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Polícia

Polícia inclui foto de ‘Chavoso da USP’ em álbum de suspeitos mesmo sem investigação alguma

Thiago Torres é um estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo

Thiago Torres, também conhecido como Chavoso da USP - Imagem: reprodução Instagram
Thiago Torres, também conhecido como Chavoso da USP - Imagem: reprodução Instagram

Manoela Cardozo Publicado em 26/12/2022, às 11h09


Thiago Torres é um estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), além de ser influenciador digital e palestrante de política.

Conhecido como 'Chavoso da USP', ele teve sua foto incluída em uma lista de reconhecimento de suspeitos, sem ao menos ser investigado por qualquer crime.

A imagem, que faz parte de um inquérito da Polícia Civil que investiga um caso de sequestro na cidade de São Paulo, consta no inquérito desde outubro deste ano.

Thiago apenas ficou sabendo do caso porque Bruno Santana, advogado criminalista e amigo da vítima, reconheceu sua foto enquanto analisava o referido processo.

Assim que recebeu a informação, ele concedeu uma entrevista ao G1 e explicou que ficou muito surpreso com o ocorrido: "É mais uma face desse racismo institucionalizado, desse racismo estrutural, do preconceito com moradores de periferia e de favela de um modo geral, com o preconceito com a nossa forma de se vestir e com os estereótipos que a gente carrega para esse sistema construído pela mídia".

Em explicação, a polícia diz que está amparada pelo artigo 226, inciso II, do Código de Processo Penal, e pode usar as fotos de 'pessoas parecidas'.

Já para o advogado, eles não são parecidos: "Não tem nada que se assemelha ao Thiago, a não ser a condição de ser uma pessoa periférica".

"Você coloca uma pessoa como um chavoso, cheio de corrente, com a camisa do Flamengo, de boné, um padrão que qualquer acusado de um crime pode ter. E se a vítima fala que foi ele?", questionou Bruno.

Bruno Santana explicou que irão registrar um boletim de ocorrência por abuso de autoridade, para prevenir e evitar que uma vítima venha a reconhecer Torres por um crime e ele vá preso por algo que não cometeu.

Embora questionada sobre o caso, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não se manifestou até o momento.

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