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Polícia investiga morte e sequelas em pacientes após cirurgias plásticas em clínica.

A Polícia Civil do Amapá investiga um cirurgião plástico que atua em Macapá, suspeito de realizar cirurgias sem especialização para procedimentos estéticos.

Polícia investiga morte e sequelas em pacientes após cirurgias plásticas em clínica.
Polícia investiga morte e sequelas em pacientes após cirurgias plásticas em clínica.

Redação Publicado em 14/07/2017, às 00h00 - Atualizado às 15h43


Médico responsável pela clínica não possui especialização para cirurgias, diz delegada. Advogado de cirurgião informou que profissional tem autorização para atuar na área.

A Polícia Civil do Amapá investiga um cirurgião plástico que atua em Macapá, suspeito de realizar cirurgias sem especialização para procedimentos estéticos. De acordo com a 6ª Delegacia de Polícia, quatro casos estão sendo apurados, entre eles, a morte de uma paciente em março desse ano, após colocar prótese de silicone nos seios. Outras mulheres teriam apresentado sequelas depois dos procedimentos.

A delegada Joseane Carvalho informou que as intervenções estéticas estariam ocorrendo desde outubro de 2016. De acordo com as investigações, o médico não tem cadastro no Conselho Regional de Medicina (CRM) no Amapá com especialização em cirurgia plástica.

“O cadastro dele no CRM é apenas como otorrinolaringologista, e não há registro como cirurgião plástico. Então oficializamos para que ocorra uma investigação na clínica em relação aos procedimentos cirúrgicos. Até o momento tivemos o conhecimento de quatro casos, sendo que em um deles a paciente veio a óbito. Em outro caso, a paciente apresentou sequelas graves, com problemas na coluna e na fala”, destacou a delegada.

As investigações apontam ainda que a clínica não tem equipe profissional capacitada para realizar a anestesia nos pacientes e nem estrutura adequada para os procedimentos estéticos.

Joseane informou que o inquérito ainda não foi concluído, pois ainda faltam ouvir depoimentos de mais pacientes e do próprio cirurgião investigado. A delegada ressaltou que o processo será encaminhado ao Ministério Público (MP) do estado e ao CRM.

“Não se sabe ao certo a quantidade de vítimas, mas sabe-se que o médico não é especialista em cirurgia, pois o CRM encaminhou resposta informando que ele não tem o registro. Solicitei que órgãos da prefeitura e o próprio conselho façam investigações na clínica, pois diversas normas de segurança devem ser cumpridas”, enfatizou.

Advogado José Roberto Nunes diz que cirurgião tem especialização para atuar na área (Foto: Jéssica Alves/G1)

O advogado do cirurgião, José Roberto Nunes, questionou as investigações da delegacia, pois segundo ele, o médico tem especializações para atuar em procedimentos estéticos e tem registro na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o que permite que ele realize a cirurgia e também anestesiar os pacientes.

“Todos os procedimentos foram feitos por ele, que tem autorização para atuar, pois tem especialização em cirurgia estética, facial e até títulos internacionais. Ou seja, tem os documentos hábeis para atuar como cirurgião”, destacou.

Por ainda não ter sido ouvido pela polícia, o advogado do cirurgião solicitou que a identidade do cliente não fosse divulgada até que a investigação seja concluída. Ele garantiu que todos os procedimentos necessários para a defesa do médico, foram realizados. Entretanto, as atividades na clínica deverão ser encerradas.

“São muitas especulações que estão ocorrendo, o que pode distorcer a imagem dele, que atua há mais de 30 anos no Amapá. É preciso cautela e prudência na parte de quem investiga esses casos. A partir desses incidentes, a diretoria decidiu encerrar as atividades na clínica, e fazer o procedimento em hospitais e locais mais amplos”, disse o advogado.

A irmã de uma paciente, que não quis ser identificada, informou que ela realizou duas cirurgias no mesmo dia, nos seios e abdômen, em outubro de 2016, mas apresentou sequelas após o procedimento. Segundo ela, a irmã adquiriu uma bactéria na própria clínica, o que afetou o processo de cicatrização.

“Minha irmã ficou com lesões corporais gravíssimas, pois adquiriu uma bactéria na própria clínica. Minha irmã teve o abdômen aberto quatro vezes, porque simplesmente não havia a cicatrização da cirurgia. O procedimento todo foi feito por ele e profissionais que não tinham o preparo. Hoje ela tem um auto nível de depressão, com esse trauma. É difícil ver um sorriso no rosto dela”, lamentou.

Após o probema com a cirurgia, a família da paciente buscou o Conselho Regional de Medicina, que informou que o médico não tem especialização na área estética. Entretanto, eles questionam a falta de fiscalização da entidade.

“Queria saber como esse médico continua atuando, mesmo com esses casos. É preciso que ocorra uma fiscalização necessária para que ele não faça mais essas atividades no Amapá. Ele tem que parar”, disse, revoltada.

Paciente apresentou sequelas após fazer cirurgia plástica no abdômen (Foto: Jéssica Alves/G1)

Paciente apresentou sequelas após fazer cirurgia plástica no abdômen (Foto: Jéssica Alves/G1)

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