Emparedado na instituição que dirige, o procurador geral de justiça, chefe do Ministério Público, será sabatinado na Câmara dos deputados, em Brasília
Jair Viana Publicado em 07/09/2023, às 17h26
A Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos deputados convocou audiência pública para debater um tema que tem acabado com a relação entre servidores do Ministério Público de São Paulo e o chefe do órgão, o procurador geralde justiça, Mário Luiz Sarrubbo. O assunto da audiência é o assédio moral e sexual, que em entrevista ao Diário, o procurador admitiu como uma realidade na instituição. O encontro será no próximo dia 28 de setembro.
O encontro para debater o assédio será em Brasília. O evento tem o MP paulista como a insituição onde o número de assédios é o maior do país. Sarrubo estará ao lado do procurador geral da República, Augusto Aras. A Federação da categoria também foi chamada. Representantes do Conselho Nacional do Ministério Público e do Conselho Nacional de Justiça estarão presentes.
A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) provocou a discussão do assunto depois dos casos que vieram à tona, especialmento do MP de São Paulo. O PGJ paulista terá que encontrar argumentos para o número de casos registrados sob seus olhos.
Há relatos de casos graves que ocorreram no prédio do MP paulista, no Centro da cidade. Uma servidora que relata ataques de assediador sexual, em videoconferência, conduzida pelo corrregador geral do Ministério Público, Motauri Ciocchetti Souza, foi pressionada por Motauri, por longo período.
Durante a vídeoconferência, Motauri insistiu para a servidora "entregasse" duas promotoras que teriam pedido para a vítima esquecer o caso. Em momento algum o corregador quis saber sobre o agressor. A reunião virtual foi tensa ao ponto de a servidora dizer que não revelaria absolutamente nada e, sem meias palavras revelou o motivo: "Eu não confio". Ela não confia na chefia do MP e no corregedor. Não sentiu segurança.
Outro caso revelado neste mês pela reportagem envolve outra servidora. Ela contou que sofreu pressão da chefia da seção em que trabalhava. Segundo ela, várias pessoas pediram para sair do setor em razão dos ataques que sofriam.
Além dos casos dos casos de assédio sexual e moral, MP paulista tem sido palco de cenas trágicas com ao menos três casos de suicídio de servidores estressados, presionados, humilhados e com sobrecarga de trabalho.
Um deles, saltou do andar onde trabalhava. "Até hoje o ambiente é sombrio e nos faz lembrar o tempo todo do caso de nosso colega", contou um servidor ouvido nesta segunda-feira (5), em frente ao prédio da instituição, na Rua Riachuelo, 115.
Outro servidor disse que é prática comum entre membros (procuradores e promotores) do MP, o tratamento rude a servidores. "Eles se acham pertecentes a uma casta superior ", disse, sob anonimato.
O encontro marcado para o dia 28 deste mês, a partir das 9 horas, segundo a assessoria da deputada Luciene Cavalcante, servirá para que a Comissão decida sobre ações a serem implementadas para combate efetivo do assédio.
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