O silêncio da noite permite que a alma de uma escritora rio-pretense seja transcrita nas páginas de seus livros. Mesmo com a coordenação motora comprometida,
Redação Publicado em 07/02/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h12
O silêncio da noite permite que a alma de uma escritora rio-pretense seja transcrita nas páginas de seus livros. Mesmo com a coordenação motora comprometida, a paixão pela literatura e o dom da escrita tornam os sonhos de Maria Fernanda Zavanella uma realidade.
A Fer, como gosta de ser chamada, tem 34 anos, mas seus primeiros anos de vida não foram fáceis. Ela nasceu prematura e as complicações atingiram o movimento dos braços e pernas. No entanto, as previsões negativas da medicina não se concretizaram e ela batalhou pela vida.
Mesmo com as dificuldades pessoais, ela se formou em letras e pedagogia e também se tornou especialista em educação especial e inclusiva. Hoje, ela atua no setor administrativo do Complexo de Educação, Ciência e Cultura de São José do Rio Preto (SP).
“Eu saio totalmente fora da minha zona de conforto, estou aprendendo muito. Eu adoro aprender coisas novas e gosto de sentir que eu sou capaz”, afirma.
Os colegas aprovam o trabalho exercido pela Fer e acompanham o avanço profissional dela. “Ela gostou do trabalho e todo mundo gostou dela. Aqui a Fer tem toda a acessibilidade possível para desenvolver as atividades, mas para a gente a Fer veio para nossa equipe para nos ajudar muito”, explica a coordenadora do setor Priscila Marini Cerasi.
Depois do expediente ela relaxa na área de lazer de seu prédio e, quando a noite chega, seu quarto é o ambiente que transforma sua imaginação. Com força, ela escreve cada letra no papel e aos poucos o pensamento vira poesia.
“A poesia que me liberta. Esse corpo é limitado. Assim como o meu, assim como teu, o de todo mundo. Todo mundo tem limites. A minha mais específica, com algumas dificuldades, mas a poesia é a minha liberdade”, diz a escritora.
Com força e determinação, Maria Fernanda escreve suas poesias (Foto: Reprodução/TV TEM)
Hoje ela tem três livros publicados e o quarto está a caminho. Para a Edilene Gasparini, ex-professora da Fer, a poesia dela é madura. “No texto, o leitor vai encontrar alento, vai encontrar reflexão, vai encontrar inteligência e informação. Há também a alteridade, o colocar-se no lugar do outro. Ela consegue isso.”
A Fer conta que se sente feliz ao saber que seus leitores apreciam seus livros. “É importante tocar a alma das pessoas. Onde minhas pernas não conseguem ir, a poesia vai por mim. Então é emocionante.”
Apesar das dificuldades motoras, Maria Fernanda se dedica ao trabalho, estudos e poemas (Foto: Reprodução/TV TEM)
Para a autora dos livros e de sua própria história, a vida é uma obra de arte com páginas brancas e infinitas, que estão prontas para serem rascunhadas durante a noite.
“Todos os dias a gente tem que persistir, ser perseverante, na fé e na força, acreditar em Deus e seguir em frente. Eu tenho muito mais motivos para ser feliz, do que para ser triste, com certeza”, conclui a escritora.
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