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‘Estamos muito felizes’, diz mãe de bebê com doença rara sobre liberação de medicamento

Nesta segunda-feira (28), deve ser divulgado em Diário Oficial, a concessão da Anvisa de registro do medicamento Spiranza, usado no tratamento de pacientes

‘Estamos muito felizes’, diz mãe de bebê com doença rara sobre liberação de medicamento
‘Estamos muito felizes’, diz mãe de bebê com doença rara sobre liberação de medicamento

Redação Publicado em 28/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h25


Lavínia Vitória Cunha foi diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal e família iniciou campanha para custear tratamento de R$ 3 milhões. Medicamento, antes comercializado só no exterior, teve registro concedido pela Anvisa.

Nesta segunda-feira (28), deve ser divulgado em Diário Oficial, a concessão da Anvisa de registro do medicamento Spiranza, usado no tratamento de pacientes com Atrofia Muscular Espinhal, conhecida como AME, que atinge em média um a cada 10 mil bebês nascidos em todo mundo. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou a liberação do medicamento na última sexta-feira (25).

Para a mãe da bebê Lavínia Vitória Cunha, hoje com 5 meses, foi a melhor notícia recebida desde que a menina foi diagnosticada com a doença há dois meses.

“Estamos muito felizes. Essa liberação vai facilitar muito o acesso ao medicamento, acredito que os custos serão reduzidos, pelo menos”, afirma Daiane Gabriela Pereira da Cunha.

Por conta da doença degenerativa, que afeta o sistema nervoso e causa fraqueza muscular, Lavínia só respira com ajuda de aparelhos, se alimento por meio de sonda e desde os 3 meses vive no Hospital das Clínicas de Botucatu (SP). “Eu parei de trabalhar para poder ficar com ela, porque ela não tem previsão de alta, ela depende do respirador. A gente se reveza nos cuidados com a Lavínia, eu, meu pai e minha mãe.”

Lavínia e a mãe 'moram' no Hospital das Clínicas de Botucatu  (Foto: Daiane Cunha Lopes / Arquivo pessoal )

Lavínia e a mãe ‘moram’ no Hospital das Clínicas de Botucatu (Foto: Daiane Cunha Lopes / Arquivo pessoal )

E toda esperança da família está no medicamento que, até essa liberação feita pela Anvisa, só poderia ser importado de países como os Estados Unidos. O custo do tratamento até então era de cerca de R$ 3 milhões. Para levantar essa quantia, a família iniciou uma campanha nas redes socais e também em toda a cidade com a venda de camisetas, rifas e a até uma passeata, que foi realizada neste sábado (26). Com essas iniciativas a família já conseguiu arrecadar R$ 51 mil.

“Nossa esperança é que ela possa respirar sozinha, comer, existe até a possibilidade de andar com esse tratamento, nós conhecemos outras crianças nessa situação e um deles tem um ano e já está ficando em pé com a aplicação dessas seis primeiras doses, que é uma espécie de vacina.”

Familiares e amigos da Lavínia realizaram uma passeata para divulgar a campanha em Botucatu (Foto: Daiane Cunha / Arquivo pessoal )

Familiares e amigos da Lavínia realizaram uma passeata para divulgar a campanha em Botucatu (Foto: Daiane Cunha / Arquivo pessoal )

Tratamento no Brasil

De acordo com nota da agência divulgada na sexta-feira , a decisão será publicada nesta segunda-feira e o remédio poderá ser adquirido como uma solução injetável e com a concentração de 2,4 mg/ml. Ele só poderá ser comercializado desta forma no Brasil.

O tratamento com a substância nusinersen (conhecida como o nome comercial de Spiranza) foi liberado nos Estados Unidos em dezembro 2016 pela FDA, agência que regula alimentos e drogas no país. Segundo a agência, o medicamento, que seria o primeiro usado no tratamento da AME, é uma terapia gênica capaz de estabilizar a morte celular de neurônios e impedir ou retardar a evolução da doença. Testes feitos em crianças nos primeiros meses de vida mostraram melhorias que vão de 40% a 60% nas condições de saúde.

No Brasil, um menino morador de Ribeirão Preto, também no estado de São Paulo, conseguiu o medicamento após um intensa campanha nas redes sociais e também na cidade. Em um mês, a família de Joaquim Marques conseguiu arrecadar o dinheiro para tratamento e o menino já tomou a primeira dose da medicação em abril deste ano.

Após a publicação oficial, a Anvisa informou que haverá um procedimento para a determinação do preço pelo governo. Sem a necessidade de compra no exterior, espera-se que o Spinraza seja vendido por um valor mais acessível no Brasil. O remédio já é comercializado nos Estados Unidos, Europa, Japão e Canadá.

A Anvisa explica que, como se trata de uma substância inédita no país, o processo foi complexo e envolveu uma avaliação crítica das informações técnicas e legais. A agência diz que impôs caráter prioritário ao registro, com aprovação cinco meses após o pedido da farmacêutica.

Medicamento teve registro liberado pela Anvisa (Foto: Biogen)

Medicamento teve registro liberado pela Anvisa (Foto: Biogen)

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