O ressurgimento das favelas em São José do Rio Preto (SP) depois de pouco mais de uma década, preocupa o poder público. As duas principais ocupações estão na Vila Itália e no bairro Brejo Alegre, onde, sem ter para onde ir, muitas dezenas de famílias construíram seus barracos.
“Eles passam muito rápido e tem muita criança aqui. O medo maior é a noite”, afirma Patrícia Brito, que veio de Águas de Santa Bárbara com o marido e os três filhos em busca de um emprego, sem sucesso.
A falta de emprego também empurrou a família de Maria Geovânia Ferreira para a ocupação. Sem dinheiro para pagar o aluguel, ela e os dois filhos encontraram lá um abrigo, ainda que provisório, para se manter. “A gente tem que achar um lugar pelo menos pra se abrigar. Não têm condições. Não tem emprego e não tem pra onde ir.”
Na Vila Itália a situação é ainda pior. São pouco mais de 300 pessoas, também às margens da ferrovia, que começaram a se aglomerar no local há mais de um ano. “Quem não tem caixa d’água tem que acordar cedo para encher os galões. Senão, não tem água pra comer, beber”, disse a dona de casa Tatiane Cardoso, que mora no local há oito meses.
Para piorar a situação, a favela encontra-se em uma área que é alvo de disputa judicial. Metade dela está em uma área da prefeitura. A outra parte da ocupação está em um terreno pertencente a uma família, que vendeu partes do terreno para a construção de outros imóveis, que estão no local há mais tempo. Os herdeiros do espólio, entretanto, pediram a reintegração de posse.
A ação é acompanhada pela Defensoria Pública, que cobra, ainda, ações da prefeitura para que essas famílias sejam retiradas do local com urgência. Na última audiência, a Justiça concedeu um prazo de 60 dias para a realização de um estudo individualizado das famílias ocupantes da área. “A gente está dentro deste prazo e realizando estes estudos. Para que o município possa apresentar um programa para a possível retirada das famílias do local”, afirmou a defensora pública Bruna Hernandes.