equilíbrio. Vamos em busca do primeiro gol e observamos o decorrer do jogo. Essa análise que procuramos sempre ter no futebol. A gente vê assuntos fúteis, que não vão acrescentar nada para a gente. A gente espera que haja uma análise do que fazemos dentro de campo.

Eric Faria traz as últimas notícias da seleção brasileira direto de Manaus

Marca de 100 jogos

– É um dia importante, embora já tenhamos uma idade bem importante. Uma experiência diferenciada. Mas temos sempre o sonho de criança. A gente vai sempre em busca do que sonhamos. Se estou aqui hoje é por um sonho. Lembrar do meu primeiro presente é muito fácil. Uma bola de futebol, jogando no quintal de casa. Pelada na rua, cheio de pedra, furando o pé. A infância foi assim. Eu procuro sempre lembrar desses momentos, pois nem tudo foi felicidade nas nossas vidas. Sempre passamos por dificuldades e aprendizados. Fico muito feliz de completar 100 jogos. Continuando em busca dos meus sonhos. Como o Dani Alves fala, uma pessoa sem sonho é uma pessoa morta. Espero que todos nós possamos continuar com nossos sonhos.

Apoio em Manaus

– A gente sempre é muito recebido em Manaus. Felicidade imensa. A rapaziada fica muito contente quando a gente vem jogar aqui. É um clima festivo, muito favorável para desempenhar o melhor futebol. O calor humano é impressionante. A gente procura sempre jogar bem para merecer vencer. Ainda não tivemos essa conversa com o homem. A partir de hoje deve começar essa preparação para o jogo. A gente sabe que a gente precisa presentear esse povo que passou por um momento tão difícil.

Novatos na Seleção

– Acho que é natural. O mais natural a se fazer é deixar esses jogadores que chegam cada vez mais agregados ao nosso estilo de jogo. São jogadores capacitados e inteligente, que passam por excelentes momentos nas suas equipes. Embora falte entrosamento, isso só vai acontecer com minutagem e treinamentos juntos. A comissão tem tentado fazer isso. Muitas vezes se fala que a seleção não convoca novos jogadores e não testa. A comissão técnica já testou mais de 100 jogadores e continua. Antes de me apresentar para a seleção eu ouvi que Raphinha e Antony não eram as melhores escolhas. E são os dois que tem feito diferença para a nossa equipe. A partir daí não vejo pessoas falando “parabéns Tite, estava certo na descoberta”. Até porque não tem descoberta. O jogador está se destacando e merece a oportunidade. Temos que nos colocar no lugar do treinador, que está sempre acompanhando os jogos. Não vejo ninguém dando parabéns pela descoberta. Agora começam a falar pois estão dando resultados. Por vezes os que criticam não assistem jogos deles por seus clubes.

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Globo Esporte

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