Diário de São Paulo
Siga-nos

Investigados na operação ‘Arquivos Deslizantes’ em Araçatuba negam crime em defesa prévia

Funcionários da Câmara de Araçatuba (SP) negaram qualquer prática criminosa na defesa prévia de uma denúncia feita pelo Ministério Público por envolvimento em

Investigados na operação ‘Arquivos Deslizantes’ em Araçatuba negam crime em defesa prévia
Investigados na operação ‘Arquivos Deslizantes’ em Araçatuba negam crime em defesa prévia

Redação Publicado em 16/01/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h30


Funcionários da Câmara de Araçatuba (SP) negaram qualquer prática criminosa na defesa prévia de uma denúncia feita pelo Ministério Público por envolvimento em um suposto esquema de fraude em licitações.

A operação “Arquivos Deslizantes” investiga organização criminosa voltada à prática de fraudes em licitações nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Segundo as investigações, foi apurado que ao menos 15 empresas de várias regiões do Estado de São Paulo, Minas Gerais e de Pernambuco, todas com atuação no ramo de arquivos deslizantes, estavam envolvidas no esquema, sendo que seus sócios possuem comprovada vinculação entre si e participavam de licitações simulando concorrência que, na verdade, não existia.

De acordo com os advogados de defesa, os clientes cumpriram suas obrigações funcionais quanto à elaboração do processo de licitação, sem irregularidades.

Também são denunciados no mesmo processo o vereador Cido Saraiva (PMDB)e um outro servidor público da Câmara. Eles não protocolaram a defesa prévia até esta segunda-feira (15).

Segundo as investigações do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na operação “Arquivos Deslizantes”, Saraiva teria favorecido uma empresa na compra de armários deslizantes para o legislativo e recebido R$ 32 mil de propina que foram utilizados na campanha dele para o mandato seguinte.

Cido Saraiva disse que foi notificado para se manifestar no processo na última sexta-feira (12) e que vai analisar melhor a denúncia antes de realizar a defesa prévia. Quando todos os denunciados apresentarem a defesa, a Justiça deve marcar a data para ouvir as testemunhas de acusação, de defesa e os réus.

Operação no noroeste paulista

A empresa de quem o vereador comprou os armários foi alvo da operação em setembro e, conforme as investigações, o esquema era liderado pelo vereador de Catanduva Daniel Palmeira (PR), que foi preso.

O advogado do vereador não foi encontrado pelo G1 para comentar o assunto.

Mesmo preso, ele assumiu o mandato da Câmara de Catanduva e recebe o salário de R$ 8 mil porque o regimento da Câmara permite que vereadores faltem das sessões.

Luiz Henrique Viotto (PP) e Renato Luis de Lima Silva, vereador e um ex-funcionário da Câmara Municipal de Jales (SP), também estão sendo investigados pelo Gaeco.

Viotto negou que houve fraudes e que a troca de e-mails entre ele e Palmeira foram normais em trâmites de licitações. A TV TEM tentou entrar em contato com o ex-funcionário mas não obteve retorno.

A fraude teria ocorrido também em Jales, em 2012, quando o vereador ocupava o cargo da presidência da Câmara.

Vereador de Jales (SP)  Luis Henrique Viotto é suspeito de participar de  fraude (Foto: Reprodução/TV TEM)

Vereador de Jales (SP) Luis Henrique Viotto é suspeito de participar de fraude (Foto: Reprodução/TV TEM)

“Arquivos Desalizantes”

A operação decorre de investigação iniciada no ano de 2015 e conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de Piracicaba (SP).

Ao todo estão sendo cumpridos 50 mandados, sendo 28 de busca e apreensão e 22 de prisão temporária. Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte e em diversas cidades do interior de São Paulo.

Operação 'Arquivos Deslizantes' é realizada em diversos estados brasileiros (Foto: Reprodução/TV TEM)

Operação ‘Arquivos Deslizantes’ é realizada em diversos estados brasileiros (Foto: Reprodução/TV TEM)

Segundo a investigação do Gaeco, empresas participavam das licitações após prévio ajuste entre elas para que uma do grupo vencesse, havendo registro de alternância entre elas como vencedoras.

A investigação apontou também a participação de agentes públicos, que sabiam dos ajustes entre as empresas e agiam de modo a preparar editais.

Compartilhe