Diário de São Paulo
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ENDURECIMENTO

Governo federal propõe penas mais duras para crimes ambientais

Estratégia surgiu como resposta ao aumento do número de queimadas registrado no Brasil neste ano

Governo federal propõe penas mais duras para crimes ambientais - Imagem: Reprodução / G1 / Lucas Tavares
Governo federal propõe penas mais duras para crimes ambientais - Imagem: Reprodução / G1 / Lucas Tavares

William Oliveira Publicado em 16/10/2024, às 10h33


Em resposta ao aumento expressivo no número de queimadas registrado no Brasil neste ano, o governo federal está implementando uma estratégia robusta para prevenir futuras crises ambientais. Na terça-feira (15), foi encaminhado ao Congresso Nacional um projeto de lei que visa endurecer as penalidades para infratores das normas ambientais vigentes.

A proposta atualiza a Lei nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, estabelecendo penas mais severas para aqueles que provocam incêndios. Se aprovada, a nova legislação poderá impor reclusão de até seis anos e multa aos responsáveis, em contraste com a punição atual, que varia entre dois a quatro anos de detenção e multa.

Para que essa iniciativa se torne efetiva, o texto deverá passar pela aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado antes de ser sancionado pelo Presidente. O líder governista na Câmara, José Guimarães (PT-CE), apresentou um requerimento de urgência visando acelerar o processo legislativo.

Atualmente, os crimes ambientais são regulamentados pela Lei 9.605/1998, na qual a pena máxima é de reclusão de cinco anos para danos causados direta ou indiretamente em áreas de conservação. Entre as penalidades mais rigorosas da legislação vigente estão aquelas para maus-tratos a cães e gatos, também passíveis de reclusão de até cinco anos.

No caso específico de incêndios florestais, a legislação atual prevê pena de até quatro anos de prisão. Com o novo projeto do governo, essa pena pode ser elevada para até seis anos de reclusão e multa adicional.

Uma das estratégias centrais para aumentar o rigor das penalidades é substituir o regime de detenção pelo de reclusão. De acordo com o governo federal, tal mudança permitirá investigações mais detalhadas, incluindo interceptação telefônica e o enquadramento dos responsáveis como parte de organizações criminosas.

Durante o período crítico dos incêndios, o governo federal enfatizou a importância da investigação e punição rigorosa dos culpados pelas queimadas. A prolongada seca levou estados e o Distrito Federal a proibir o uso controlado do fogo para manejo e limpeza agrícola. Em resposta a esse cenário adverso, o governo reforçou a necessidade de agravamento das sanções.

Em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou medidas que aumentaram as penalidades para incendiários criminosos. As multas podem atingir R$ 10 mil por hectare em áreas florestais nativas e R$ 5 mil em florestas cultivadas.

Além disso, o decreto impõe sanções aos proprietários rurais que não adotarem ações preventivas ou combativas contra as queimadas. As multas para tais negligências podem variar entre R$ 5 mil e R$ 10 milhões.

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