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Anestesista preso

Enfermeiras de hospital no RJ mostram como filmaram anestesista estuprando gestante durante o parto

As imagens capturadas pelo vídeo serviram de prova para prisão em flagrante do médico

Enfermeiras contam que deixaram celular dentro de armário para filmar o médico Giovanni Bezerra - Imagem: reprodução/TV Globo
Enfermeiras contam que deixaram celular dentro de armário para filmar o médico Giovanni Bezerra - Imagem: reprodução/TV Globo

Mateus Omena Publicado em 12/07/2022, às 13h09


Enfermeiras e técnicas do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti (RJ), contaram à Polícia Civil como gravaram o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra estuprando uma grávida durante o trabalho de parto na segunda-feira (11).

O vídeo registrou o momento em que o médico de 32 anos colocou o pênis na boca da paciente dopada e forçou sexo oral. As imagens serviram de prova para que ele fosse preso em flagrante. Ele foi indiciado pelas autoridades por estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de prisão.

As enfermeiras relataram aos investigadores que Giovanni Bezerra já tinha participado de outras duas cirurgias naquela noite. As profissionais há muito tempo suspeitavam do médico, em razão de certos atos. Elas perceberam que o médico geralmente aplicava uma forte dosagem de anestesia às gestantes. Além disso, ele também manifestava uma preocupação exagerada com o local que ele ocupava durante o procedimento.

De acordo com informações do portal G1, uma das enfermeiras que trabalhavam com Giovanni Bezerra revelou à polícia que havia notado estranhos comportamentos do médico em outras cirurgias.

"Agora, ele tá com capote. Mas antes ele estava sem capote. Então dava pra ver movimentos".

Por outro lado, durante o parto da vítima de estupro na segunda-feira (11), a enfermeira acrescentou que havia notado que o anestesista estava posicionado na direção do pescoço e da cabeça da paciente, e que fazia movimentos lentos, pra frente e pra trás, e que, pela posição do braço, pareceu estar segurando a cabeça da paciente na direção da região pélvica dele.

Como ocorreu o flagrante?

As enfermeiras relataram à polícia que o estupro cometido por Giovanni Bezerra foi gravado por um celular escondido na sala de cirurgia do Hospital da Mulher Heloneida Studart.

No depoimento, elas detalharam como planejaram o flagrante e a filmagem da abuso sexual. Uma delas implantou um telefone dentro de um armário com uma porta de vidro escura, que ajudou a camuflar o aparelho do lado de fora.

O celular ficou apoiado em pé, na parte superior do armário, apontado para a mesa de cirurgia onde seria realizado o parto. Pela posição, a câmera conseguiu pegar um ângulo preciso da mesa de operação e todos os profissionais envolvidos no procedimento.

O ângulo da câmera também conseguiu capturar o momento em que Giovanni Bezerra estuprou a gestante, mostrando o anestesista como o único membro da equipe ao lado do rosto da mulher e com um pano que impede que a paciente veja seu próprio corpo. No entanto, esse tecido também bloqueia a visão da equipe médica em relação à cabeça da paciente deitada.

No vídeo, a equipe médica aparece do lado esquerdo realizando o procedimento da cesariana. Enquanto isso, do lado direito do lençol, a menos de um metro de distância dos colegas, o anestesista abre o zíper da calça, puxa o pênis para fora e o introduz na boca da grávida. O estupro dura cerca de 10 minutos. Quando ele termina, pega um lenço de papel e limpa a vítima para esconder os vestígios do crime.

Investigação

"É estarrecedor, muito reprovável, é gravíssimo que um crime desse tipo seja praticado por um profissional que lida com mulheres, que estava trabalhando dentro de um hospital destinado a mulheres", repudiou a delegada responsável pelo caso, Bárbara Lomba.

A direção do Hospital da Mulher Heloneida Studart anunciou que vai abrir uma sindicância interna para apurar as denúncias de estupro durante cesáreas feitas na unidade.

O Conselho de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) também foi notificado pela unidade de saúde e informou que abriu um processo para a expulsão de Giovanni Bezerra.

Ele prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas. As unidades de saúde estão em contato com a Polícia Civil para colaborar com as investigações.

Os investigadores agora tentam descobrir se há outras possíveis vítimas do anestesista.

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