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Professor mostra faca para aluno em confusão na Unicamp

O docente alegou que agiu em legítima defesa

O professor alegou que agiu em legítima defesa - Imagem: Reprodução/"X" @eptvoficial
O professor alegou que agiu em legítima defesa - Imagem: Reprodução/"X" @eptvoficial

Ana Rodrigues Publicado em 04/10/2023, às 10h49


Na manhã da última terça-feira (3), um professor universitário da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou uma faca para aluno durante uma confusão.O estudante afirmou que o docente o agrediu e tentou esfaqueá-lo durante uma manifestação, o professor alegou que agiu em legítima defesa.

Segundo o G1, em um vídeo publicado nas redes sociais é possível ver o momento em que o docente e outro aluno aparecem brigando no chão, enquanto é possível ouvir os outros alunos gritando.

A confusão começou por volta das 7h, quando alguns estudantes visitavam as salas da Unicamppara chamar outros alunos para uma paralisação. O professor Rafael de Freitas Leão teria pedido que os alunos saíssem, o que acabou gerando um desentendimento. Um aluno disse que, nesse momento, o docente o agrediu. Ao EPTV, afiliada da TV Globo, a defesa do docente confirmou que ele levava uma faca e um spray de pimenta, mas que usou apenas para se defender.

Gustavo Bispo, tem 20 anos e é diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), onde ele afirma ter sido o primeiro alvo das agressões. Ao EPTV, ele contou que o professor agiu com violência logo que entrou na sala para explicar os motivos da paralisação.

A gente ia dialogar pedindo para esses professores cancelarem as aulas. Eu cheguei na sala primeiro do que ele, parei na porta e falei: 'professor, podemos conversar, posso explicar pra vocês essa paralisação?'. Não houve nem resposta. Ele já falou: 'sai da minha frente'", afirmou o aluno.

Rafael de Freitas Leão é professor do Instituto de Matemática da Unicamp e disse à polícia que em 2016 sofreu ameaças de alunos. Por esse motivo, carregava um spray de pimenta e faca para se defender. Informou que ao chegar na instituição pela manhã, viu um grupo de alunos se aglomerando na entrada da sala. Segundo o boletim, ao tentar entrar na sala, foi abordado por Gustavo, que teria dito que ele não daria aula em decorrência da paralisação.

Ainda em depoimento, Leão disse que o aluno o empurrou e, por esse motivo, pegou a faca e o spray de pimenta. O rapaz teria se afastado e ele guardou o armamento. O docente afirmou que muitos jovens se aglomeraram ao seu redor, incluindo João, que teria chamado os alunos para avançarem contra ele. Por medo de ser linchado, conta que usou o spray de pimenta. Seguranças se aproximaram e o levaram para uma sala, onde esperou a Polícia Militar.

O Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Unicamp sugeriu na segunda-feira (2), que os docentes considerassem a possibilidade de suspensão das aulas na terça-feira (3), devido a paralisação dos alunos. Contudo, a sugestão não foi acatada pelo professor. Em nota, o Conselho Interdepartamental (CI) do IMECC lamentou o ocorrido e repudiou os atos de violência praticados por um de seus docentes durante a paralisação das atividades discentes.

Ainda segundo o instituto, o assunto da paralisação foi pautado na segunda-feira em uma reunião do CI e, após discussão, no intuito de minimizar possíveis conflitos ou situações desconfortáveis entre docentes e estudantes, foi decidido pelo envio de uma mensagem para a lista de e-mail de docentes sugerindo que levassem em consideração a possibilidade de suspensão das aulas nesta terça.

Em postagem em redes sociais, a Pró-Reitoria de Graduação (PRG) manifestou repúdio às atitudes do professor, e disse que se posiciona pela aplicação imediata dos procedimentos administrativos e legais necessários, compatíveis com a gravidade do caso.

A PRG vem a público manifestar repúdio às atitudes de um servidor docente, amplamente divulgadas nas redes sociais e na mídia nacional, de: ir armado para a sala de aula; tentar infligir uma facada em um estudante; atacar outro estudante com spray de pimenta".

O boletim de ocorrência foi registrado no plantão policial do 1º Distrito Policial como lesão corporal e incitação ao crime, tendo Rafael como vítima e Gustavo como autor. O caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal.

Por meio de nota, a Reitoria da Unicamp informou que repudia "os atos de violência praticados no campus de Barão Geraldo". Disse ainda que: "a conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis".

Ressalte-se, ainda, que a Reitoria vem alertando que a proliferação de atos de violência com justificativa ou motivação política não é salutar para a convivência entre diferentes. É preciso, nesse momento, calma e serenidade para que os conflitos sejam tratados de forma adequada e os problemas, dirimidos".
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