Nas primeiras semanas de depoimentos, a CPI da Covid no Senado ouviu relatos de que houve uma tentativa de mudar a bula da cloroquina para incluir a indicação
Redação Publicado em 15/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 17h12
Nas primeiras semanas de depoimentos, a CPI da Covid no Senado ouviu relatos de que houve uma tentativa de mudar a bula da cloroquina para incluir a indicação do seu uso no tratamento contra Covid-19 mesmo sem ter eficácia e que a proposta de vacina da farmacêutica Pfizer ficou dois meses sem resposta do governo Bolsonaro.
Em funcionamento desde abril, a comissão parlamentar de inquérito tem o objetivo de investigar a atuação do Executivo no enfrentamento da pandemia, além do uso de recursos federais pelos estados e municípios.
Os depoentes ouvidos até agora contaram que:
Foram ouvidos pela CPI os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich; o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga; o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres; o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten; e o gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo.
Veja os principais pontos debatidos na CPI:
O ex-ministro Mandetta relatou que o governo federal recebia um “assessoramento paralelo” ao Ministério da Saúde no combate à pandemia. Segundo ele, as orientações desse gabinete extraoficial iam na contramão do que a sua pasta, responsável pela área, defendia em relação às regras sanitárias, como o distanciamento social.
O ex-secretário Fabio Wajngarten contou que tomou a iniciativa de procurar a Pfizer após saber que a proposta da farmacêutica havia sido ignorada pelo governo brasileiro. Ele chegou a participar de reuniões com representantes da empresa para tratar do assunto.
Para o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), a atuação de Wajngarten representa a “prova da existência” de um grupo de pessoas de fora do Ministério da Saúde atuando para assessorar Bolsonaro.
À CPI, o representante da Pfizer, Carlos Murillo, confirmou, por exemplo, que Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente que é vereador da cidade do Rio de Janeiro, chegou a participar de uma reunião com a sua equipe para tratar da compra de vacinas.
Mandetta também disse que viu diversas vezes Carlos Bolsonaro participando e fazendo anotações em reuniões ministeriais.
Mandetta contou ainda sobre uma reunião em que se discutiu uma minuta de decreto para mudar a bula da cloroquina a fim de prever o seu uso no combate à Covid.
A reunião foi confirmada pelo diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres. Ele disse que de imediato reagiu à proposta de alterar a bula afirmando que não seria possível.
O ex-ministro Nelson Teich também foi ouvido. Ele contou que decidiu deixar o cargo justamente por ter se sentido pressionado por Bolsonaro a promover o uso da cloroquina.
O atual ministro da pasta, Marcelo Queiroga, evitou falar sobre a cloroquina, o que irritou senadores, que avaliam chamá-lo novamente.
Em seu depoimento, o ex-secretário Fabio Wajngarten confirmou que uma carta da Pfizer questionando o governo brasileiro sobre o interesse na aquisição de vacinas ficou dois meses sem resposta.
Carlos Murillo, da Pfizer, confirmou o envio da carta e relatou ainda que a farmacêutica tentou por seis vezes, sem sucesso, vender o imunizante ao governo brasileiro.
Segundo ele, se a primeira oferta, feita em agosto do ano passado, tivesse sido aceita, 18,5 milhões de doses poderiam ter sido, em tese, entregues até o 1º trimestre deste ano.
Na próxima semana, estão previstos os seguintes depoimentos:
Ele deverá ser questionado sobre os atritos na relação entre Brasil e China durante a sua gestão e o impacto disso na compra de insumos para a produção de vacinas.
Um dos depoimentos mais aguardados, ele foi o ministro que mais tempo ficou no cargo. Foi durante a gestão dele que a Pfizer fez as ofertas de vacina para o Brasil e que ficaram sem repostas do governo. Ele também deve ser perguntado sobre a gestão da crise no Amazonas com gerada pela falta de oxigênio.
A médica é conhecida nas redes sociais como “Capitã Cloroquina” por defender o uso desse medicamento contra a Covid mesmo após estudo apontar que não tem eficácia contra a doença.
.
.
.
Fonte: G1 – Globo.
Leia também
Manifestantes barram passagem de Bolsonaro em Rodovia no Pará
Membro do partido Democrata pede que Biden abandone sua candidatura
Governo busca proibir Meta de usar dados de usuários para treinar IA
Andressa Urach utiliza briga entre Lula e Bolsonaro como inspiração para novo pornô; entenda
Ex-mulher de Tim Maia faz revelação bombástica sobre único herdeiro do cantor
Projeto com multa de R$ 17,6 mil para quem doar comida continua em tramitação; sistema comprova
“Ninguém vai me forçar a sair”, diz Biden sobre eleições presidenciais
Dólar cai após semanas em meio a reuniões de Lula e Haddad
"Responsabilidade fiscal é compromisso" diz Lula em meio a discordâncias com o BC
Inquérito de apuração da morte de Gal Costa é concluído