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BRICS

Talibã intensifica esforços para se integrar ao Brics às vésperas da cúpula em Kazan

Grupo afegão encaminhou pedido formal à Rússia e busca reconhecimento econômico e político no cenário global

Talibã busca participação no Brics enquanto tenta legitimação internacional - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @AFPnews
Talibã busca participação no Brics enquanto tenta legitimação internacional - Imagem: Reprodução | X (Twitter) - @AFPnews

por Marina Milani

Publicado em 21/10/2024, às 19h57


Às vésperas da cúpula do Brics, que ocorrerá nesta terça-feira (20) em Kazan, na Rússia, o Talibã, que tomou o controle do Afeganistão em 2021, tem intensificado seus esforços para se integrar ao grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Embora o Talibã não seja reconhecido oficialmente por nenhum país, inclusive a Rússia, o porta-voz adjunto do grupo, Hamdullah Fitrat, destacou a importância de sua presença em fóruns econômicos internacionais como o Brics. Um pedido formal foi encaminhado ao vice-premier russo, Yuri Ushakov, mas a decisão sobre a participação afegã depende da aprovação unânime dos membros do bloco.

O movimento talibã tem como objetivo três metas principais com essa aproximação à Rússia: obter reconhecimento internacional, evitar discussões sobre violações de direitos humanos e consolidar a Rússia como uma aliada estratégica. Apesar de estar listado como uma organização terrorista pela Rússia desde 2007, ambos os países têm mantido canais de diálogo. O comércio entre Afeganistão e Rússia atingiu US$ 1 bilhão em 2023, refletindo um crescimento nas relações econômicas. Embora as diferenças ideológicas sejam evidentes, o governo russo adota uma postura pragmática, sinalizando a possibilidade de rever o status do Talibã como organização terrorista, caso o grupo implemente um governo inclusivo e promova melhorias nas questões de direitos humanos.

O Talibã também é visto como um aliado na luta contra o Estado Islâmico do Khorasan, uma ameaça à segurança regional. O pedido para participar da cúpula do Brics reflete a estratégia do grupo de evitar o isolamento internacional, enquanto busca legitimar seu governo e atrair parcerias econômicas e políticas. 

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