Diário de São Paulo
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Esquema de caixa 2 da CCR incluiu integrante do novo governo de Doria e ministro de Temer; veja lista completa

Novos nomes de políticos que teriam recebido dinheiro de caixa dois da concessionária CCR foram divulgados nesta sexta-feira (30) pelo SP2. A lista inclui

Esquema de caixa 2 da CCR incluiu integrante do novo governo de Doria e ministro de Temer; veja lista completa
Esquema de caixa 2 da CCR incluiu integrante do novo governo de Doria e ministro de Temer; veja lista completa

Redação Publicado em 01/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h13


Empresa criou esquema de caixa 2 para pagar propina em campanhas e assinou acordo para encerrar processo sobre o caso. Políticos negam recebimento de dinheiro ilícito.

Novos nomes de políticos que teriam recebido dinheiro de caixa dois da concessionária CCR foram divulgados nesta sexta-feira (30) pelo SP2. A lista inclui integrante do novo governo de João Doria (PSDB) no estado de São Paulo e ministro do governo de Michel Temer (MDB). O MP não se manifesta oficialmente sobre os citados. Ao todo são 15 pessoas.

A CCR, empresa que atua na área de infraestrutura e administra algumas das rodovias mais importantes do estado de São Paulo, criou um esquema de caixa dois para fomentar o pagamento ilegal para diversas campanhas político-partidárias. Segundo o Ministério Público, o esquema ocorreu entre 2009 e 2013 e movimentou R$ 44,6 milhões em caixa dois.

Os envolvidos divulgados na noite desta sexta teriam participado do esquema entre 2010 e 2013. Todos negam envolvimento com recebimento de dinheiro ilícito.

Nomes divulgados nesta sexta-feira:

  • Celia Leão (PSDB)– deputada estadual recém indicada para a Secretaria da Pessoa com Deficiência do governo de João Doria (PSDB). Teria recebido R$ 200 mil.
  • Cauê Macris (PSDB) – deputado estadual presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Teria recebido R$ 100 mil.
  • Aloysio Nunes (PSDB) – senador e atual ministro de Relações Exteriores. Teria recebido R$ 1 milhão.
  • Gleisi Hoffmann (PT) – senadora e presidente nacional do PT. Teria recebido R$ 3 milhões.
  • Edson Aparecido – atual secretário de Saúde da capital e ex-secretário do governo de Geraldo Alckmin. Teria recebido R$ 300 mil.

Nomes já divulgados anteriormente:

  • José Serra (PSDB) – senador e candidato à Presidência da República em 2010. Teria recebido R$ 3 milhões para campanha.
  • Geraldo Alckmin (PSDB)– ex-governador de São Paulo. Teria recebido R$ 4,5 milhões para a campanha.
  • Gilberto Kassab (PSD) – ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab. Teria recebido R$ 2,8 milhões para a criação do PSD;
  • Marta Suplicy (MDB, ex-PT) – senadora. Teria R$ 1 milhão quando ainda estava no PT para a campanha dela em 2010.
  • Campos Machado (PTB) – deputado estadual. Teria recebido R$ 1 milhão para acertos de campanha,
  • Luiz Marinho (PT) – ex-prefeito de São Bernardo do Campo e candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo. Teria recebido R$ 60 mil.
  • Antonio Mentor (PT) – ex-deputado estadual. Teria recebido R$ 150 mil.
  • Aloizio Mercadante (PT)– ex-ministro no governo de Dilma Rousseff. Teria recebido R$ 1,7 milhão.
  • Jonas Donizette (PSB)– prefeito de Campinas. Teria recebido R$ 100 mil
  • Chico Sardelli (PV) – deputado estadual. Teria recebido R$ 100 mil,

O nome dos envolvidos está sendo divulgado ao Ministério Público por executivos da CCR. A empresa fechou acordo pelo qual se compromete a dar informações e pagar R$ 81,5 milhões para encerrar processo civil sobre o caso.

A investigação do esquema na CCR começou após a delação premiada do operador Adir Assad à Lava Jato. Ele deu detalhes de como se aproximou do grupo CCR. Assad contou que se reuniu na sede da CCR com Renato Valle, presidente do grupo na época, e que apresentou um projeto de patrocínio das empresas dele de stock car para que a CCR fizesse publicidade.

Veja o que dizem os citados:

  • Célia Leão informou que desconhece o assunto e que nunca, em 30 anos de vida pública, recebeu doações da CCR.
  • Aloysio Nunes informou que trata-se de “mentira” e “vazamento irresponsável de depoimento mentiroso e cujo acordo sequer foi homologado”. “Processarei os responsáveis pelo vazamento e pela calúnia”, completou em nota.
  • Aloizio Mercadante disse que nunca recebeu ou autorizou alguém a receber apoio financeiro de concessionárias em nome dele e que a prestação de contas sempre respeitou a legislação.
  • Luiz Marinho informou que prestou contas de todos os valores recebidos em campanha e que recebeu aprovação da justiça eleitoral.
  • Edson Aparecido disse que desconhece a investigação do Ministério Público e que está tranquilo, porque jamais recebeu recursos ilícitos.
  • Cauê Macris disse que sempre recebeu doações legais e que declarou todas elas.
  • Antonio Mentor também negou o recebimento e disse que repudia a inclusão do nome dele entre aqueles que teriam recebido recurso não contabilizado da companhia.
  • Jonas Donizette disse que nunca recebeu doações da companhia e que sempre teve as contas aprovadas pela justiça eleitoral.
  • A assessoria de Gleisi Hoffmann disse que a história vazada ilegalmente é mentirosa, sem base em fatos e provas e que não sustentará uma acusação contra ela.
  • José Serra informou que todas as campanhas dele “sempre foram realizadas com rigor técnico para demonstrar aos eleitores as melhores propostas ao Brasil”. “E as contas, sempre aprovadas pela Justiça Eleitoral, ficaram a cargo do partido”, completa a nota.
  • Campos Machado informou, também por meio de nota, que ss doações que recebeu em todas as suas campanhas “foram exclusivamente dentro das exigências da lei, tanto é que foram aprovadas pela Justiça eleitoral”.
  • Os advogados de Geraldo Alckmin, José Eduardo Alckmin e Marcelo Martins de Oliveira, informaram em nota conjunta que o ex-governador “jamais recebeu recursos, a qualquer título, da empresa mencionada” e que “o financiamento de suas campanhas eleitorais sempre foi realizado na forma da lei e sob fiscalização da Justiça Eleitoral”. “[Alckmin] desconhece os fatos noticiados e, até a presente data, não lhe foi dado conhecer do que tratam os autos do inquérito civil”, completa a nota.
  • CCR afirma que o “Grupo CCR informa que irá celebrar, às 15h, Termo de Autocomposição com o Ministério Público do Estado de São Paulo, a partir do qual se compromete a pagar a quantia de R$ 81,530 milhões. Com a assinatura do Termo ficará encerrado o inquérito civil instaurado em março deste ano pelo Ministério Público do Estado de São Paulo. Os recursos serão divididos da seguinte forma: R$ 64,530 milhões serão repassados ao Estado de São Paulo; e R$ 17 milhões serão doados para a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo”
  • Em nota, o PSD afirma que o ministro Gilberto Kassab aguarda com tranquilidade a divulgação das informações e reafirma a legalidade de seus atos. Todas doações recebidas pelo partido obedeceram a legislação vigente.
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