As empresas Transwolff e a UPBus serão alvo da auditoria, ambas as empresas tem suposta ligação com o PCC
Maria Clara Campanini Publicado em 04/08/2024, às 11h35
A Prefeitura de São Paulo, contratou a fundação Carlos Alberto Vanzolini para auditar as empresas de ônibus Transwolff e a UPBus, que atual na zona sul e leste da capital.
Deste abril as empresas são investigadas por ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), as empresas estão em intervenção do Executivo após determinação judicial.
O Diário Oficial publicou a contratação nesta sexta-feira (2) pela Secretária Executiva de Transportes e Mobilidade Urbana (Setram). O preço pago a Fundação será R$ 1.540.000.
A pasta informou por meio de nota ao G1 que o objetivo é "para prestar serviços de avaliação independente dos processos de operação e gestão nas concessionárias Transwolff e UPBUS, com o objetivo de dar apoio ao trabalho das equipes dos comitês de intervenção nas duas empresas".
"As empresas citadas seguem sob intervenção da gestão municipal, por deliberação da Justiça e determinação da Prefeitura. As equipes de intervenção também já realizam as análises do cumprimento dos contratos de concessão pelas operadoras sob intervenção, priorizando a manutenção da prestação de serviço de transporte público à população", afirmou.
Operação Fim da Linha
No dia 9 de abril, o Ministério Público, Polícia Militar, Receita Federal realizaram uma operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que rendeu a prisão dos dirigentes de ambas as empresas, por suspeita de ligação com o PCC.
Foram cumpridos 52 mandados de buscas e apreensão na operação. Foram realizados na Capital, Grande São Paulo e em cidades do Interior Paulista.
De acordo com o MP, o imóvel de Luiz Carlos Efigênio Pacheco, dono da Transwolff, foi alvo dos mandados e encontraram fuzis, revólveres, dinheiro e joias. O advogado do empresário Dr. Roberto Vasco Texeira Leite disse por meio de nota "que nunca foram encontrados fuzis e drogas na residência do Sr Luiz".
De acordo com a denúncia do Grupo de Combates ao Crime Organizado (Gaeco), a prefeitura deu R$ 5,3 bilhões as empresas Transwolf e UPBus desde 2015, ano de início do contrato.
O MP realizou denúncia contra 10 dirigentes e integrantes da Transwolff e 18 integrantes da UPBus. Os suspeitos já foram aceitos como réus pela Justiça. Foram acusados de crimes com organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Lavagem de dinheiro e tráfico
A investigação durou quase cinco anos, os promotores do Gaeco reuniram indícios de que as empresas eram usadas para lavar dinheiro do tráfico de drogas e outros crimes.
Suspeitam que o crime organizado esta infiltrado dentro do transporte público de São Paulo desde 1990, quando o transporte ainda tinha perueiros clandestinos, que faziam o trajeto entre bairros afastados e terminais de ônibus.
A Prefeitura transferiu a operação das linhas para a iniciativa privada em 2003. O sistema ficou com parte em grandes empresas e itinerários outros com cooperativas. A maior Cooperpam, com sede na Zona Sul.
De acordo com o MP, com os anos, os dirigentes montaram uma empresa e passaram a pressionar e ameaçar os cooperado para que transferisse o controle da cooperativa para outra companhia, a TW ou Transwolff.
Os promotores também alegam que os diretores desviavam parte da remuneração dos cooperados.
Em 2013, dez anos após as concessões, a Transwolff conseguiu assinar contrato emergencial de concessão prorrogado durante anos.
Em 2019, quando a TCM realizou a licitação, a prefeitura assinou 32 contratos de concessão das linhas de ônibus da cidade, por 15 anos.
O MP disse que em relação ao UPBus os diretores faziam parte da cúpula do PCC, um dos donos era Anseolmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”.
Em dezembro de 2021, Anselmo foi assassinado e degolado. Sua cabeça foi deixada em uma praça de Tatuapé, Zona Leste.
Outros chefes da facção criminosa integravam a diretoria da UPBus, aponta os promotores. Dois são sócios: Alexandre Salles Brito, conhecido de Buiú, e Claudio Marcos de Almeida, o Jango. Ambos investigados por crimes graves como homicídios, tráfico de drogas, sequestros e roubo a bancos.
Para os investigadores, parente dos suspeitos entraram para a sociedade. De acordo com a investigação eles exercem funções incompatíveis com o capital investido na UPBus.
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