Em entrevista exclusiva, Cravinhos falou sobre o crime e o que pensou na época do assassinato
Gabrielly Bento Publicado em 17/04/2024, às 16h28
Daniel Cravinhos, sentenciado a 39 anos por assassinar Manfred e Marísia von Richthofen se tornou manchete após uma carta que ele teria escrito a Andreas von Richthofen, irmão de Suzane e vítima da tragédia, ter sido divulgada pela coluna True Crime do jornal O Globo.
Ainda para o jornal, em entrevista ao jornalista Ullisses Campbell, Cravinhos conta um pouco mais sobre o crime, como está sua vida depois de ser preso e como era sua relação com Suzane.
Durante o interrogatório, Cravinhos foi interrogado sobre as razões por trás do homicídio que cometeu. Afirmando não haver um único motivo que explicasse tudo, ele disse: “Eu era tão idiota e imaturo na época que não tinha uma razão específica. Posso dizer que falhei não só com as vítimas, mas também com Andreas, com minha família e comigo mesmo. Se eu fosse homem e não um moleque, teria resolvido meus conflitos de outra forma.”
Sobre a hipótese de ele e Suzane terem planejado o crime devido à oposição dos pais ao relacionamento deles, Daniel foi enfático: “Isso é a maior bobagem que poderíamos apontar como motivação.”
“As razões são um conjunto de fatores que incluem paixão, possessão, irresponsabilidade, impulsividade, descontrole, inconsequência, raiva, imaturidade e cegueira. Suzane mentiu, dizendo que o pai dela deu apenas um tapa em seu rosto. A verdade é que ela sofreu uma série de agressões em casa. Não estou justificando o crime, apenas relatando um fato que testemunhei para responder melhor à sua pergunta”, disse ele.
“Depois de tanto tempo, não é mais possível sustentar essa ideia [de que fui manipulado]. Não vou minimizar o que fiz. Muito menos serei um canalha e jogarei a culpa toda para cima dela [Suzane]”, afirmou Daniel Cravinhos.
“Não sou oportunista para, nesse estágio da vida, tirar o meu corpo fora para diminuir as minhas responsabilidades. Meu maior dilema é justamente esse: como fiz algo tão terrível sem ter sido forçado por ninguém?”
Por fim, quando questionado ‘o que ele via quando se olhava no espelho’, ele respondeu. “Vejo o que as pessoas veem. Mas luto todos os dias para escapar dessa imagem refletida. É uma missão impossível. Eu matei uma pessoa brutalmente. Vou viver com isso até o fim dos meus dias. Tento superar o que fiz para viver o resto da minha vida em paz, mesmo que não mereça esse sossego. Apenas gostaria que as pessoas soubessem que não sou mais aquele jovem inconsequente que cometeu um crime. Hoje, sou outra pessoa. Quero seguir em frente do jeito que for possível”, concluiu.
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