Superintendente da Polícia Federal em Sergipe, Érika Marena, cotada pelo futuro ministro da Justiça Sergio Moro para assumir o Departamento de Recuperação de
Redação Publicado em 23/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 13h29
Superintendente da Polícia Federal em Sergipe, Érika Marena, cotada pelo futuro ministro da Justiça Sergio Moro para assumir o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), abriu nesta sexta-feira (23), no Rio, o Simpósio Nacional de Combate à Corrupção. No evento, organizado pela FGV Energia e FGV Direito, ela disse que é preciso semear a indignação e o inconformismo na população com o desvio do dinheiro público.
“Entrei na Polícia Federal em 2003 e em 2004 estava em Curitiba, no escândalo do Banestado, que foi a Lava Jato daquela década. Tive apoio de muitas pessoas e aprendi que a melhor forma de combater o crime organizado é combater o crime econômico, ir atrás do dinheiro. O Paraná havia se convertido numa grande lavanderia nacional”, disse Érika.
Ela destacou que o dinheiro sujo se comunica e se mistura e precisa ser lavado para voltar ao mercado. E que os personagens presos naquela ocasião eram muito valorizados no mercado, porque, mesmo pegos e presos, não revelavam quem eram seus clientes.
“A lavagem de dinheiro é imensa, muito grande, e esses profissionais são altamente valorizados – não porque movimentam grandes ativos, por manter milhões ocultos, pela capacidade de lavar esse dinheiro, mas pela palavra. Por não entregar o que sabem nem quem são os clientes dos esquemas”, disse Érika, observando que a Lava Jato mudou isso.
A superintendente diz que, apesar de a Lava Jato ter chegado a “nomes de uma casta tão poderosa”, ainda hoje existe muita gente que continua a entrar no jogo da corrupção, acreditando na impunidade. Mas que espera um governo comprometido com o combate à corrupção, que fortaleça as instituições com material, pessoal e instrumentos legislativos adequados.
“Ainda tem muita gente disposta a roubar este país. Precisamos que as instituições funcionem com liberdade, sem ingerência política ou partidária e com propósitos republicanos. É inaceitável que em pleno século 21 delegacias de combate à corrupção estejam sendo fechadas. Espero que a herança da Lava Jato seja o inconformismo como que estamos vendo acontecer neste país. O sistema de gestão do dinheiro público precisa mudar”, disse Érika.
Segundo ela, apesar da mancha na imagem do país que a Lava Jato revelou, o Brasil adquiriu respeito em fóruns internacionais por levar adiante a investigação contra uma casta tão poderosa. “Precisamos da cooperação internacional. Hoje o Brasil é visto com outros olhos”, concluiu Érika na abertura do simpósio.
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