Uma pesquisadora e ativista trans pernambucana denunciou ter sido alvo de transfobia no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Caia Maria Coelho,
Redação Publicado em 15/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h24
Uma pesquisadora e ativista trans pernambucana denunciou ter sido alvo de transfobia no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Caia Maria Coelho, de 29 anos, relatou que estava entrando no banheiro feminino, quando foi direcionada para o banheiro de cadeirantes por uma funcionária da limpeza do terminal aeroviário, nesta segunda-feira (14).
O caso aconteceu no final da manhã, enquanto Caia aguardava um voo para o Recife, na área de embarque. Ela contou que nunca passou por uma situação desse tipo antes e precisou de alguns minutos dentro do banheiro até se recompor.
“Me senti constrangida, envergonhada. Quando saí, já estava na última chamada e apenas eu não havia embarcado ainda. Ela [a funcionária da limpeza] me coloca em um lugar de desidentificação mesmo, que é muito violento contra pessoas trans no Brasil”, afirmou Caia.
Após o ocorrido, ela denunciou o caso através de uma postagem no Twitter. “Essa situação é inadmissível em 2022”, afirmou na mensagem publicada na rede social. Até a última atualização desta reportagem, a publicação de Caia tinha mais de cinco mil curtidas e de 230 compartilhamentos.
Após ocorrido, Caia Maria Coelho fez um desabafo em rede social — Foto: Reprodução/Instagram
Além de ter sido impedida de usar o banheiro feminino, Caia disse que se sentiu mal em usar o banheiro acessível, pois alguém poderia precisar utilizá-lo naquele momento.
“Isso ainda atravessa outra questão, que é a do capacitismo. Acabei usando aquele banheiro porque eu precisava fazer xixi e embarcar logo, mas fiquei, na verdade, com muita vergonha de sair porque eu sabia que estava ali usando indevidamente”, declarou.
Após o que passou, a pesquisadora e ativista disse que não deseja a demissão da funcionária do aeroporto e pediu que sejam realizadas capacitações com funcionários e campanhas informativas.
“Me parece uma solução muito simples a demissão dessa funcionária da limpeza, enquanto o capacitismo e a transfobia são problemas da sociedade brasileira. A gente está falando de uma instituição. O aeroporto precisa se comprometer com atividades formativas e se responsabilizar com o combate à transfobia. Um papel na parede ou uma placa no banheiro já pode minimizar esses riscos”, afirmou.
Coordenadora da Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Natrap) e conselheira estadual dos Direitos da População LGBTQIA+, Caia contou que a viagem para São Paulo ocorreu exatamente para tratar dos direitos das pessoas transexuiais.
“É muito triste que a gente esteja demandando políticas públicas e a devolutiva seja assim, violenta”, declarou. Ainda de acordo com Caia, as pessoas trans precisam se sentir seguras e acolhidas, mas o que acontece no Brasil é o contrário.
Caso ocorreu na área de embarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos — Foto: Celso Tavares/G1
“Existe um conjunto de espaços que são negados para pessoas trans no Brasil. A escola é um espaço, o trabalho formal é um espaço, o banheiro é outro espaço, então isso resulta no isolamento social das pessoas trans, porque a gente percebe que o ambiente público, a cidade, não é um lugar acolhedor”, disse.
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G1
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