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Cultura

Prefeito de SP decreta luto oficial de 3 dias pela morte do dramaturgo Zé Celso

O ator e dramaturgo morreu na manhã desta quinta-feira (6), após ser vítima de um incêndio

Ator, diretor e dramaturgo Zé Celso - Imagem: reprodução/Teatro Oficina
Ator, diretor e dramaturgo Zé Celso - Imagem: reprodução/Teatro Oficina

Mateus Omena Publicado em 06/07/2023, às 18h18


O prefeito Ricardo Nunes (MDB) decretou luto oficial de 3 dias na cidade de São Paulo pelo falecimento do ator, diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, morto na manhã desta quinta-feira (6).

No decreto, Nunes ressaltou a “relevância e singularidade da trajetória do dramaturgo, diretor, ator, encenador e escritor brasileiro José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, cuja atuação revolucionou as artes cênicas brasileiras”. 

A tragédia

Segundo a TV Globo, Zé Celso tinha sido internado na última terça-feira (4) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas de São Paulo após um incêndio em seu apartamento, no Paraíso, Zona Sul da capital paulista. 

O artista teve 53% do corpo atingido por queimaduras, ficou sedado, entubado e com ventilação mecânica.

Também estavam no apartamento Marcelo Drummond, marido de Zé Celso, Ricardo Bittencourt, Victor Rosa e o cachorro Nagô. Os três, incluindo Nagô, ficaram em observação por terem inalado muita fumaça.

Quem era Zé Celso

José Celso Martinez Corrêa, conhecido apenas por Zé Celso, nasceu em Araraquara, interior paulista, em 1937.

Ele é famoso pelo modo excêntrico e ousado de montar suas peças de teatro e provocar e interagir com a plateia. Fez história ao criar uma arte experimental, política e sensorial, que sempre dialogou com seu tempo e outras manifestações artísticas, como a música, a poesia e o audiovisual.

Zé Celso também é lembrado no universo teatral por levar o modernismo e o tropicalismo para a dramaturgia brasileira.

Em junho, o artista se casou com Marcelo Drummond, de 60 anos. Com ternos brancos, o casal oficializou a relação de quase 40 anos em uma cerimônia no Teatro Oficina Uzyna Uzona, sede da companhia teatral criada pelo dramaturgo na região central de São Paulo.

Ele começou a carreira no final da década de 1950 com duas peças de sua autoria: "Vento Forte para Papagaio Subir" e "A Incubadeira". Sua influência artística foi além dos palcos, aparecendo também em obras do cinema, como “O rei da vela” e “25”.

Com base em experimentações e constante desejo de renovação, Zé Celso provocou atores e público, criando um teatro mais sensorial, sempre guiado pela realidade política e cultura do país.

Zé Celso estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde participou do Centro Acadêmico. O diretor não concluiu o curso, mas foi durante seu período universitário que fundou o Grupo de Teatro Amador Oficina, no final da década de 1950.

O dramaturgo também se destacou com suas montagens de criações coletivas. Em 1961, o grupo ganhou uma sede na Rua Jaceguai, no Centro de, e se profissionalizou, se tornando o tradicional Teatro Oficina.

Desde 1982, o Teatro Oficina é tombado como patrimônio histórico. A construção foi projetada pela arquiteta Lina Bo Bardi, que também assina o projeto do Museu de Arte de São Paulo (Masp). A companhia Teatro Oficina é considerada uma das mais longevas em atividade no Brasil.

Em 1964, Zé Celso lançou a peça Andorra, que marcou sua transição do realismo para um teatro com uma postura mais crítica, inspirada no teatro épico do dramaturgo alemão Bertolt Brecht.

Nessa época, Zé Celso viajou para a Europa para aprofundar seus estudos sobre Brecht. Anos após sua volta, o diretor levou o texto do alemão “Galileu Galilei” para os palcos do Oficina.

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