Uma equipe médica do Hospital Geral Dr. César Cals, em Fortaleza, ajudou a salvar a vida de uma mãe que estava grávida de seis meses e meio, mas teve uma
Redação Publicado em 06/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h03
Uma equipe médica do Hospital Geral Dr. César Cals, em Fortaleza, ajudou a salvar a vida de uma mãe que estava grávida de seis meses e meio, mas teve uma complicação pulmonar severa em decorrência da Covid-19. Entubada em uma UTI, a mulher passou por uma cesariana, nessa quinta-feira (4), e a criança nasceu prematura.
A obstetra Sabrina Forte, de 30 anos, publicou o relato em uma rede social, de forma emocionada, e contou ao G1 que a criança já consegue respirar por conta própria, e a mãe vem melhorando seu quadro clínico.
A paciente estava internada na enfermaria do hospital para tratamento de Covid-19 e estava prestes a voltar para casa para continuar a gerar a filha, porém, teve o seu quadro agravado “drasticamente”. De uma quase alta, a mãe, de 24 anos, foi transferida para um leito de UTI. Com o acometimento pulmonar seríssimo, a equipe médica teve de fazer o parto.
“Fizemos uma cesárea dentro da UTI, e o bebê já não estava com tanto oxigênio porque a mãe estava entubada. Quando eu tirei a bebê, ela já roxinha, aparentemente morta, foi uma angústia”, narra Sabrina.
A médica continuou a cuidar da mãe para finalizar a cesárea, enquanto o bebê foi enviado à sala de cuidados. “Quando, de repente, as meninas gritam: ‘doutora, tá viva!’. É uma sensação que eu não consigo explicar, meus olhos marejados – nossa! – parece que sai um peso das costas”, diz.
A menina de 1,085 kg não conseguia respirar, segundo a médica, por causa da prematuridade, por isso, também foi entubada e vem recebendo os cuidados médicos no hospital. Nesta sexta-feira (5), a bebê já conseguia respirar sem o tubo e até começou a receber leite.
A mãe também está respondendo “super bem”, segundo a obstetra. Ela foi transferida de UTI, mas os medicamentos já estão começando a ser retirados para que acorde logo. Do lado de quem cuida, Sabrina só consegue agradecer:
“Quando gritaram que ela tava viva, pra mim, é como se fosse um suspiro de esperança, de que eu tô no lugar certo, na hora certa e meu trabalho tá sendo útil. É como se tudo tivesse feito sentido. Eu até disse pra minha mãe esses dias: se eu morrer da Covid, fiz o meu trabalho, fiz exatamente o melhor que eu sei fazer”, desabafa.
Sabrina trabalha na linha de frente da Covid-19 desde que o novo coronavírus chegou ao Ceará, em março de 2020. Há um ano, ela já teve pacientes com casos muito graves e que até perderam bebês durante as internações. No Hospital César Cals, a médica já viu alas lotadas no mês de julho passado em decorrência da pandemia.
Em setembro, os números de mulheres grávidas ou que acabaram de ter um bebê reduziram drasticamente, mas, conforme ela, vêm subindo nos primeiros meses deste ano. “Do ano passado para agora, as pacientes estão mais graves. Você prepara a alta, quando, de repente, elas afundam. A fase inflamatória, que é o momento mais crítico, a partir do 8º e 10º dia, é quando elas pioram, que foi o que aconteceu com a Leidiane”.
Dados da plataforma Integrasus, gerenciada pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa-CE) apontam que quatro gestantes e oito puérperas faleceram por Covid-19 em Fortaleza desde o início da pandemia. No Ceará, foram 14 e 17, respectivamente. Atualmente, o Hospital Geral Dr. César Cals, está com 80% dos leitos de UTI exclusivos para a doença ocupados e 77% dos de enfermaria.
Com o aumento de casos e internações, Sabrina fez um alerta nas redes sociais. “Reparei, no censo, que a paciente mais velha da UTI tem a minha idade e olha que eu sou um brotinho. Acabou essa história de ‘grupo de risco’. Ferrou geral. Quer ajudar? Enfie a máscara na fuça de quem você conhece, guarde seus pais e julgue sim os coleguinhas das festas proibidas. O caos não está para brincadeira e a parte desesperadora é que não tem leito pra todo mundo. Nem caixão.”
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Fonte: G1 – Globo.
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