Seis dos sete mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo tiveram déficit de chuvas no mês de abril, aproximando os reservatórios de água a
Redação Publicado em 02/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h29
Seis dos sete mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo tiveram déficit de chuvas no mês de abril, aproximando os reservatórios de água a níveis semelhantes ao período pré-crise hídrica, em 2013, de acordo com o monitoramento da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
No Sistema Cantareira, só choveu 10,8% do esperado em abril, um déficit de 89,2%. A falta de chuvas preocupa especialista, que vê possibilidade de nova crise de abastecimento em 2022.
Além de ter chovido pouco, a previsão é de que nos próximos meses, tradicionalmente mais secos, chova ainda menos. Além da possibilidade de faltar água, outra consequência da falta de chuvas é a conta de luz ficar mais cara, pois a redução de capacidade de geração hidroelétrica faz com que se use mais a geração térmica – e esta tem custo operacional maior.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)anunciou na sexta-feira (30) que a conta de luz vai ficar mais cara no país já a partir de maio. O país passará para a bandeira vermelha 1, o que significa que será cobrada uma taxa adicional mais alta, de R$ 4,169 para cada 100 kWh.
De acordo com a Aneel, o motivo para o preço maior é que os reservatórios das principais usinas hidrelétricas do país já estão baixos, mesmo ao fim da temporada de chuvas. O cenário, diz a agência, sinaliza um “patamar desfavorável de produção” de eletricidade – quanto menos água guardada, maior a necessidade de acionamento das termelétricas, que são mais caras.
O volume total de água armazenado em todos os mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo neste sábado (1º) é 9% menor do que em 1º de maio de 2013 e 18% menor do que em 1º de maio de 2020.
Na cidade de São Paulo choveu apenas 64,5% do esperado para todo o mês de abril, de acordo com análise de Pedro Luiz Côrtes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).
“Em todo o mês de abril, choveu muito pouco no Sistema Cantareira com apenas 10,8% do esperado. E essa redução de chuvas foi verificada também em outros mananciais. No Sistema Alto Tietê choveu apenas 45,8%, no Guarapiranga choveu apenas 66,2%. É uma situação mais generalizada e que levou a Aneel a adotar a bandeira vermelha, pois identificou risco hidrológico em outras bacias e sistemas”, explica Côrtes.
O Cantareira abastece, por dia, cerca de 7,5 milhões de pessoas, ou 46% da população da Região Metropolitana de São Paulo, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que regulamenta o setor. O sistema é formado por sete reservatórios: Águas Claras, Atibainha, Cachoeira, Jacareí, Jaguari, e Paiva Castro e São Lourenço.
Além do Cantareira, outros seis sistemas abastecem a Região Metropolitana de São Paulo: Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço.
Apenas o sistema Rio Claro teve alta de chuvas em abril. Confira abaixo o déficit de chuvas dos mananciais em relação ao esperado para o mês de abril, de acordo com dados da Sabesp:
Seca de 2003 revelou que margens da represa do Atibainha, que integra Sistema Cantareira, servia como desmanche de carros. — Foto: Silas Basílio/ TV Vanguarda
Nesta sexta-feira (30) o Sistema Cantareira operava com menor capacidade na comparação com a mesma data do ano passado e com 2013, momento de pré-crise hídrica, de acordo com dados da Sabesp:
A situação atual aponta, portanto, para uma nova crise hídrica no ano que vem, de acordo com Côrtes. O agravante da situação é que a previsão é de redução de chuvas até o final do ano.
“Essa previsão de redução no volume de chuvas se estende ao longo do segundo semestre e indica uma maior probabilidade de um verão mais seco com a possível volta de um La Niña. Na Região Metropolitana de São Paulo, a situação atual não representa riscos para o abastecimento este ano. Entretanto, poderemos ter problemas já em 2022 se houver redução no volume de chuvas no verão, conforme indicam os prognósticos climáticos”, afirma Côrtes.
O La Niña é um fenômeno natural que, ao contrário do El Niño, diminui a temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico tropical central e oriental. Mas, assim como o El Niño, gera uma série de mudanças significativas nos padrões de precipitação e temperatura no planeta.
No Brasil, o La Niña é responsável por levar mais chuva ao Norte e ao Nordeste – em 2021, especificamente, isso deverá ocorrer com intensidade maior no Norte que no Nordeste. Por outro lado, o fenômeno reduz as chuvas na porção Sul do Brasil, e isso pode ter repercussão em São Paulo.
Em nota, a Sabesp informou que não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo, mas reforça a necessidade do uso consciente da água em qualquer época.
De acordo com a Companhia, o sistema de abastecimento é integrado, permitindo transferências rotineiras entre regiões desde a crise hídrica, quando foram feitas obras como a interligação Jaguari-Atibainha (que traz água da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira) e o novo Sistema São Lourenço.
Além das obras e ações, campanhas sobre o uso consciente são veiculadas ao longo do ano.
Nesta sexta-feira (30), o Sistema Integrado operava com 59,1% da capacidade, nível similar, por exemplo, aos 62,1% de 2018, quando não houve problemas. A projeção da Sabesp aponta níveis satisfatórios para passar pela estiagem (maio a setembro), mas, mais uma vez, a Companhia reforça a necessidade de uso consciente da água em todo o estado.
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Fonte: Ge – Globo Esporte.
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