Marcus Vinicius de Freitas
Redação Publicado em 17/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h11
Marcus Vinicius de Freitas
Eram 14h46 minutos, em 11 de março de 2011, quando a costa nordeste do Japão foi atingida por uma tragédia, que levou à morte ou desaparecimentocerca de 18.500 pessoas: um terremoto de 9.0, na escala Richter, o 5º maior registrado na história, além de um tsunami, quecausaram o derretimento da planta nuclear de Fukushima Daiichi. Foi, sem dúvida, o maior desastre natural ocorrido neste já tão sofrido século XXI. Cerca de 500 mil pessoas perderam suas casas e algumas até hoje não puderam retornar ao seu lar. Para recordar o momento, os japoneses, 10 anos depois, no mesmo horário e dia, recordaram o desastre e os entes queridos falecidos.
Na ocasião, o Primeiro–Ministro, Suga Yoshihide, relembrou aos japoneses sobre a insuportável tragédia, a importância de jamais esquecer as lições aprendidas, arelevância da continuidade do auxílio àqueles que sofreram perdas e, principalmente, a necessidade dareconstrução, com coragem e esperança.
As palavras do Imperador Naruhito, enfatizaram a importância de recordar a inesquecível tragédia para reconhecer a resiliência de um povo construída, principalmente, a partir da cooperação e do auxílio mútuo. Este compromisso coletivo éfundamentalàconstrução de um país fortalecido para o futuro. Afinal, sempre ocorrerão novas tragédias ao longo da saga humana. Em todo este processo, o Japão gastou, até o momento, US$ 295 bilhões para a recuperação da região de Fukushima, com a construção de estradas, casas e barreiras de proteção, além do apoio à sobrevivência da população.
O desastre brutal levou alguns a questionarem, equivocadamente,a importância da energia nuclear. Este é, sem dúvida, um debate importante, porém cabe ressaltar que a energia nuclear representa um fator importante no processo de crescimento econômico, além de ser de vital importância, em todo e qualquer debate sobre sustentabilidade e resiliência.
A energia nuclear é, após a hidrelétrica, a maior fonte de energia limpa. As usinas nucleares não emitem gás carbônico ou poluem o ar durante seu funcionamento. Seu impacto na produção de carbono é quase tão baixo quanto às energias renováveis. A Agência Internacional de Energia (AIE) reconheceu que, nos últimos 50 anos, a energia nuclear impediu que fossem criadas 60 giga–toneladas de carbono. Caso esta inexistisse, a fonte, certamente, teria origem fóssil, com um impacto significativo na emissão de carbono e maior poluição da atmosfera, com milhões de mortes e variadas degenerações respiratórias. Por esta razão que o debate sobre a energia nuclear é, particularmente relevante, num mundo em que, pouco mais de 400 reatores, produzem 10% da energia global, e que se questiona quanto ao impacto da mudança climática.
A solução da descarbonização da economia global passa pela revitalização do uso da energia nuclear, no futuro. Claro que esta situação enfrentará percalços e desafios, particularmente no tocante a três aspectos fundamentais do debate sobre os perigos da energia nuclear: os acidentes e seus impactos devastadores, como foi o caso de Fukushima; a proliferação, com o uso para fins militares e não pacíficos; e a situação do detrito gerado e o seu armazenamento de modo seguro, uma vez que, até hoje, não se logrou uma forma viável de descarte permanente do material radioativo, da mineração ao enriquecimento e do combustível utilizado.
No entanto, mais do que o debate sobre o uso ou não da energia nuclear, o fato nos leva a pensar como o Brasil teria enfrentado uma situação semelhante. Lideranças fazem toda a diferença no momento de enfrentar grandes tragédias. No momento em que a tragédia da Covid-19 se intensifica no Brasil, é surpreendente que, até o momento, não haja despontado – ou encontrado repercussão na mídia – a ação de lideranças para confortar o País e incentivá-lo a cooperar e atingir melhores resultados.
A realidade é que o dia seguinte desta trágica pandemia – que deverá perdurar por mais algum tempo e com impactos duradouros – precisa contar com estratégias efetivas para retomada de crescimento e bem-estar coletivo. O Brasil é um país rico, com abundância de recursos naturais, e é, de fato,uma potência global. Para assegurar o crescimento econômico do País, a questão da energia nuclear deverá retornar à discussão. Será que nossas lideranças políticas saberiam administrar um caos nuclear como foi Fukushima? Talvez esta trágica pandemia da Covid-19 sirva para reflexão do tipo de lideranças que temos e as que, efetivamente, precisamosno Brasil.
Marcus Vinicius de Freitas, Advogado e Professor Visitante, Universidade de Relações Exteriores da China
Leia também
Após deixar casa de Madonna, filho da artista sobrevive buscando restos de comida
Suposto vídeo de Mel Maia fazendo sexo com traficante cai na rede e atriz se manifesta
Ex-panicat é detida após confusão em posto de gasolina e conflito com a polícia
Marcelo Lima cresce e amplia vantagem em São Bernardo
ONLYFANS - 7 famosas que entraram na rede de conteúdo adulto para ganhar dinheiro!
Banco Central informa nova data para lançamento do Pix Automático
Saiba como mudar temporariamente seu local de votação
SP abre quase 10 mil vagas para cursos profissionalizantes; veja como se inscrever
Veja o pronunciamento de Obama sobre a desistência de Biden: "Exemplo histórico"
“Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora", diz Lula