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Após determinação da Justiça, Prefeitura de São Caetano começa a cadastrar famílias para transferência de prédio ocupado

Na sexta-feira (4), a Justiça deu prazo de 24 horas para que a gestão municipal transfira as famílias para um espaço digno, com alimentação e higiene, sob

JUSTIÇA
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Redação Publicado em 05/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h30


Justiça de SP deu prazo de 24 horas para que prefeitura retire famílias que ocupam unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e as encaminhe para espaço digno, com alimentação e higiene; em caso de descumprimento, a multa diária é de R$ 10 mil.

A Prefeitura de São Caetano do Sul, no ABC paulista, começou a cadastrar as famílias que ocupam um Centro de Referência da Assistência Social (Cras) desde a última quarta-feira (2) para que possam ser levadas para um abrigo.

Na sexta-feira (4), a Justiça deu prazo de 24 horas para que a gestão municipal transfira as famílias para um espaço digno, com alimentação e higiene, sob pena de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Cerca de sessenta pessoas ocupam o local, sendo dez crianças. As famílias temem que nem todos consigam entrar no cadastro da prefeitura, já que muitos que saíram da ocupação foram impedidos de voltar. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) acompanha a situação na porta do local.

“Só querem levar [para o abrigo] o pessoal que está lá dentro. Mas tá todo mundo junto, não é só o pessoal que está lá. Nós também estávamos lá dentro, mas a gente teve que sair para trabalhar e não deixaram a gente retomar”, diz Suzana Vieira Mendes.

Os moradores da ocupação afirmaram que a GCM vinha impedindo acesso a água e comida. Neste sábado (5), as famílias afirmaram que a situação mudou um pouco e que durante a noite algumas pessoas puderam cruzar o portão para levar comida.

Uma assistente social também compareceu ao local para iniciar o cadastro de quem vai para o abrigo.

O chefe de gabinete da prefeitura diz que dois terrenos já foram oferecidos à CDHU para a construção das habitações populares e que, enquanto elas não saem do papel, a ideia é inscrever as famílias em um programa social.

“A gente ofereceu para os 102 moradores que lá habitavam uma preferência nesse programa, que chama-se ‘Mais oportunidade’, que prevê que a pessoa trabalhe quatro dias da semana, faça o curso de recolocação no mercado em um dia da semana, e ganhe 2/3 de um salario mínimo e uma cesta básica”, diz Bruno Vassari.

Quem já trabalha, não acha que a medida é suficiente. “Está todo mundo sem casa. A gente está em casa de favor. Como que a gente vai ficar só em casa de favor dos outros? Isso quem tem lugar para ficar, porque tem muitos que não tem né?, diz Suzana Vieira Mendes.

Pelas contas da Prefeitura de São Caetano do Sul, cerca de vinte pessoas continuam dentro do Cras. A prefeitura disse que vai organizar um alojamento para as famílias em um clube do município, e que a oferta será para todos os antigos moradores do condomínio Di Thiene.

Sobre a construção das novas moradias, a CDHU disse que está esperando a prefeitura complementar a documentação dos terrenos oferecidos.

Aguardando por moradia

As famílias que ocupam o prédio foram removidas de um imóvel em 2019, o condomínio Di Thiene. Elas viviam em um prédio no bairro Fundação, que foi demolido após o desabamento de uma laje.

No mesmo ano, a Prefeitura de São Caetano ofereceu dois terrenos à Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU) para a construção de unidades habitacionais que atendesse as 101 famílias que moravam no prédio.

Segundo o chefe de gabinete de São Caetano do Sul, Bruno Vassari, a construção está sendo impedida por conta de problemas burocráticos. “Sempre nos pedem um complemento de documentação, por isso essa construção ainda não ocorreu. Mas estamos batalhando para acontecer o mais rápido possível.”

A CDHU informou que aguarda a prefeitura encaminhar a complementação dos documentos para a análise da construção das moradias.

Até janeiro deste ano, as famílias receberam um auxílio aluguel de R$ 400, mas o valor deixou de ser pago. Segundo as famílias, havia uma promessa feita pela prefeitura de que eles seriam contemplados com moradias populares, mas isso nunca aconteceu.

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Fontes: G1 – Globo.

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