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Dia Mundial da Atividade Física

Passamos por uma pandemia prolongada na qual o sedentarismo era caracterizado como um risco aumentado de mortalidade pelo Covid-19. No entanto, esse período

Dia Mundial da Atividade Física
Dia Mundial da Atividade Física

Redação Publicado em 06/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 10h57


Passamos por uma pandemia prolongada na qual o sedentarismo era caracterizado como um risco aumentado de mortalidade pelo Covid-19. No entanto, esse período foi associado ao aumento das taxas de sedentarismo e nós cardiologistas estamos vendo o resultado em pacientes de menor idade, apresentando desfechos cardiovasculares.

Nos Estados Unidos, estima-se uma mortalidade de 250 mil óbitos ao ano associado ao sedentarismo de acordo com a Sociedade Americana de Cardiologia. O sedentarismo é considerado como um dos principais fatores de risco modificado para mortalidade geral no mundo inteiro. A atividade física melhora a capacidade cardiovascular, prevenção de hipertensão, diabetes, eventos cardiovasculares e seus benefícios são presentes em todas as idades, independentemente do sexo.

Após esse período longo de pandemia, temos uma quantidade enorme de pessoas que tiveram Covid-19, mesmo manifestações leves, que é a forma mais comum da doença,  que estão com dúvidas e dificuldades de voltar a realizar uma atividade física. Estudos recentes mostram que mesmo após 1 ano e em pessoas que tiveram inclusive manifestação leve de Covid-19, classificada como não necessidade de internação hospitalar, vem tendo efeitos cardiovasculares tardios como aumento da incidência de hipertensão, arritmias etc.

Em pacientes que tiveram infarto, o primeiro destaque a ser considerado é que pacientes pós evento que entram em um  processo de reabilitação cardíaca e intervenção hospitalar, tenham recuperações melhores e mais rápidas do que pacientes que não fizeram.

No momento logo após o infarto, existe um período de recuperação que varia de acordo com a severidade do evento. Temos infarto com oclusões totais, com uma morte celular e uma lesão muscular mais rápida e intensa, isso muitas vezes pode culminar em uma disfunção da função global do coração, uma queda no seu funcionamento e temos infartos de menor gravidade que não tem uma oclusão total e muitas vezes tem uma recuperação muito mais rápida. Em virtude disso, o período de recuperação e repouso antes de voltar a atividade física é variável e deve-se sempre consultar e conversar com o cardiologista do paciente.

Durante atividade física, há estímulo do sistema nervoso, chamamos de simpático que aumenta a frequência cardíaca, aumenta a pressão arterial e um paciente que acabou de ter uma redução abrupta de fluxo de sangue para o coração, nós expressamos mais ainda um coração que já está em sofrimento, isso pode agravar o que chamamos de isquemia principalmente de lesões remanescentes que muitas vezes perduram, e agravar o quadro pós infarto. É sempre recomendável um período de recuperação que varia muito de acordo com a gravidade e características pessoais do paciente.

Importante frisar que pacientes que têm infarto ou uma síndrome coronária aguda, uma estabilização de placa ou formação de coágulo em uma artéria coronária, pacientes que tem melhor condicionamento físico e tem esse evento, possuem um prognóstico melhor do que pacientes sedentários tem uma estadia mais curta de internação hospitalar. Então, mesmo que não tenha sido eficaz em prevenir a doença coronária, a atividade física determina um prognostico melhor na em pacientes que nunca praticaram.

As manifestações cardiovasculares do covid-19 muitas vezes presentes em exames mais específicos, como a ressonância cardíaca, podem, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, aparecer até 70 dias do diagnóstico de infecção. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda uma avaliação cardiológica com exames cardiovasculares principalmente antes de atividade física competitiva para pacientes pós covid-19 que incluir obrigatoriamente um eletrocardiograma, exames específicos, como avaliação de esforço físico.

A avaliação clínica deve envolver comorbidades prévias dos pacientes e a gravidade do quadro clínico de covid-19. Com essas constantes, avaliamos o paciente em baixo, moderado e alto. A recomendação é para exames mínimos a serem feitos no consultório do cardiologista, de acordo com a classificação. Pacientes que são classificados como casos leves, baixo risco, devem obrigatoriamente fazer um eletro e uma avaliação clínica. Nos casos moderados, há necessidade de maiores ferramentas de diagnóstico.

Se o exame da prova de exercício tiver normal, recomenda-se voltar à atividade física, 14 dias após o último sintoma em casos considerados como moderados. Os pacientes com quadro graves, pacientes que tiverem internações em UTI, necessidade de ventilação mecânica, tiveram alteração da função cardíaca durante a internação, são pacientes que devem ser avaliados, com eletrocardiograma, exame de uma prova de atividade física muitas vezes uma ressonância e se todos os exames normais liberação com atividade física, com 14 dias após o último sintoma.

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Dr. Fernando Menezes – Cardiologista da Medicina Interna Personalizada (MIP) CRM 133711
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