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Sexo

Após os 45, sexo deixa de ser sobre "desempenho" e vira maior busca de prazer

Segundo pesquisa, a partir dessa idade, a probabilidade de não se ter uma vida sexual ativa é maior

Segundo pesquisa, a partir dessa idade, a probabilidade de não se ter uma vida sexual ativa é maior - Imagem: Reprodução/Youtube VivaBem: O que é ser sexy depois dos 45? | VivaBem No Seu Tempo
Segundo pesquisa, a partir dessa idade, a probabilidade de não se ter uma vida sexual ativa é maior - Imagem: Reprodução/Youtube VivaBem: O que é ser sexy depois dos 45? | VivaBem No Seu Tempo

Ana Rodrigues Publicado em 03/11/2023, às 10h56


O que se espera de homens e mulheres aos 45 anos é que, elas já tenham superado encanações estéticas, que conheçam muito melhor seu próprio corpo e seus desejos e que tenham potencial para levarvidas sexuais plenas e realizadas.

Segundo o VivaBem, a verdade é que os estereótipos em torno dessa fase da vida fazem com que muitas pessoas se privem do prazer. A pesquisa "Prazeres Universa + Tech4Sex", entrevistou 1.000 mulheres por todo país e revelou que, a partir dessa idade, a probabilidade de não se ter uma vida sexual ativa é maior.

Para discutir sobre sensualidade, libido e sexo, houve um segundo painel no evento VivaBem no Seu Tempo e teve como tema "O que é ser sexy depois dos 45?". A conversa foi moderada pela jornalista e apresentadora Alicia Klein e teve uma participação da arquiteta e escritora Joice Berth, do ator Malvino Salvador e da psicóloga e sexólogaAna Canosa.

A gente sabe que a sensualidade não tem data pra acabar, não tem prazo de validade, mas à medida que a gente envelhece, isso vai sendo ressignificado. O que muda? O que é ser sexy?", questionou Alicia Klein ao abrir o painel.

Joice Berth afirmou que, entre todas as definições que se pode dar, a mais importante é que ser sexy é estar bem dentro da própria pele.

Assim, você faz com que todo mundo que esteja ao seu redor, interagindo com você, se sinta agradável por estar ao seu lado", completou ela.

Já para Malvino Salvador, o conceito tem mais a ver com o estado de espírito da pessoa do que o físico.

A autoconfiançae a autoestima deixam qualquer um sexy. Eu sempre vivi tudo o que eu quis viver em todas as fases da minha vida e não tenho recalque algum. Isso faz com que eu me sinta presente no momento atual. Hoje, talvez eu me sinta até mais sexy do que eu me sentia antes", afirmou Malvino.

Porém, os convidados reconhecem que, para muita gente, os estereótipos que circulam pela sociedade afetam a autopercepção e limitam a maneira como as pessoas experimentam ser sexy.

Os estereótipos são tão naturalizados que lidamos com eles sem nem perceber. Mas faz muito bem questionarmos os incômodos. Se você se olhar no espelho ou na hora do sexo e de repente dá uma travada porque lembra que tem uma estria, uma celulite, vale se questionar por que que isso é tão importante. Eu acho que todo mundo sai perdendo numa sociedade onde as crenças limitantes correm soltas. Por isso, acho que o boom da diversidade é altamente libertário: por que que eu não posso gostar de uma pessoa que é mais gordinha, mais escura, mais clara?", perguntou Berth.

Segundo Ana Canosa, aceitar as mudanças do envelhecimento e adaptá-las é fundamental para continuar sentindo prazer. A psicóloga contou sobre sua experiência com menopausa e durante o período, a psicóloga se sentia mais cansada e seu ser desejante no mundo foi afetado, onde também percebeu um estranhamento visual do corpo.

Há um certo luto, inclusive porque a resposta sexual muda no envelhecimento".

Ainda segundo ela, a diferença com o passar dos anos é que colocamos o sexo em "outro lugar".

Não é mais o 'sexo do desempenho', o 'sexo da narrativa'. Já foi isso, gente. Agora é outra coisa. É como é que eu faço para estar bem? Como eu faço para meu parceiro ou minha parceria também estarem bem?", afirmou a sexóloga.

Para isso, Berth ainda destacou a importância de descolar os conceitos de autoestima e vaidade.

Autoestima não é aquela coisa de você se olhar no espelho e achar que está lindo, maravilhoso, com tudo em cima, mas, sim, a qualidade da relação que você tem com você mesmo. E isso inclui generosidade com suas falhas, com as imposições, como ruguinhas e flacidez ali. A autoestima nesse sentido fortalece para que não se caia nas armadilhas dos estereótipos etaristas".

Questionada sobre quando se sente sexy, Berth contou que é quando está feliz, arrumada, com pessoas bacanas, batendo papo e quando realiza coisas e vence desafios.

Em algumas práticas sexuais, em alguns momentos, quando eu quero brincar sobre ser muito sexy, muito sedutora, eu acho que aí eu me sinto também", respondeu Canosa.

Malvino relatou que é movido por desafios.

Eu me sinto muito poderoso quando consigo realizar coisas. E quando eu tenho essas conquistas, sejam no âmbito profissional ou pessoal, eu me sinto muito bem. Por exemplo, quando eu fiz a minha primeira novela na Globo, me mudei para o Rio de Janeiro".

E, questionado de como mantém o desejo com a rotina de quatro filhos, Malvino acredita que o mais importante é a admiração pelo parceiro ou parceira e que assim, vem naturalmente, num olhar.

Canosa destacou também a "memória erótica".

É aquele registro que você faz da sensualidade da outra pessoa. Então, você pode estar casado há vinte anos, mas na hora do encontro sexual você olha para a sua parceria com a 'memória erótica' que você construiu lá atrás e acontece. É a pessoa com quem você está reclamando do boleto, com quem você brigou, reclamou, mas na hora do sexo?".
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