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Violência contra animais

Crueldade: organização de pesquisa americana maltratava e sacrificava centenas de cães Beagles, diz jornal

As autoridades agora têm cerca de dois meses para encontrar lares para os cães

Cães beagles em caminhão para serem enviados a abrigos nos EUA - Divulgação/Homeward Trails Animal Rescue
Cães beagles em caminhão para serem enviados a abrigos nos EUA - Divulgação/Homeward Trails Animal Rescue

Mateus Omena Publicado em 12/07/2022, às 16h30


Uma investigação do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) descobriu que uma organização de pesquisa violou dezenas de regulamentos nos cuidados de cerca de 4 mil cachorros da raça beagle e muitos outros.

Os animais eram maltratados e cruelmente sacrificados pelos funcionários do local. As autoridades agora trabalham para resgatar os filhotes.

O caso foi revelado pelo jornal americano New York Times, que apontou que os inspetores do departamento do governo visitaram a instalação da Envigo, centro de criação e pesquisa de animais, em Cumberland, no ano passado e encontraram uma fêmea de beagle desidratada, ferida e com uma pata presa em um piso de má qualidade por muito tempo.

No entanto, os funcionários do estabelecimento alegaram não saber das condições da cadela.

Por outro lado, outra inspeção da pasta descobriu que nove beagles feridos foram sacrificados em vez de receber cuidados veterinários.

Mais tarde, os investigadores revelaram que cerca de 196 beagles que precisavam ser sacrificados não receberam anestesia antes da morte.

Uma apuração apontou que, nos últimos dois anos, ocorreram dezenas de violações de regulamentos federais sobre o cuidado de animais no estabelecimento da Envigo. O relatório indicou que os beagles foram encontrados desnutridos, doentes e feridos. Alguns deles estavam mortos.

Em 18 de maio, o inspetor geral do USDA e outras agências de proteção animal executaram um mandado de busca, de ordem federal, da instalação e apreenderam 145 cães e filhotes. Segundo os veterinários designados para o caso, os animais estavam em “sofrimento agudo”.

Na semana passada, um juiz federal aprovou um plano para resgatar cerca de 4 mil beagles da instalação.

Investigações

Em um comunicado feito na última sexta-feira (8), a Envigo declarou que seu trabalho com animais é voltado para as indústrias farmacêutica e biotecnológica. Mas, em virtude das investigações, concordou com a transferência dos cães para outros abrigos, sob os cuidados de veterinários.

A empresa alegou em seu site que cria “animais saudáveis ​​e bem socializados” que são vendidos para pesquisa e possui uma licença emitida pelo USDA para suas operações. Apesar da polêmica, a empresa disse, em junho, que o fechamento da sua instalação em Cumberland equivaleria a menos de 1% de sua receita total.

As inspeções do local começaram em julho de 2021, depois que a Envigo adquiriu o estabelecimento. No entanto, as autoridades federais afirmaram que a empresa é responsável por um longo histórico de maus-tratos de animais, entre eles os beagles.

Os inspetores encontraram os cães confinados em um espaço exíguo, onde viviam próximos de montes de fezes. Além de serem mal alimentados e viverem em um ambiente insalúbre e sem ar condicionado.

De acordo com a denúncia, de 1º de janeiro de 2021 a 22 de julho de 2021, as mortes de mais de 300 filhotes de beagle na instalação foram atribuídas a “causas desconhecidas”.

As violações tiveram uma grande repercussão pelo país e levaram a deputada Elaine Luria, do partido Democrata, e seis outros membros do Congresso a enviar uma carta em fevereiro ao Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal do USDA, pedindo que a agência suspendesse a licença da Envigo ou confiscasse os animais.

Em março, 446 beagles Envigo foram colocados sob os cuidados de lares adotivos e abrigos em vários estados dos EUA. Apesar de representarem um número elevado, eles ainda são uma fração dos milhares a serem soltos ainda este ano.

Por enquanto, os esforços das autoridades e de ONGs priorizam o resgate de filhotes ou cadelas grávidas e lactantes, pois podem ser socializadas desde tenra idade.

A Envigo não comentou as alegações da denúncia federal.

Nova vida

Agora, as autoridades federais têm cerca de 60 dias para retirar os beagles das instalações e encontrar novos lares para eles.

Os cães estão sendo colocados aos cuidados da ONG americana Humane Society. Se tudo correr bem, os cães poderão chegar a novos lares no final de agosto, depois de serem esterilizados ou castrados, vacinados e tratados para quaisquer condições de saúde.

Em entrevista ao New York Times, Mary Hunter Gallalee, professora aposentada, disse que se candidatou para adotar dois beagles. Ela os aguarda para criá-los em sua fazenda em Prospect, na Virgínia, e está animada, pois já cuidou de cães dessa raça antes.

“Eles são amigáveis, felizes e sabem como aproveitar a vida”, disse. “Eles adoram abraçar, mas depois dão sinal de: 'OK, terminei' e vão brincar no quintal da fazenda”.

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