Diário de São Paulo
Siga-nos
APAGÃO

Plano emergencial falha e Enel enfrenta cobranças após apagão em São Paulo

Aneel afirma que a concessionária não cumpriu o plano emergencial acordado para situações extremas

Concessionária não atendeu ao plano de contingência - Imagem: Reprodução / Abraão Cruz
Concessionária não atendeu ao plano de contingência - Imagem: Reprodução / Abraão Cruz

Sabrina Oliveira Publicado em 14/10/2024, às 09h27


Após o forte temporal que atingiu São Paulo na última sexta-feira (11), mais de 500 mil imóveis seguem sem energia, gerando revolta em moradores e pressão por parte das autoridades. A Enel, responsável pela distribuição de energia na capital e Região Metropolitana, é acusada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de não ter cumprido o plano de contingência acordado, mobilizando menos equipes do que o necessário para lidar com a crise.

A Aneel informou que o plano emergencial aprovado exigia a mobilização de 2.500 funcionários, mas apenas 1.700 agentes foram enviados às ruas desde o início dos reparos. "A Enel não está atendendo às expectativas previstas para esse tipo de situação", declarou Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel, durante coletiva no domingo (13).

A demora para o restabelecimento do serviço aumenta a frustração de moradores, especialmente em bairros como Campo Limpo, Jabaquara e Jardim São Luís. "Estamos sem energia há quase três dias e não conseguimos nem contato para abrir uma reclamação", relatou Marina Costa, moradora da zona sul.

A Aneel anunciou que abrirá uma investigação formal para apurar as falhas operacionais e avaliar se a Enel cumpriu com as obrigações contratuais. Se irregularidades forem confirmadas, a concessionária poderá ser multada ou até ter o contrato de concessão revisado.

Além disso, o diretor-presidente da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), Thiago Nunes, destacou a lentidão na retomada do serviço. "No último grande apagão, 60% dos consumidores foram reconectados em 24 horas. Desta vez, esse patamar só foi alcançado após 48 horas, o que é preocupante", comparou Nunes.

A falta de energia também comprometeu o abastecimento de água em várias áreas da capital e da Grande São Paulo, afetando o funcionamento de bombas da Sabesp. Em hospitais, a Enel disponibilizou 500 geradores para mitigar os impactos, mas diversos estabelecimentos comerciais permanecem fechados por falta de luz.

Estamos atendendo com luz de velas, mas se a situação continuar assim, teremos que fechar", comentou o gerente de um restaurante em Pinheiros.

Durante a coletiva, o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, afirmou que as rajadas de vento de 107 km/h surpreenderam a equipe e dificultaram o trabalho em campo. "O evento foi além do previsto, mas estamos aprendendo para melhorar nossa resposta no futuro", declarou.

Apesar das críticas, Lencastre garantiu que a partir desta segunda-feira (14) mais 400 funcionários de outras companhias de energia serão mobilizados para reforçar os reparos na rede. No entanto, ele evitou dar um prazo específico para o restabelecimento total da energia. "Estamos trabalhando sem descanso para reconectar nossos clientes o mais rápido possível."

Compartilhe