O crime aconteceu em setembro, onde a jovem viu seus dois amigos serem assassinados
Ana Rodrigues Publicado em 11/12/2023, às 10h53
Uma jovem, Clarissa Maria de Mendonça, foi sobrevivente de um ataque que acabou na morte de dois amigos em Londrina, norte do Paraná e falou pela primeira vez sobre como conseguiu escapar de ser assassinada.
Segundo o g1, a polícia informou que, o crime foi cometido por um stalker, que caracteriza o crime de perseguição. Clarissa concedeu uma entrevista para o Fantástico, onde falou sobre o caso.
Eu segurei a faca dele, comecei a empurrar pra trás. Prendi a mão dele assim com a faca contra a parede. Eu percebi que ele não iria me matar até que ele falasse tudo que ele tinha para me falar. Então eu falei: 'Você não vai conseguir falar tudo que tem para falar, eu tô perdendo muito sangue, eu vou desmaiar antes. Eu primeiro preciso lidar com isso para que a gente consiga ter essa conversa que você quer'. E aí foi que eu o convenci a ele me levar para a UPA", informou a jovem.
O crime ocorreu em setembro deste ano, e foi cometido por Aaron Delesse Dantas, que está preso. As vítimas foram Júlia Garbossi Silva, de 23 anos e Daniel Takshi, de 22 anos e foram mortos após o acusado invadir a casa onde estavam, no Jardim Jamaica, zona oeste da cidade.
Em nota divulgada, a defesa de Aaron disse que aguarda a realização de um exame para verificação da saúde mental do acusado.
Clarissa foi esfaqueada nas mãos e viu seus amigos serem assassinados. Ela conseguiu convencer Aaron a ir até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde contou aos médicos o que tinha acontecido.
Aaron foi preso dentro da unidade de saúde com uma faca, um canivete e o celular da jovem.
Clarissa é de Santos (SP) e foi morar em Londrina para estudar Artes Cênicas, mas acabou largando a faculdade para trabalhar. A jovem acabou conhecendo Aaron quando os dois eram funcionários do mesmo bar. Ela ainda contou que eles eram amigos, até o momento que se declarou.
Eu disse que não era recíproco, não sentia a mesma coisa. De início parecia que era algo que ia ser bem lidado, até que começou a ser invasivo comigo, mandar muitas mensagens, mensagens que fogem bastante de um contexto de amizade. E aí começou a partir para uma questão de violência, de falar: 'Estou na porta da sua casa, não vou sair até que a gente converse'", explicou a jovem.
A mulher diz que não queria iniciar um relacionamento, mas Aaron insistiu durante alguns meses. Ele foi bloqueado nas redes sociais e então começou a criar perfis falsos para chegar até Clarissa.
No dia do crime, estava tendo uma festa na casa de Clarissa - que morava com Júlia. Imagens de câmeras de segurança mostram a sobrevivente chegando com outras duas amigas às 23h.
Daniel chegou um pouco depois, por volta de 1h. Durante a madrugada, Aaron aparece se aproximando da residência e invadindo o local após pular o muro do vizinho.
A gente foi dormir, a Júlia no quarto dela, eu e o Daniel no meu quarto. Quando acordei, achei que eu estava tendo uma paralisia de sono, porque ele (Aaron) já estava em cima de mim, já estava me sufocando. E aí eu comecei a gritar: 'Júlia! Júlia!'. Ele foi pra cima da Júlia daí. Ele parou de atacar ela e veio para cima de mim", relembrou.
A Polícia Civil indiciou Aaron Dantas por duplo homicídio qualificado e por uma tentativa de feminicídio. O delegado ainda entendeu que o crime foi praticado porque ela se recusou a ter uma relacionamento amoroso com ele, onde demonstrou discriminação contrária à vítima por razões de gênero.
Porém, o Ministério Público (MP-PR), teve uma compreensão diferente e denunciou Aaron por tentativa de homicídio, e não feminicídio. A promotoria argumentou que, não houve menosprezo ou discriminação à condição de mulher e que o acusado tinha interesse amoroso pela vítima e tentou matá-la porque não foi correspondido.
O MP também denunciou o acusado por tortura e pelo crime de "stalking" que é caracterizado por perseguição a alguém.
Quando você tem um Estado processando e julgando uma pessoa que comete esse crime de 'stalker', você demonstra também pra sociedade que uma simples insistência pode levar a consequências trágicas e catastróficas", argumentou a advogada Paula Rodrigues, que defende Clarissa.
A defesa de Aaron Dantas, em nota, informa que está aguardando a realização de incidente de sanidade mental, ou seja, um exame para verificação da saúde mental dele.
A defesa ainda alegou que o laudo está pendente de autorização judicial e vai aguardar a conclusão do exame para se manifestar de maneira mais embasada e esclarecedorano processo.
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