Sem um teto sobre a cabeça e apenas com o "Rex", o cachorro, a aposentada Claudete Fernandes da Silva Nogueira, de 59 anos, se viu em uma situação difícil sem
Redação Publicado em 05/09/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h51
Sem um teto sobre a cabeça e apenas com o “Rex”, o cachorro, a aposentada Claudete Fernandes da Silva Nogueira, de 59 anos, se viu em uma situação difícil sem ter para onde ir após a morte do marido.
Ao ficar viúva, a mulher teve que deixar a casa onde morava, na Vila Progresso, em Sorocaba (SP), para os filhos do companheiro. Comovidos, voluntários se mobilizaram e organizaram pela internet uma campanha para terminar uma antiga construção dela e lhe dar um novo endereço.
A força-tarefa partiu dos dois advogados responsáveis por defendê-la no trâmite judicial, que tentou reverter a decisão favorável aos enteados já na fase de execução de sentença. Ao G1, Tales Pereira Cardoso Filho, um dos voluntários da ação, explica que, anteriormente, o processo pedia a reintegração de posse do imóvel que a idosa morava com o marido, há cerca de 20 anos.
“O companheiro dela possuía filhos de outro casamento, então, a casa que o casal residia era de propriedade desses filhos, com usufruto do pai, que acabou com a morte dele. Os filhos entraram com a ação para retirá-la de lá”, explica.
O G1 entrou em contato com Claudete, mas, emocionada, preferiu não comentar sobre a ação até o término do trabalho.
Grupo se mobilizou para dar um lar à idosa em Sorocaba (Foto: Arquivo pessoal)
Em maio, Claudete foi retirada da casa, junto com o Rex. Na ocasião, os advogados conseguiram que ela ficasse na casa de uma amiga, por não ter condições de pagar um aluguel.
Segundo Tales, a renda de R$ 600 ao mês dela é dividida entre comida e medicamentos. Alguns vizinhos chegaram a se solidarizar e doavam alimentos. Claudete também trata epilepsia, pressão alta, diabetes e possui cerca de 20% da visão.
“Como advogados, infelizmente, não tivemos mais o que fazer. O direito dos filhos do falecido marido é inquestionável. Mas, como seres humanos, abraçamos essa causa”, diz.
Voluntários e pedreiros contratados agilizaram a contrução (Foto: Arquivo pessoal)
Paredes quase caindo, terreno irregular e de concreto mesmo apenas o sonho de vê-lo pronto. Nestas condições estava outro imóvel que Claudete é dona, no Jardim São Camilo. Ao saberem da casa, os voluntários levaram um profissional para avaliar a estrutura e fazer um orçamento.
“A situação estava desesperadora e absurdamente triste. Por isso, pedimos ajuda para quem pudesse doar dinheiro, material ou até mesmo mão-de-obra. A casa precisa de laje, telhado, contrapiso, piso, reboco, pintura, parte elétrica e hidráulica”, conta Tales.
O caso foi publicado nas redes sociais e compartilhado por milhares de pessoas, que também se comoveram. Foi o primeiro passo para a execução do projeto, que, atualmente, está em fase final.
“Desde o último post, muita coisa foi feita, e atualizamos a situação com fotos das notas fiscais de tudo que compramos. Porém, o dinheiro chegou ao fim e nós [advogados] estamos arcando sozinhos com muitos dos gastos. A situação realmente está pesada para nós, mas faltam alguns detalhes para entregarmos.”
Já dona Claudete não tem ideia de como o imóvel inacabado está, ainda segundo os voluntários. Ela foi “impedida” de ver o andamento e apenas irá conferir no dia da entrega, que ainda não tem data estabelecida.
Hélen Cristina Garbim e Tales Pereira Cardoso Filho são sócios e advogados em Sorocaba (Foto: Arquivo pessoal)
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