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Último texto de jornalista desaparecido fala da necessidade da liberdade nos países árabes

O jornal americano “The Washington Post” publicou nesta quinta-feira (18) um texto do jornalista saudita Jamal Khashoggi em que ele faz um apelo contundente

Último texto de jornalista desaparecido fala da necessidade da liberdade nos países árabes
Último texto de jornalista desaparecido fala da necessidade da liberdade nos países árabes

Redação Publicado em 18/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h55


‘The Washington Post’ publicou nesta quinta artigo enviado por Jamal Khashoggi no dia em que desapareceu em Istambul, na Turquia.

O jornal americano “The Washington Post” publicou nesta quinta-feira (18) um texto do jornalista saudita Jamal Khashoggi em que ele faz um apelo contundente pela liberdade de expressão no mundo árabe.

A editora Karen Attiah disse ter recebido o texto do tradutor um dia depois de ter sido anunciado o desaparecimento do jornalista. O paradeiro dele é desconhecido desde o dia em que entrou no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, na Turquia, há mais de duas semanas.

Ela afirma que queria ter esperado para editar o texto conjuntamente, mas decidiu publicar porque tem que “aceitar que isso não vai acontecer”.

Conhecido crítico do governo saudita, o jornalista que vivia nos Estados Unidos desde 2017, Khashoggi afirma, no texto publicado nesta quinta-feira (18), que os governos árabes continuam silenciando a mídia em um ritmo crescente.

“Houve uma época em que os jornalistas acreditavam que a Internet liberaria informações da censura e do controle associados à mídia impressa. Mas esses governos, cuja própria existência depende do controle da informação, bloquearam agressivamente a internet”, afirma.

O jornalista também denuncia estratégias como prisão de repórteres e pressão sobre os anunciantes a prejudicar a receita de publicações específicas.

Na quarta-feira (17), o jornal turco “Yeni Safak” afirmou que o jornalista e foi torturado antes de ser decapitado dentro do consulado.

O periódico, que é ligado ao governo turco, afirma que teve acesso a um áudio que mostra que os agentes sauditas cortaram os dedos de Khashoggi durante o interrogatório na representação diplomática saudita. “Depois sua cabeça foi cortada até a morte”, descreve o jornal, que não deixa claro como teve acesso à gravação.

 Jamal Khashoggi durante evento promovido pelo Middle East Monitor em Londres, no dia 29 de setembro — Foto: Middle East Monitor/Handout via REUTERS

Jamal Khashoggi durante evento promovido pelo Middle East Monitor em Londres, no dia 29 de setembro — Foto: Middle East Monitor/Handout via REUTERS

Segundo informações do jornal, os assassinos sauditas seriam agentes ligados ao príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS, um poderoso membro da família real saudita e ator-chave nos esforços por uma maior aproximação do reino com a Casa Branca.

O caso aumentou as pressões sobre a Casa Branca para que revise seus laços com um aliado de décadas, ambos rivais do Irã, inimigo regional de Riad desde a Revolução Islâmica de 1979.

O governo americano parece dar o benefício da dúvida à sua aliada, insistindo na vontade de Riad de realizar sua própria investigação. Porém, o presidente americano, Donald Trump, negou nesta quarta-feira (17) tentar “encobrir” sua aliada, a Arábia Saudita neste caso.

“Não estou encobrindo nada. Eu só quero averiguar o que está acontecendo. Provavelmente vamos saber algo até o final da semana”, disse Trump, que nesta quinta receberá um “relatório completo” do secretário de Estado, Mike Pompeo. O diplomata viajou a Riad para se encontrar com o rei Salman e o príncipe Mohamed Bin Salman. Posteriormente, ele se reuniu com autoridades turcas em Ancara.

Pompeo se negou a dizer se Khashoggi estava vivo ou morto. Ele deixou a capital turca sem falar com a imprensa. “Não quero falar de nenhum dado”.

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